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57 titles
- DirectorWes CravenStarsEddie MurphyAngela BassettAllen PayneA Caribbean vampire seduces a Brooklyn police officer who has no idea that she is half-vampire.[Mov 02 IMDB 4,3/10 {Video/@} M/27
UM VAMPIRO NO BROOKLYN
(Vampire in Brooklyn, 1995)
"Vampiro que passa a viver no Brooklyn, se apaixona por uma policial que está justamente investigando as mortes que ele provoca,terror e humor juntos. Murphy faz mais de um personagem como de costume, mas dessa vez até que ele está bom. A comédia está na situação de ser mais perigoso morar em tal bairro do que se deparar com um vampiro. Por mais que seja um pouco forçado, garanto que até o vampiro do Eddie Murphy, para mim, é melhor do que muito vampirozinho por aí que brilha no sol em vez de morrer, dá para passar o tempo e dar algumas risadas." (Nathalia Ranhel)
Top 200#192 Cineplayers (Bottom Usuários)
Eddie Murphy Productions Paramount Pictures
Diretor: Wes Craven
14.470 users / 589 face
Soudtrack Rock = UB40 + Prince
Check-Ins 94
Date 13/10/2012 Poster - ## - DirectorChandran RutnamStarsBen KingsleyBen CrossPatrick RutnamA terrorist plants several bombs throughout the city of Colombo, Sri Lanka and threatens to detonate them unless prisoners are released.[Mov 07 IMDB 4,7/10] {Video/@@}
UM HOMEM HOMEM
(A Common Man, 2013)
''Um homem misterioso (Ben Kingsley) espalha bombas por toda a cidade de Colombo, no Sri Lanka. Ele ameaça detonar os explosivos, caso o governo não liberte quatro terroristas aprisionados." (Filmow)
''O filme: um homem misterioso (Ben Kingsley) planta diversas bombas na cidade de Colombo, no Sri Lanka, e ameaça detoná-las. Em contato com o Chefe Geral de Polícia local (Ben Cross), ele negocia a liberação das bombas ao pedir que quatro grandes terroristas sejam imediatamente libertados da prisão. Um confronto ideológico e mortal entre a verdade e o dever está criado. Porque assistir: se você é interessado em filmes sobre o terrorismo e/ou é fã de Ben Kingsley, Oscar de melhor ator por Gandhi (1982). Ou gosta de filmes trash. Melhores momentos: a virada ética do personagem misterioso, um discurso de intenções (que acaba um pouco longo demais) e a cena final (apesar de pouco provável), num embate visual e de saída sutil para fechar a obra. Pontos fracos: não sei nem por onde começar, devido o tamanho do desastre que é o resultado final – e maior até que a explosão que abre o filme de clima televisivo. A trilha sonora, que insiste em aparecer a cada segundo, é irritante; O roteiro é tosco, repleto de situações mambembes, de elenco e atuações constrangedoras. As cenas de ação são algo meio Trapalhões e os personagens (como o hacker, os terroristas bizarros e a repórter – que atende um celular ao vivo, no ar!? entre outras coisas) meio Zorra Total; O que poderia ser um bom filme (e incomum) sobre o terrorismo, acaba por findar numa comédia involuntária totalmente patética. E na abertura eu jurava que era um filme super sério. Na prateleira da sua casa: exceto pela interpretação de Ben Kingsley e alguma vontade de Ben Cross, o filme é um grande festival de amadorismo. Inaceitável." (Daniel Herculano)
Asia Digital Entertainment Asia Digital Entertainment Gemini Industries Imaging
Diretor: Chandran Rutnam
1.656 users / 892 face
Check-Ins 606
Date 23/06/2014 Poster - ## - DirectorMario MonicelliStarsAlberto SordiShelley WintersVincenzo CrocittiA meek middle-aged man finally takes justice into his own hands.[Mov 07 IMDB 8,1/10] {Video}
UM BURGUÊS MUITO PEQUENO (unofficial)
(Un Borghese Piccolo Piccolo, 1977)
''Um modesto funcionario está próximo da aposentadoria. Decide ingressar na loja maçônica que pertenece o seu chefe para, deste modo, ganhar o seu respeito e conseguir que o seu filho venha a trabalhar no mesmo ministério que o dele." (Filmow)
Auro Cinematografica
Diretor: Mario Monicelli
1.219 users / 102 face
Check-Ins 589
Date 29/07/2014 Poster - - DirectorAlfred HitchcockStarsCarole LombardRobert MontgomeryGene RaymondA couple who have been married for three years are shocked to learn that their marriage is not legally valid.[Mov 05 IMDB 6,5/10 {Video/@@@@}
UM CASAL DO BARULHO
(Mr. & Mrs. Smith, 1941)
"Possivelmente o pior Hitchcock. Não por ser uma comédia, mas sim por termos que aguentar uma personagem intragável, Ann Krausheimer Smith, durante 90 minutos. Ela tira a pouca graça que as piadas teriam." (Alexandre Koball)
"Um Hitchcock completamente descaracterizado, sem jeito para a comédia romântica, onde é pouco possível reconhecer o talento do cineasta. Da fase americana, deve ser o seu pior filme." (Vlademir Lazo)
Extremamente genérica, esta comédia romântica não tem a marca de Hitchcock.
''Ouso afirmar: este é o filme que traz menos características do traço autoral de Hitchcock. Não fosse seu nome ser visto nos créditos de abertura, dificilmente seria possível imaginar que foi ele o diretor. Afinal, ''Um Casal do Barulho'' (que título!) não passa de uma comédia romântica ordinária, típica dos anos 40, que poderia ter sido dirigida por Leo McCarey, George Cukor ou Ernst Lubitsch sem nenhuma diferença significativa. A história não é das mais originais: um casal, que vive em meio a constantes brigas, descobre que não está legalmente casado. Ele, que era menos convicto do casamento, quer oficializar a união novamente, mas ela não aceita e resolve aproveitar a vida. É claro que o homem se desespera e faz de tudo para reconquistar sua esposa. È sempre em cima desse conflito que gira o filme – quer dizer, o conflito aumenta um pouco no momento em que o sócio do homem entra na disputa pela mulher, uma solução artificial e nada verossímil. O roteiro não traz momentos especialmente criativos ou engraçados. Talvez uma ou duas cenas em que se possa dar umas risadas, um nível razoavelmente bom de diálogos e uma história previsível e pouco inspirada. É provável que seja o suficiente para manter a atenção do público e agradá-lo de forma leve e fugaz. Nada mais que isso. Embora a - mais bela que charmosa - Carole Lombard se esforce em seduzir a simpatia do público, seu parceiro de tela complica a tarefa. Robert Montgomery não passa de um bobo, cujo sorriso o espectador não agüenta mais ver ao fim da produção. Seu desempenho beirando o caricato é mais um fator que afeta o resultado final. No entanto, não é filme para ser jogado fora: ''Um Casal do Barulho'' funciona como diversão descompromissada, serve como entretenimento ligeiramente acima da média. Mas deve ser visto sem a esperança de encontrar um Hitchcock. O diretor talvez se mostre em uma cena ou duas no máximo. O filme, de resto, é produto genérico." (Rodrigo Rosp)
''Um Casal do Barulho'' marca a primeira e única vez que Hitchcock aceitou dirigir um filme apenas para fazer um favor a uma atriz amiga sua. Ela atende pelo nome de Carole Lombard, mulher de Clark Gable, o eterno Rhett Butler de …E O Vento Levou. A decisão se mostrou equivocada eventualmente: por ser uma comédia, gênero que o Mestre tinha pouca experiência, o resultado foi um filme quase sem graça, e que não consegue se sustentar durante a sua hora e meia de duração. Hitch deveria saber onde estava se metendo, já que as suas experiências com a comédia no passado não haviam dado tão certo assim. Se A Mulher do Fazendeiro tinha lá seu charme, Champagne, que era pra ser uma comédia mais escrachada, foi uma bela de uma bomba. Tudo bem, uma das marcas registradas do cineasta é o humor, mas este é usado geralmente como alívio cômico entre cenas de grande tensão. As curtas sequências cômicas de Hitchcock são geniais, mas o Mestre nunca conseguiu fazer um filme em que o riso era o elemento principal. Talvez O Terceiro Tiro possa ser considerado uma comédia de humor negro, mas o bom e velho suspense também está presente em igual proporção nesta obra. Afinal, depois do desastre que foi ''Um Casal do Barulho'', é certo afirmar que Hitch nunca mais quis dirigir uma comédia. Da sua fase americana, esse figura entre os seus piores filmes. A premissa, como a maioria das obras do diretor, é extremamente simples: um casal descobre que não está legalmente casado. David (Robert Montgomery) chega a se divertir com a situação inusitada, mas sua esposa, Ann (Carole Lombard) não acha a menor graça. O conflito entre os dois acaba separando-os de verdade, embora ambos ainda se amem. Essa screwball comedy (que é caracterizada por temas relacionados ao casamento e situações exageradas), de comedy tem pouco. Um pouco do humor envelheceu muito mal, um tanto maior não tem a mínima graça (provavelmente até mesmo para as plateias da época), restando apenas algumas sequências engraçadinhas, como a auto-violência de David em um restaurante, e a visita do casal a um bar pra lá de decadente. Sim, não há sequer uma cena que seja hilariante, que afinal, é o que se busca em comédias, não? Se o seu objetivo é conferir comédias divertidas das antigas, então é melhor assistir a um Chaplin (e, além de rir, provavelmente você ainda vai ter a oportunidade de refletir sobre algum fato da vida, algo que simplesmente não existe em ''Um Casal do Barulho''). Mas não é só pela falta de graça que ''Um Casal do Barulho'' não funcione, embora este seja o motivo principal. A evolução da narrativa simplesmente não convence pela sua mesmice, anormal em filmes de Hitchcock. Novos personagens são apresentados, outras situações são inseridas para fazer o roteiro andar, mas a situação permanece a mesma: David quer desesperadamente voltar a viver com Ann, enquanto esta está irredutível, cogitando até se casar com outro homem. Durante mais de uma hora, é apenas esse tipo de conflito toma-lá-dá-cá que é apresentado, empobrecendo a produção e contribuindo para que o espectador se canse logo. Outro problemão da história são os personagens, ou melhor, uma personagem. Enquanto David comporta-se de maneira normal durante todo o longa (com exceção do final – mais sobre isso abaixo), tentando reaver a sua ex-futura esposa, Ann se mostra totalmente irracional. Em vez de dialogar com o companheiro, ela prefere ignorá-lo, encontrando-se com outros homens e ficando noiva de um deles. E isso tudo enquanto ela ainda está apaixonada por David! Alguém me explica as motivações dessa mulher, pelo amor de Deus? Alguém pode dizer que era para causar ciúme em David, mas como fazer isso se ela nem ao menos o procurou para mostrar que estava comprometida? Se dependesse dela, o marido jamais saberia com quem ela se encontrava após a separação. Ele só fica sabendo de tudo que ela faz por não parar de segui-la. Os espectadores de hoje (e os que tinham bom senso na época) ainda encontrariam outro motivo para odiar não só Ann, mas David também: em uma das últimas cenas, ele agride a mulher, dando uma chave de braço (Isso Mesmo! Um golpe de luta livre) nela. Se essa cena por si só já é deplorável, o que vem a seguir é um absurdo sem tamanho: Ann o Elogia por ele ser um homem e lutar por ela! Não dá pra engolir uma cena dessas, até porque o último ato é muito apressado, com o conflito se encerrando quase que tão rapidamente quanto começou. O que torna ''Um Casal do Barulho'' suportável é apenas a atuação de Robert Montgomery e Carole Lombard, intérpretes que esbanjam charme e carisma (o que é um elogio enorme à Lombard, já que sua personagem é intragável. Ela fez milagres com essa Ann, sinceramente…). É também uma oportunidade de conferir um dos últimos trabalhos desta atriz, que morreria um ano depois, em decorrência de um desastre aéreo. Ela tinha apenas 33 anos. Tragédias à parte, o filme foi um revés na carreira de Hitchcock, e talvez por isso ele demoraria a filmar algo que não fosse um suspense. Mas uma coisa é certa: ele nunca mais aceitou convites de atores ou atrizes para dirigir um filme." (Cine Análise)
RKO Radio Pictures
Diretor: Alfred Hitchcock
6.021 users / 289 face
Check-Ins 98
Date 09/10/2012 Poster - #### - DirectorAlain GuiraudieStarsPierre DeladonchampsChristophe PaouPatrick d'AssumçaoSummertime. A cruising spot for men, tucked away on the shores of a lake. Franck falls in love with Michel, an attractive, potent and lethally dangerous man. Franck knows this but wants to live out his passion anyway.[Mov 07 IMDB 6,9/10] {Video/@@@@} M/82
UM ESTRANHO NO LAGO
(L'Inconnu du Lac, 2013)
"Na praia de "Um Estranho no Lago, cada um que chega é um espetáculo para os homens deitados nas pedras ou sentados nas toalhas. É como se cada espectador fosse também um espetáculo.No entanto, nós é que somos introduzidos a esse estranho mundo homossexual, onde rapazes e homens maduros passeiam pelados pelo bosque ao lado, em busca de um companheiro ou apenas para se masturbar. Mas, não nos enganemos, não é um filme gay. Este mundo gay em que somos a um tempo os curiosos e o objeto de curiosidade, embora descrito com precisão (e sem pudor) é apenas o pano de fundo deste thriller. Nele, destacam-se três personagens. Franck é um jovem que se sente atraído por Michel. E vice-versa. Mas Michel tem um amigo ciumento. Para satisfazer seu desejo e se aproximar de Franck, Michel o afoga. O quarto personagem da trama é Henri: o solitário gordo e triste com quem Franck faz amizade na praia. Até o assassinato, o filme fixa-se no universo homossexual, sua diversidade e particularidades. Daí por diante, Alain Guiraudie, o autor deste filme, restitui à praia o caráter de estranhamento que experimentamos nos primeiros momentos. No começo não há mistério: Franck vê o crime e não se opõe. Graças a ele poderá aproximar-se de Michel. Aos poucos, no entanto, alguns elementos vão se encontrando para evocar os grandes thrillers do passado. Aqueles em que o mal se insinua, quase disfarçadamente, para adquirir uma presença cada vez mais opressiva. Estamos num território atual, mas ali também o passado se insinua: são os personagens de Hitchcock (quem: o tio sinistro de A Sombra de uma Dúvida, o psicopata de Pacto Sinistro?). Ou de Fritz Lang (com a malícia e as mudanças de tom de Suplício de uma Alma)? Talvez mais que todos ele nos lembre o pastor celerado de O Mensageiro do Diabo, de Charles Laughton, com as palavras amor e ódio inscritas nos dedos. Aqui não há marcas desse tipo, mas tudo também gira em torno de duas palavras: desejo e morte. Pensando bem, essa história de sexo, morte e terror, também não passa tão longe assim de O Império dos Sentidos, de Nagisa Oshima." (* Inácio Araujo *)
Guiraudie investiga o abismo do desejo carnal e volta de lá com um dos grandes filmes do ano.
"Talvez não caiba uma análise sobre o que o diretor Alain Guiraudie definiu como tema por aqui. Afinal tudo é muito claro em motivações e mensagens, apesar de importantíssimas e cada vez mais atuais. Analisar sua voz talvez não seja tão necessário quanto analisar seu corpo, enquanto artista e autor. Porque no fim das contas o que vemos sendo construído é grande cinema pra onde se olha. No frigir dos ovos, a trama do filme cabe num resumo bem rápido. Mas como todo grande filme, o que importa é a forma de filmá-la. E Guiraudie, que sempre passeou pela importância da identidade sexual e das questões de gênero, transforma o que seria a princípio uma absurda provocação gay num libelo sobre o poder das escolhas individuais. Quanto mais o protagonista Franck se embrenha nas suas arriscadas decisões, maior fica o painel sobre a sociedade homossexual nos dias de hoje em particular, e sobre a desenfreada busca pela felicidade a qualquer preço (ai sim, sem qualquer questão de gênero) de maneira generalizada. Trabalhando com um elenco de novatos ou desconhecidos, o diretor encontrou pérolas em matéria de atores como Patrick D'Assumpcão, e além disso ainda corre léguas a frente de seus longas anteriores com um bem azeitado flerte com um gênero cinematográfico tipicamente hollywoodiano, o thriller, mas trabalhando com o que de melhor seu talento poderia oferecer. Fotografia soberba, montagem sensacional, e a capacidade de transformar cada segundo numa montanha russa de desejo, medo e instabilidade emocional, Um Estranho no Lago é um dos mais bem sucedidos trabalhos de mise-en-scène do ano. Se imageticamente vemos situações eróticas semi-explícitas, elas servem justamente para nos colocar no lugar de Franck, distraindo nossa libido para encobrir a próxima gota, se suor ou sangue. Mas a produção do diretor Guiraudie não é uma festa fechada ao público gay. Franck é jovem, homem e procura. Como eu, você e o resto do mundo, tem sede. Antes de encontrar, Franck se permite tentar, talvez ousar. E Franck acha, não uma possibilidade, mas duas. Dois caminhos diametralmente opostos em busca do mesmo desfecho. Pedras estão por todos os lados, mas o difícil será escolher entre a tranquilidade da paz e a excitação da guerra. Franck finalmente acha o que procurava, duas vezes... abrir mão do outro. Essa tarefa só é possível pra quem está disposto a olhar além de si mesmo e analisar um futuro que pode até não existir. Alain Guiraudie conjuga todos esses verbos (e muitos outros) num show de narrativa e construção dramática, e o faz de maneira perfeita. Tudo isso a beira de um lago, onde todos os sentimentos serão testados, onde toda entrada de cena traz um elemento novo, onde tudo pode ser a ultima vez. E será. A propósito, Franck é gay. Tem medo do inseguro e dos fantasmas ao seu redor. Não quer ficar só... quem de nós quer? Taí a universalidade do filme." (Francisco Carbone)
"Não há efeito choque pois é óbvio que o filme não foi feito para o grande público, porém independentemente da gratuidade do sexo apresentada (que, aliás, é um dos temas), Um Estranho no Lago funciona magnificamente bem como suspense." (Alexandre Koball)
"Guiraudie propõe um desafio hardcore ao espectador: sentir na pele, vivenciar visceralmente o híbrido de tesão e medo que estimula o protagonista, envolvido em um arriscado jogo por prazer completamente vulnerável ao risco. Thriller muito forte." (Daniel Dalpizzolo)
"Forte visualmente e psicologicamente abalável. O final é arrebatador, resume bem vários e vários relacionamentos onde nos perguntamos: "por que diabos essas pessoas continuam juntas?". Resposta simples, mas complexa." (Rodrigo Cunha)
"Um anti-thriller, cruzamento do estilo de Chabrol com Clement, em que tudo é mostrado ao espectador, do sexo à própria identidade do assassino, com o foco mais na psicologia dos personagens do que na trama em si. Bom e corajoso filme." (Régis Trigo)
"O espaço à beira do lado e do bosque como uma floresta encantada, um paraíso livre que reencena uma nova versão da queda pelas mãos de um anjo caído e tomando as proporções de um filme de suspense." (Vlademir Lazo)
"Há um tom onírico de paraíso proibido, dominado pelo prazer e pela beleza, e se transforma num grande suspense sobre o medo ligado ao prazer - no fim, uma metáfora da sexualidade dos personagens. Finalmente um filme gay livre dos lugares-comuns." (Heitor Romero)
"Medo, solidão, medo da solidão... Guirardie é corajoso em explorar tais temas em um filme tido como gay, explícito, o expandindo pela sensibilidade com que explora os dramas dos protagonistas, aparentes estereótipos que vão se revelando em duras camadas." (Rodrigo Torres de Souza)
2013 Palma de Cannes
Les Films du Worso Arte France Cinéma M141 Productions Films de Force Majeure Cinémage 7 Soficinéma 9 Arte France Centre National de la Cinématographie (CNC) Région Provence-Alpes-Côte d'Azur
Diretor: Alain Guiraudie
7.392 users / 1.856 face
Check-Ins 620 26 Metacritic
Date 02/07/2014 Poster - ###### - DirectorVincente MinnelliStarsTony CurtisDebbie ReynoldsPat BooneWomanizing Charlie is shot by an angry husband and falls in the sea. He arrives home after his memorial as a cute, amnesic woman. His old friend helps her/him.[Mov 08 IMDB 6,1/10 {Video}
UM AMOR DO OUTRO MUNDO
(Goodbye Charlie, 1964)
''Uma excelente comédia estadounidense sobre Charlie, um don juan que se vê assassinado por um marido ciumento. Como castigo, Charlie volta à vida sob a forma de uma linda mulher, tendo que encarar seus hábitos machistas sob uma nova perspectiva." (Filmow)
Venice Productions
Diretor: Vincente Minnelli
819 users / 50 face
Check-Ins 120
Date 27/02/2013 Poster - ##### - DirectorSydney PollackStarsSidney PoitierAnne BancroftTelly SavalasCollege volunteer Alan is working alone at the crisis center one evening when he receives a telephone call from suicidal caller Inga Dyson.[Mov 06 IMDB 7,1/10 {Video}
UMA VIDA EM SUSPENSE
(The Slender Thread, 1965)
''Alan é um estudante universitário de Seattle voluntário a um centro de crises. Uma noite enquanto estava sozinho na clínica, uma mulher liga e fala a Alan que ela precisa falar com alguém. Ela informa Alan que ela tomou muitas pílulas e ele secretamente tenta ajudá-la. Durante esse tempo ele aprende sobre ela, sua família, e porque ela queria morrer. Será que Alan consegue levar a polícia até lá antes que seja tarde demais?" (Filmow)
38*1966 Oscar / 23*1966 Globo
Stephen Alexander Productions
Diretor: Sydney Pollack
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Check-Ins 126
Date 03/03/2013 Poster - ### - DirectorJulio MedemStarsElena AnayaNatasha YarovenkoEnrico Lo VersoA hotel room in the center of Rome serves as the setting for two young and recently acquainted women to have a physical adventure that touches their very souls.[Mov 04 IMDB 6,2/10] {Video/@}
UM QUARTO EM ROMA
(Habitación en Roma, 2010)
TAG JULIO MEDEN
{esquecível / cansativo}Sinopse
''As jovens Alba e Natasha se conhecem ao acaso em uma noite do verão de 2008 em Roma, onde passam doze horas juntas em um quarto de hotel. A princípio resistentes a qualquer tentativa de aproximação, temendo pôr em risco os relacionamentos reais que cultivam no exterior desse microcosmo, as duas acabam cedendo a seus instintos mais inesperados, numa entrega apaixonada a uma liberdade que nunca experimentaram. No entanto, na tarde do dia seguinte, as duas devem embarcar em aviões com destinos distintos: uma irá para a Espanha, a outra para a Rússia.''
''Duas meninas que acabam de se conhecer passam a noite juntas em um quarto de hotel no centro de roma. alba, a mais experiente, é espanhola. Natasha, que está vivendo sua primeira relação lésbica, é russa. A princípio, as duas juntam um jogo de pequenas mentiras, ficções inventadas na hora. Somente quando se tornam mais íntimas revelam fatos da vida pessoal e se abrem de verdade uma para outra. O filme mistura uma situação presente com ecos de um passado histórico e mítico que os afrescos renascentistas do hotel ajudam a evocar. Roma é oi cenário ideal para a história que conecta a aspiração ao eterno com a sensação do efêmero. A fotografia mergulha o filme numa penumbra, o que ajuda a criar um clima de ambiguidade, no limiar do real e do sonho. Julio Medem pesa a mão em vários momentos, querendo conferir uma aura grandiosa a cada pequeno gesto de intimidade. Mas acerta em alguns outros, seja quando filma o prazer sexual sem muita posse, seja quando capta com delicadeza um sentimento que não sabemos se vai durar a vida toda ou uma só noite.'' (Luiz Carlos Oliveira Jr)
''Duas moças, uma espanhola, Alba (Elena Anaya), outra russa, Natasha (Natasha Yarovenko), se conhecem num bar em Roma e, meio embrigadas, resolvem terminar a noite no hotel de uma delas. É assim o início, meio e fim deste ''Um Quarto em Roma'', do espanhol Julio Medem, o mesmo de Os Amantes do Círculo Polar. Das duas garotas, sabe-se que uma é lésbica e outra está de casamento marcado com um rapaz em seu país. E é só. As duas vão passar a noite se descobrindo – em mais de um sentido do termo. A proposta de Medem, parece, é explorar meandros da sexualidade feminina, com bom gosto mas sem disfarces e eufemismos. A verdade é que dá ao encontro das duas uma aura romântica, diáfana que, pouco a pouco, termina por diluiar a experiência que vivem. Se as primeiras cenas parecem cálidas, a sua repetição vai tornando-as banais. E, à força da repetição, enfadonhas. É como se dois corpos jovens e belos, pelo excesso de exposição, acabassem por se despir de todo caráter erótico que poderiam ter no início. Além disso, no intervalo entre os, digamos, embates entre as duas, inserem-se alusões culturais que parecem francamente deslocadas. O filme encaminha-se, pouco a pouco, mas de maneira inexorável, a um artificialismo sem recurso. Medem é cineasta de talento. No início da carreira fazia filmes como La Ardilla Roja (O Esquilo Vermelho) e Tierra (Terra) que, apesar do seu hermetismo, faziam adivinhar uma visão de mundo invulgar por parte do cineasta. Depois mudou o rumo em direção a um cinema de melhor assimilação popular e, com Os Amantes do Círculo Polar, teve seu melhor momento. Mesmo assim, uma certa preocupação intelectual, daquele tipo que procura personagens para encarnar ideias prévias, esfriava as emoções de um filme que poderia ter alçado voo maior se pudesse fluir sem tanto controle. Ainda assim, um belo fime. Com ''Um Quarto em Roma'', Medem parece fazer seu pior trabalho. O cerebralismo vazio parece se unir a um exibicionismo sexual fashion sem qualquer consequência. Não conseguimos enxergar humanidade naquelas duas belas moças que se entregam ao prazer de maneira aeróbica, tendo por testemunha as quatro paredes da stanza romana e umas poucas vistas para a Cidade Eterna através do balcão, onde de vez em quando repousam. Vazio, mas não de maneira crítica mas porque foi pensado no vácuo e sem qualquer aprofundamento nos sentimentos das personagens." (Luiz Zanin)
''A fórmula não é exatamente uma novidade. Criar todo um filme totalmente centralizado na situação um casal, uma noite, um quarto já foi feito pelas produções brasileiras Incuráveis e Entre Lençois, e pelo chileno Na Cama, só para citar alguns exemplos mais recentes. Quando bem realizada, a ideia funciona. E não há como negar que o espanhol Julio Medem é um excelente realizador. Roteirista e diretor de grandes filmes como Lucia e o Sexo e Os Amantes do Círculo Polar, Medem destila agora suas costumeiras doses de erotismo no belo e sensível Um Quarto em Roma. Uma mulher espanhola (Elena Anaya) e uma russa (Natasha Yarovenko) caminham de madrugada pelas ruas de Roma. Logo ficamos sabendo que aquela é a última noite de ambas na cidade. A espanhola convence a russa a subirem juntas para o tal quarto do título do filme. É onde terá início uma noite inesquecível, onde duas pessoas que sequer se conheciam há poucas horas entrelaçam, suas vidas, esperanças, sonhos, suas verdades e mentiras emolduradas por uma atmosfera de romance e sexo. Há um certo tom de urgência, desespero e escapismo nestas duas mulheres que sabem que deverão retomar os rumos de suas vidas (talvez aborrecidas) logo na manhã seguinte. Ou não. Enquanto isso, criam para a companheira – e para si próprias – histórias dignas de uma Sherazade. Montam dentro do quarto realidades próprias e fantásticas. E, ungidas pelo sexo incessante, embarcam em viagens alucinantes nas quais elas próprias acabam acreditando. Talvez. Só há três saídas para o mundo fora do quarto: a janela real, a janela virtual da internet, e a presença ocasional de um charmoso camareiro italiano (Enrico Lo Verso) que se diverte cantando árias de óperas. Um personagem tão onírico e irreal quando as irrealidades dos universos das mulheres, sobre as quais teremos dúvidas até em relação a seus verdadeiros nomes. Mesmo porque ''Um Quarto em Roma'' não é um filme sobre certezas, mas sobre dúvidas. Sobre duas almas que vislumbram, na noite final, um lampejo de total libertação. Com direção de arte elaborada e fotografia refinada de Álex Catalán, lamenta-se apenas que as legendas brancas se percam totalmente diante do fundo igualmente branco, em várias cenas importantes." (Celso Sabadin)
''Aos apreciadores da beleza feminina -em particular, àquele numeroso contingente que acredita que nada pode ser mais inspirador do que o sexo entre mulheres -, o longa "Um Quarto em Roma" é uma promessa de paraíso na tela. Um filme em que as duas belas protagonistas -a espanhola Elena Anaya e a ucraniana Natasha Yarovenko- aparecem nuas em 90% das cenas e fazem sexo um punhado de vezes ao longo da projeção. Além disso, a obra vem com a assinatura do cineasta espanhol Julio Medem, que já havia demonstrado um talento raro para captar a beleza das mulheres em Lucia e o Sexo, de 2001 (embora, claro, Paz Vega tenha ajudado muito). Isto posto, "Um Quarto em Roma" é uma decepção. Para os que buscam sexo, as DRs (discussões de relacionamento) entre as duas personagens neutralizam o poder erótico dos corpos nus. Para os que querem cinema, Medem responde com truques e tiques "artísticos" . A trama é franciscana. A espanhola Alba (Anaya) e a russa Natasha (Yarovenko) se conhecem em um bar de Roma. A primeira, lésbica, convence a segunda, prestes a se casar, a subir para seu quarto de hotel. Elas não demoram muito a tirar suas roupas. Mas levam um bom tempo para se desnudarem em um sentido não literal. A princípio, elas dão pistas erradas sobre o passado e presente. Aos poucos, revelam histórias íntimas e trágicas. Ao longo de uma noite, criam laços que vão muito além do sexual. "Um Quarto em Roma" remete a pequenos grandes filmes sobre paixões intensas em espaços limitados, como O Último Tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci, ou Amor à Flor da Pele (2000), de Wong Kar-wai. Mas, ao contrário destes, a obra de Medem não consegue extrapolar a estreiteza do cenário. O cineasta se perde num emaranhado de diálogos pretensiosos, psicologismos baratos, metáforas visuais supostamente poéticas. Se o objetivo de Medem era desfetichizar o corpo feminino, cercando-o de palavras e imagens tediosas, então esse talvez seja o único aspecto bem-sucedido deste filme. Ao lado de Caótica Ana (2007), trabalho anterior de Medem, "Um Quarto em Roma" presta um desserviço a sua obra: colocar em dúvida o apreço por seus melhores filmes, como Os Amantes do Círculo Polar (1998) e Lucia e o Sexo. Depois de uma revisão, será que eles sobrevivem como fantasias românticas repletas de imaginação ou ressurgem como um exercício vazio de erotismo como "Um Quarto em Roma" ?" (Ricardo Calil)
"Alguns artificios soam quase como picaretagem do diretor espanhol para disfarçar suas fragilidades, mas em meio disso e do sensualismo que emana do seu filme encontra-se também certa sensibilidade feminina que pode agradar a um público específico." (Vlademir Lazo)
Em ''Um Quarto em Roma'', Medem observa duas garotas entre transas e confissões.
''Será que a carreira de Julio Medem virou o fio? Entre 1992, ano de lançamento de Vacas (idem), seu primeiro longa-metragem, e 2001, quando dirigiu Lúcia e o Sexo, passando por O Esquilo Vermelho, Terra (Tierra, e Os Amantes do Círculo Polar, Medem construiu uma filmografia que, embora curta, era no mínimo bastante satisfatória. Podia-se até não gostar dos resultados finais, mas era inegável que seus cinco primeiros filmes formavam um bloco coerente tanto no estilo quanto na temática. A partir daí a coisa parece ter degringolado. Ninguém entendeu o que o diretor quis dizer com Caótica Ana (idem, 2007), uma verdadeira salada mista sobre uma mulher e suas vidas passadas. Três anos ele volta à cena com esse Um Quarto em Roma. Apesar de ter o mérito de ser um projeto que vai no extremo oposto de seus trabalhos anteriores (o que revela um artista em constante renovação), o resultado, infelizmente, está bem aquém do alcançado pelo diretor no início de sua carreira. Medem inicia sua narrativa com o plano de uma rua vazia. É noite. Escutamos a voz de duas mulheres se aproximando. Elas conversam relaxadamente. Aparentemente estão um pouco alcoolizadas. Aos poucos, entram no nosso campo de visão. Uma morena e outra loira. Alba e Natasha. Elas acabaram de se conhecer num bar. Mesmo não sabendo nada uma da outra, o papo rolou solto entre as duas. A afinidade foi instantânea. Agora, o horário avançado as obriga a se despedirem. É a ultima noite de ambas em Roma. No dia seguinte pela manhã, elas partirão para seus respectivos destinos. Alba voltará para a Espanha. Natasha, para a Rússia. Elas se deparam com o hotel onde Alba está hospedada. É hora de se despedirem. Há um clima sensual no ar. Alba pede a Natasha que suba ao seu quarto. Natasha sente-se insegura. Seu lado racional recomenda recusar o convite, afinal ela nunca havia passado a noite com outra mulher. Mas a tentação é mais forte e ela se deixa levar pela fantasia. Isoladas do mundo exterior, as duas embarcarão numa jornada de sexo, revelações e angústias. À medida que a noite avança, vamos conhecendo um pouco mais sobre os seus passados. Alba é engenheira. Desenvolve novos protótipos de locomoção pessoal. Ela é homossexual. Tinha um relacionamento estável com Edurne (Najwa Nimri). Mas uma tragédia pessoal colocou um muro invisível entre as duas e o futuro de ambas é incerto. Natasha é tem uma irmã gêmea. Ela é modelo (ou estudante de arte romana) e a irmã, tenista profissional. Mas pode ser o contrário. As confissões iniciais de ambas, ainda carregadas de desconfianças, podem ou não ser verdade. Natasha está com casamento marcado para dali a uma semana. Medem parece transformar o quarto numa espécie de confessionário. Consumidas por seus dramas pessoais, aquelas mulheres terão que se desnudar dos seus passados, dos seus preconceitos, das suas vergonhas, dos seus valores, e até mesmo das suas roupas. Somente assim, o íntimo de cada uma virá à tona. Aqui fora, quem sabe, haverá uma cura possível. Medem posiciona sua câmera dentro do quarto e de lá não sai durante toda a projeção. O primeiro plano, da rua vazia, é filmado do ponto de vista do terraço do hotel. Quando as mulheres decidem subir, o diretor faz um elegante travelling de retrocesso para o interior do cenário, passeando lentamente pelo quarto, até chegar à porta. O único acesso ao mundo exterior é por meio de recursos tecnológicos. Por meio de mapas virtuais, Alba e Natasha, pontos minúsculos no universo, se localizam na imensidão do mundo exterior. Pelo celular, conhecemos a namorada de Alba. Com a concentração do filme num único cenário, Medem parece querer dizer que suas heroínas receiam tudo aquilo que se encontra fora dali. O nome de Alba indica isso. Alba, em espanhol, significa amanhecer. O pôr-do-sol não mais garante a auto-preservação. Ele representa a necessidade de enfrentamento dos fantasmas da vida real: de um lado, Alba não sabe se conseguirá superar as barreiras que a afasta da sua namorada; de outro, Natasha tem dúvidas em relação ao seu noivo. Em certo momento da madrugada, logo após o enésimo orgasmo, Natasha pede a Alba que não comente com ninguém o que acabara de ocorrer. Ela sabe que, enquanto aprisionada dentro das quatro paredes, aquela relação lésbica permanecerá um eterno segredo. O quarto é o porto-seguro (o ventre materno?). O futuro, um terreno desconhecido. Essa busca pela auto-preservação faz com que o sexo entre ambas seja exasperado, apressado, animalesco. Mais que o prazer carnal, aquelas duas belas mulheres vêem na transa um modo de fugir das suas realidades, um passaporte para as redenções pessoais e a felicidade que teima em não vir. Em outras palavras, Um Quarto em Roma está mais próximo de Bernardo Bertolucci, de O Último Tango em Paris (Ultimo tango a Parigi, 1972) e Patrick Chéreau, de Intimidade (Intimacy, 2000), do que Jean-Claude Brisseau (Os Anjos Exterminadores. ''Um Quarto em Roma'' é oficialmente inspirado no filme chileno Na Cama, de Matias Bize (que, por sua vez, já fora refilmado no Brasil com o título Entre Lençóis). Para quem que se acostumou a trabalhar com roteiro próprios, pode ter sido difícil para Medem transitar por um universo criado por outra pessoa. Talvez o que tenha atraído o diretor espanhol ao projeto foi a oportunidade de explorar a temática da sexualidade feminina, presente em quase todos os seus filmes. Mas o confinamento da ação num único lugar limitou o campo de ação de Medem. O cinema de Medem exige espaço. A geografia dos cenários exerce papel fundamental nas histórias (foi assim com a praia e o acampamento de trailers, em O Esquilo Vermelho; a ilha, em Lucia e o Sexo; a Finlândia, em Os Amantes do Círculo Polar, a ilha de Ibiza, em Caótica Ana). Seus personagens se recusam a ficar estáticos. Antes disso, correm atrás dos seus destinos. Um Quarto em Roma é a antítese do estilo de Medem e esse seu desconforto é visível no resultado final. Além disso, Medem optou por um formato minimalista de filmar, sem muitos artifícios, quase teatral. Mais uma vez a escolha vai contra a sua própria assinatura. Medem faz um cinema rasgado, exagerado, deliberadamente over the top. Não seria exagero dizer que, em certos momentos, Julio Medem é um Pedro Almodóvar sem o melodrama. Ao concentrar toda a trama dentro do quarto, o diretor não encontrou espaços para exercitar o que faz de melhor. Ele até encontra soluções plasticamente bonitas, como o travelling inicial, o uso dos espelhos (há um belo plano do reflexo das duas atrizes), a oposição do escuro do quarto com o branco imaculado do banheiro, e o plano final, em que a bandeira hasteada na frente do hotel parece simbolizar uma mudança no mundo das protagonistas. Mas, no geral, sua câmera parece estar presa a uma camisa de força, limitada, quase envergonhada. Medem parece não ver o sexo masculino com bons olhos. Alba não conheceu o pai. Também nunca se relacionou sexualmente com um homem. Já o progenitor de Natasha (ou a irmã, dependendo da versão que se acreditar), abusada da filha. O funcionário do hotel, não é bem vindo naquele quarto. E os símbolos fálicos são meio que ridicularizados por meio de garrafas e pepinos. Em ''Um Quarto em Roma'', os homens estão realmente por fora. O elenco apresenta falhas. Elena Anaya, que já trabalhou com Medem em Lucia e o Sexo, defende bem o papel de Alba. Acreditamos na sua homossexualidade, no modo como ela toma as rédeas durante o ato sexual, e no seu dama pessoal com a namorada. Já a novata ucraniana Natasha Yarovenko derrapa várias vezes na composição da frágil e insegura Natasha. Além disso, ambas as atrizes não se mostram 100% seguras na língua inglesa. ''Um Quarto em Roma'' representa um pequeno avanço do diretor em relação a Caótica Ana, seu filme anterior, mas ainda está longe de alcançar a qualidade dos seus primeiros trabalhos. O público perdoou Medem do deslize anterior. Resta saber se ele ainda terá crédito para ser perdoado desse também." (Régis Trigo)
Morena Films Alicia Produce Canal+ España Instituto de Crédito Oficial (ICO) Instituto de la Cinematografía y de las Artes Audiovisuales (ICAA) Intervenciones Novo Film 2006 Aie Televisión Española (TVE) Wild Bunch
Diretor: Julio Medem
14.532 users / 3.158 faceSoundtrack Rock
Russian Red
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Date 09/08/2014 Poster - #### - DirectorFrédéric AuburtinGérard DepardieuStarsCarole BouquetGérard DepardieuCharles BerlingThe world of a young housewife is turned upside down when she has an affair with a free-spirited engineer.[Mov 09 IMDB 6,6/10 {Video}
UMA PONTE ENTRE DOIS RIOS
(Un pont entre deux rives, 1999)
''França, anos 1960. A confortável vida de casada de Mina é perturbada pela chegada de um estranho bonito e mundano. Apesar de amar o marido e o filho adolescente, Mina deve decidir se sua paixão é motivo suficiente para sacrificar tudo o que ela já conheceu. Delicado e comovente, o filme apresenta Gérard Depardieu em um de seus papéis mais sensíveis como o marido rejeitado." (Futura)
DD Productions TF1 Films Production Roissy Films Compagnie Cinématographique Prima Canal+
Diretor: Gérard Depardieu
477 users / 8 face
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Date 18/06/2013 Poster - ####### - DirectorDavid FrankelStarsMeryl StreepTommy Lee JonesSteve CarellAfter thirty years of marriage, a middle-aged couple attends an intense, week-long counseling session to work on their relationship.[Mov 06 IMDB 6,3/10 {Video/@@@} M/65
UM DIVÃ PARA DOIS
(Hope Springs, 2012)
"Comédia dramática sobre o sexo na maturidade é grata surpresa. Leve, divertido, verdadeiro (embora um tanto caricato), Tommy Lee Jones está engraçadíssimo como o marido reclamão." (Alexandre Koball)
"Como dois grandes atores podem salvar um filme com roteiro apenas correto e uma direção mediana. Jones e Streep estão ótimos, e fazem o público acreditar e se importar com o relacionamento dos dois. E é isso o que vale." (Sivio Pilau)
"De tão redondinha, a história acaba sendo surpreendentemente agradável. É inofensiva, os protagonistas estão inspirados e há dose certa de humor e de drama. A experiência é prazerosa, mesmo que nada de novo, nem no conteúdo e nem na forma, seja explorado." (Emilio Franco Jr)
"Nada como dois bons protagonistas e uma história minimamente original para arrancar risos autênticos e transformar uma despretensiosa comédia dramática em um filme terno e uma sessão muito agradável." (Rodrigo Torres de Souza)
"Aborda um tema delicado com bom humor e escapa de cair na vulgaridade. Mesmo os clichês são orgânicos e benéficos para a narrativa. E quem resiste a Meryl Streep toda se querendo? Esse Tommy Lee Jones..." (Patrick Correa)
A flor da meia-idade.
''Um Divã para Dois'' (Hope Springs, 2012) é um filme que trata, acima de tudo, sobre as consequências do passar do tempo, tanto as positivas quanto as negativas. A história de um casamento de mais de trinta anos que acaba caindo no marasmo é apenas uma deixa para o desenvolvimento de uma ideia bastante interessante sobre algumas passagens que inevitavelmente surgem cedo ou tarde na vida de todos, dentro ou fora de um relacionamento amoroso. A ideia de escalar um casal de atores de peso, Meryl Streep e Tommy Lee Jones, só reforça essa grande brincadeira do filme em discutir com bom humor alguns dos perrengues de envelhecer, tanto como indivíduo como em um casamento. Kay (Streep) e Arnold Soames (Jones) formam um casal entrando na terceira idade e tendo de enfrentar o peso de anos de rotina acumulados nas costas. O presente de aniversário de casamento é uma entediante renovação na assinatura do pacote de TV a cabo, que agora disponibiliza uma maior variedade de canais para a família. O sexo já está extinto há anos e parece que, por mais que se conheçam melhor do que ninguém, já não existe nada de remotamente empolgante na relação. Por isso, Kay decide investir as economias do casal em uma semana de tratamento psicológico para casais na cidadezinha de Hope Springs, onde iniciarão uma terapia intensiva com o Dr. Bernie Feld (Steve Carell). A partir de então, surgem diversas tentativas de reascender a velha chama entre o casal, uma mais atrapalhada que a outra. Obviamente, boa parte do charme e da diversão presentes nessas situações está no carisma nato do casal de atores, que mostram uma surpreendente química em cena. Meryl Streep, uma das poucas atrizes que nunca deixaram a peteca cair durante toda sua longa carreira de sucesso, se mostra confortável na pele de Kay, por já estar acostumada a transitar no terreno das comédias românticas inofensivas de Hollywood, enquanto Tommy Lee Jones surpreende a todos com sua sensível atuação. Ao contrário de Meryl, Jones teve uma carreira de altos e baixos, marcada principalmente por papéis de policiais rabugentos e amargurados. Sua atuação excepcional em O Fugitivo (The Fugitive, 1993), que inclusive lhe rendeu um Oscar, acabou de certa forma o condenando a repetir o mesmo personagem vez após vez, como se pode notar em especial na versão feminina do filme de Andrew Davis, Risco Duplo (Double Jeopardy, 1999). O tempo passou para ambos os atores, e no caso de cada um exerceu um diferente efeito. É por conta disso que ''Um Divã para Dois'' acaba chamando tanta atenção. Em um filme onde temos dois personagens tentando lutar e se adaptar às mudanças que o tempo cruelmente impôs, temos dois atores conceituados tentando fazer o mesmo. Nunca é tarde para mudanças e para novas tentativas, e por conta disso temos um Tommy Lee Jones arriscando-se em um trabalho tão fora de sua zona de conforto e uma Meryl Streep lutando para se manter intacta e sempre empenhada em projetos que realcem seu talento e versatilidade. Assim como Kay e Arnold, os dois procuram apenas se adaptar. O grande acerto de toda a direção de David Frankel, o mesmo de O Diabo Veste Prada (The Devil Wears Prada, 2006), é justamente analisar os dois personagens de maneira individual e mostrar como o tempo os afetou de formas diferentes. A situação do casamento deles é apenas uma consequência disso, o que indica que não acabou o amor ou a paixão entre os dois, eles apenas mudaram em uma etapa da vida onde já não se esperam maiores mudanças. Mais habilidoso na condução das passagens dinâmicas e cômicas e bem menos nos momentos de reflexão, Frankel acaba acertando por saber comandar uma história tão bonitinha e inofensiva sem jogar toda a responsabilidade nas costas de seu elenco. Apesar de Tommy Lee Jones e Meryl Streep estarem ótimos em cena, o mérito de toda a produção é do coletivo esforço de trazer algo que, mesmo clichê até não poder mais, traz consigo algumas verdades inescapáveis sobre esse deus tão misterioso que rege as jornadas com muito humor negro e beleza." (Heitor Romero)
''As comédias românticas têm sido tão exploradas nos últimos anos que raro é ver algo que valha a pena ultimamente. Grassa a medíocridade e falta criatividade num gênero que é obrigado a seguir um modelo pré-estabelecido: tem de ser ter romance, humor e final feliz. Parece fácil e, de certa forma, é, mas a repetição de fórmulas cansa o espectador ao longo do tempo. ''Um Divã para Dois'' não revoluciona o gênero, mas tem Meryl Streep e Tommy Lee Jones nos papéis principais - e isso faz uma diferença daquelas – e enredo que traz certo desconforto ao espectador, o que nesse caso é bom. Abaixo explico o porquê. Ela é Kay e ele é Arnold. Formam um típico casal de meia-idade norte-americano. Casados há 31 anos, com os filhos criados e a vida estável, levam o casamento – ou o que restou dele – no piloto-automático. A cômica cena inicial do filme, na qual Kay tenta se insinua para o Arnold à noite, dá a temperatura da relação. Algo entre o polo norte e a Antártida, no inverno. Decidida a quebrar gélida rotina, Kay compra para os dois um fim de semana de terapia de casais intensiva no Maine, sob o comando do especialista Dr. Feld (Steve Carell, de Agente 86). Arnold reluta em ir, acha uma bobagem, um gasto de dinheiro à toa, mas acaba convencido a fazer a viagem por pressão da mulher. Daí em diante está montado o cenário que faz vir à tona os problemas adormecidos do casal, tudo com muito bom humor e uma aula de atuação de Meryl e Tommy. Há, no entanto, outros méritos em ''Um Divã para Dois''. Virtudes que vão além do talento e boa parceria entre seus protagonistas. O filme traz certo incômodo ao espectador ao longo da projeção. Estamos assistindo a um casamento fracassado diante de nossos olhos e a tentativa, às vezes patética, de reacender a paixão que parece tão adormecida quanto um vulcão extinto. E rimos disso. E o riso incomoda por vezes, pois as piadas engraçadas se contrapõem à realidade triste. Isso se acentua pela idade de ambos. Se fossem jovens, pensaríamos: Que se dane, eles podem começar de novo. Mas ali não há essa possibilidade e aceitar o fim do casamento de Kay e Arnold é como concordar que a união estável é uma instituição falida por antecipação. Para piorar esse sentimento, temos na história um casal que, aparentemente, fez tudo certo. Eles não estão brigados, não há traição, têm respeito um pelo outro. Fica claro que o tempo e a vida cotidiana arrefeceram a paixão. Na verdade, a sepultaram. E nossa sociedade não concebe a ideia de casal sem amor romântico e sexo. As risadas em ''Um Divã para Dois'' vêm acompanhadas de um leve sentimento de culpa por nos divertimos com o sofrimento alheio. E esse incômodo é bem-vindo. Bons filmes são aqueles que mexem com o público, para o bem ou para o mal. E este faz isso, mesmo sendo uma comédia romântica. Este incômodo, claro, é dosado. Ainda trata-se de um filme cujo objetivo é divertir e mostrar que o amor sempre prevalece. Existe em ''Um Divã para Dois'' uma e outra cena desnecessária ou exagerada, como a que Kay vai a um bar e revela à atendente (Elisabeth Shue), que não conhece, sua frustração sexual. Isso leva a mulher a promover uma enquete insólita com os fregueses - sequencia que, definitivamente, poderia ter ficado fora do filme. Deslizes como esse não chegam a prejudicar a produção, que tem boas atuações - incluindo a de Carrel, aqui contido -, um roteiro inteligente e, claro, todos os ingredientes básicos de uma comédia romântica. Você vai rir, vai continuar acreditando no amor, mas vai se sentir desconfortável também com o flerte do longa com a realidade. E, afinal, uma pisadinha no calo às vezes faz bem." (Roberto Guerra)
Meryl Streep reprisa seu papel Mulher do Desejo Reprimido, mas quem se destaca é Tommy Lee Jones.
''Enquanto Cinquenta Tons de Cinza tenta convencer leitoras de que toda mulher tem dentro de si uma perversa-polimorfa como a Charlize Theron de Celebridade, o filme Um Divã para Dois (Hope Springs) trata das fantasias femininas do jeito que Hollywood melhor sabe: colocando Meryl Streep no papel de Mulher do Desejo Reprimido. O filme do diretor de O Diabo Veste Prada, David Frankel, mira especificamente no público de terceira idade da classe média dos EUA. Meryl e Tommy Lee Jones interpretam Kay e Arnold, casal de Omaha que, depois de 30 anos de casamento, não parece ter mais interesses em comum. Ela já viu os filhos crescidos saírem de casa, ele ainda trabalha como contador, ela cozinha, ele assiste a programas sobre golfe. Dormem em quartos separados. Quando Kay decide usar suas economias para pagar uma viagem de uma semana ao Maine, onde se consultarão com um terapeuta de casais (Steve Carell), Arnold se revolta mas a acompanha. ''Um Divã para Dois'' funciona antes de mais nada como uma tele-aula, com o personagem de Carell fazendo algumas perguntas incômodas ao casal que, por extensão, os espectadores também farão a si mesmos, sobre hábitos na cama e outras intimidades a dois que o tempo transforma em inércia. Com exceção de uma ou outra cena, não é o tipo de filme que busca no pastelão um escape para não parecer dramático demais. O negócio de Frankel é justamente apostar na dramaticidade. Ninguém melhor para isso do que Meryl Streep. Em Hollywood não há tema mais tabu do que o desejo - os filmes nos EUA têm sexo mas raramente permitem a fantasia, e quando permitem tratam-na como patologia - e se a atriz recordista de indicações ao Oscar alcançou esse status é, em boa medida, porque soube formatar melhor do que ninguém essa persona cara aos mitos hollywoodianos, a da mulher mal amada em busca da utopia da relação selvagem, em filmes como Entre Dois Amores e As Pontes de Madison. ''Um Divã para Dois'' reúne os cacoetes que Meryl criou para reproduzir sempre essa mesma persona. Dá pra contar, por exemplo, a partir do próprio pôster, quantas vezes ela leva a mão à boca, um quase-tapa, como uma forma carola de se penitenciar pelo desejo que sente. O roteiro de Vanessa Taylor faz o resto do serviço, colocando Kay para folhear um guia de sexo trancada dentro do seu carro, enquanto uma chuva torrencial cai do lado de fora (tempestades são outra forma que Hollywood encontra para ilustrar o desejo secretamente). Embora recorra a esses chavões no começo, ''Um Divã para Dois'' é bem-vindo porque no fim, passada a sessão de terapia, acaba desmistificando algumas coisas mais corriqueiras do sexo, de que outras comédias românticas sequer se aproximam. No mais, não é difícil prever que o nome de Meryl estará nas apostas do Oscar, mais uma vez. Quem pode surpreender, porém, é Tommy Lee Jones. O ator encontra o tom perfeito do seu personagem - um tipo do Centrão dos EUA que evita falar muito porque isso lhe parece uma invasão de privacidade - e inclusive ajuda Um Divã para Dois a escapar das várias fórmulas de dramalhão que o filme vai armando pra si. Um Oscar para ele (seria o primeiro como protagonista) não soa mal." (Marcelo Hessel)
70*2013 Globo
Columbia Pictures Corporation Columbia Pictures Mandate Pictures Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) Management 360 Escape Artists Tomkats Catering
Diretor: David Frankel
28.089 users / 9.075 face
Soundtrack Rock = Al Green + Annie Lennox + Lenny Kravitz + Sam and Ruby
Check-Ins 217
Date 22/06/2013 Poster - ## - DirectorPhilippe GarrelStarsMonica BellucciLouis GarrelCéline SalletteThe once-happy marriage between brooding painter Frederic and his movie-star wife Angele hits the rocks when another couple joins them on a Roman holiday.[Mov 08 IMDB 4,8/10 {Video/@@@@} M/62
UM VERÃO ESCALDANTE
(Un eté brûlant, 2011)
Cinema da frontalidade.
''This is where the truth begins Where teardrops glance the sallow skin You lose your will And I can lend you mine. O cinema de Philippe Garrel, como boa parte dos autores e herdeiros da nouvelle vague francesa, mantém uma relação fundamental com a pintura - tanto quanto com a música, dois elementos bastante influentes na composição estética do diretor. Em ''Um Verão Escaldante'' (Un eté brûlant, 2011), a frontalidade dos enquadramentos e o raro uso de campo/contracampo nos remetem mais uma vez a esta relação, e devolvem o espectador à sua posição original enquanto apreciador: observando, com certa distância, as imagens de uma superfície plana ou de um palco, sem que haja intromissão da câmera na ação — ou, neste caso, havendo com muita discrição. Em um circuito comercial cada vez mais dominado pela tecnologia 3D e a tendência de explodir filmes em fragmentos e arremessá-los ao encontro do olhar do público como — falso — efeito de imersão, o filme chega ao Brasil fazendo um contraponto interessante, podendo ser encarado por alguns como frio e impenetrável, mas servindo a tantos outros como um respiro necessário de contemplação. É na frontalidade distante, de quem pinta quadros bidimensionais e acrescenta a eles os movimentos necessários para a fruição do cinema, que encontra-se a beleza imprimida por Garrel a Um Verão Escaldante. Marcada pelo retorno do diretor à fotografia a cores, a câmera compõe imagens que aproximam-se dos princípios da pintura, enquadrando atores, objetos e cenários sob um mesmo ponto de vista — geralmente também em um mesmo quadro — que sustenta-se durante toda a sequência, como que desenhados sobre uma superfície rígida e com pouca profundidade de campo, da qual a vida evanesce ao abandono do olhar. O resultado não raramente leva a relação entre filme e espectador a um extremo incomum, exigindo que se observe o drama particular dos personagens com um distanciamento incorrigível, semelhante ao contato primário com uma pintura emoldurada e pendurada à parede, sem permitir envolvimento suficiente para que se coloque dentro dos acontecimentos — mas sim, e unicamente, diante deles. Deste distanciamento do olhar surgem cenas como a dança de Monica Bellucci embalada por Truth Begins, dos ingleses da Dirty Pretty Things, canção à qual pertence o fragmento acima, e cujos versos antecipam o conflito central do filme — o fim do relacionamento entre uma atriz (Angéle) e seu marido (Frédéric), um pintor que tem nela a inspiração para seu trabalho e vida, narrado sob o ponto de vista de um amigo do casal, com quem convivem durante uma temporada de verão na Itália. A dança gera um momento de êxtase na narrativa, num plano-sequência estático que comprime em seu apertado quadro diversos dançarinos girando em torno da atriz que, nos braços de outro homem, é vista com um sorriso jamais presente nas cenas vividas com seu marido. A câmera de Garrel acompanha tudo lateralmente — próximo de onde também via a cena o marido, interpretado por Louis Garrel, filho do diretor —, abandonando a possibilidade de fazer parte da ação, de inserir o espectador à dança, para deixar aos corpos a função de gerar atrito e movimento na imagem, causando um efeito estonteante. A alegria e a sensualidade imanentes à dança, porém, são tão instantâneas quanto fugidias. A canção já nos antecipa: É aqui que a verdade começa / Onde as lágrimas caem na pele pálida / Você perderá sua vontade, e eu não poderei te chamar de minha. É a partir deste momento que o conflito emocional entre ambos ganha forma, resultando em outros dois blocos centrados na instabilidade da relação e nas discussões, lamentações, traições e demais consequências fatídicas deste conflito — a principal Garrel já nos antecipa logo na sequência inicial —, retornando a sensações constantemente trabalhadas pelo cinema do diretor — um dos grandes autores do cinema francês ainda vivos. Se não existe nada de novo na abordagem e nos temas, também é verdade que, consciente disso, o filme nos convida a simplesmente observar este recorte da vida de seus personagens com uma pureza afável e rara. Somos poupados dos truques e da comiseração enlatada em troca de um cinema que procura narrar seu drama abrindo espaço para que os agentes se comuniquem diretamente com o espectador — o plano sequência em que o casal, com ambos postados lado a lado, chora a certeza de que o relacionamento chegou mesmo ao fim, é de uma dureza impressionante. Também pulsa dos filmes de Garrel, e não é diferente neste, uma sensível autorreflexão sobre a própria criação artística — a segunda metade de sua carreira costuma ser apontada como uma grande obra autobiográfica, que versa abertamente sobre o diretor e algumas fases da sua vida, cuja relação com o cinema sempre fora bastante estreita (Garrel dirigiu seu primeiro filme aos 16 anos). A maneira com que a ruína do relacionamento com Angéle atinge Frèdèric e infere decisivamente na sua capacidade de criar, semelhante ao que ocorria com o personagem do mesmo Louis Garrel em A Fronteira da Alvorada (La Frontière de L'aube, 2008), filme anterior do cineasta, compõe uma reflexão sempre instigante da arte como catalisadora dos sentimentos do artista, como imagem do seu estado sentimental e da sua relação com o mundo. Tenho minha pintura e minha esposa. É nisso que me apoio: amor e arte, é o que diz Frèderic para o amigo pouco antes do casamento chegar à beira do precipício. Ao lembrar da frase e dos fatos sucedentes, que Frèdèric inicie Um Verão Escaldante morto soa como a opção mais cruel que Garrel poderia trazer para o filme." (Daniel Dalpizzolo)
''Monica Bellucci nua, deitada na cama, convida. Não se sabe a quem o convite se dirige. É com essa imagem de sonho que o diretor francês Philippe Garrel tenta nos seduzir logo nas primeiras cenas de ''Um Verão Escaldante''. Sedução que funciona, mas apenas no início. No longa Bellucci é Angèle, atriz de cinema casada com Frédéric (Louis Garrel), pintor francês que vive em Roma. A convite dele, Paul (Jérôme Robart), seu melhor amigo e narrador da história, e a namorada, Élisabeth (Céline Sallette), vão morar em sua casa. A proximidade dos casais não tem interferência no enfreaquecimento que ambos relacionamentos irão sofrer, mas todos serão afetados por esse desgaste. No processo uma tediosa narrativa constrói o distanciamento dos personagens, que é refletido no afastamento da câmera. Cria-se aqui uma grande barreira entre filme e espectador, para quem resta a observação à distância. É dessa mesma forma que o diretor nos mantém em relação a seu filme, criando um vácuo entre sentimentos e público, impedindo qualquer empatia com os dramas retratados. Um efeito proposital, pensado, mas que aliado a uma trama de conflitos escassos recai na monotonia, tornando-se irregular. ''Um Verão Escaldante'' é divido em três atos, que o diretor entrelaça muito bem, evitando a narrativa em bloco. Uma dança discretamente sensual de Monica Bellucci, em plano sequência, fecha o primeiro ato e ilustra o modo como os personagens às vezes se veem: com intensidade, mas a certa distância. Em sua segunda parte o filme decresce. Entra numa dinâmica lenta e espiralada que traz arremates de ciúme, desconforto, rompimento e adultério. Volta a crescer no terceiro ato, mais uma vez pontuado com música, que entra na dinâmica da vida e da morte permeada pelo amor. Não sem certa pieguice. O distanciamento persiste e, no último plano, é um gesto de afastamento que encerra a narrativa. O filme de Philippe Garret propõe um exercício de observar sem sentir. E, de fato, o sentimento nunca chega até nós. Sem experimentá-lo, também nos afastamos e acabamos por ter uma experiência vazia. O mesmo vácuo emocional que os personagens tanto temem, mas nem sempre evitam." (Rogerio de Morais)
Depois de A Fronteira da Alvorada, Philippe e Louis Garrel voltam à relação trágica de um artista e sua musa.
''Artista apaixonado por uma estrela de cinema - mais precisamente pelo ideal de beleza de uma estrela de cinema - perde o norte quando esse ideal se desfaz na realidade. Esse resumo de A Fronteira da Alvorada, filme de 2008 do diretor Philippe Garrel com seu filho, o ator Louis Garrel, serve também para o trabalho mais recente dos dois, ''Um Verão Escaldante'' (Un Été Brûlant, 2011). Desta vez Louis Garrel não faz um fotógrafo, e sim um pintor, o francês Frédéric, mas continua dando sua interpretação artística da imagem de sua musa - agora vivida não pela frágil Laura Smet, mas pela intimidadora Monica Bellucci. Ela é Angèle, célebre atriz italiana casada com Frédéric. Em um verão, os dois hospedam em sua casa em Roma um casal de amigos do pintor - também atores - e de um dia para o outro a esgarçada relação se rompe. À exceção de Bellucci, o elenco principal e o roteirista Marc Cholodenko já haviam trabalhado com o diretor em Amantes Constantes, e o vaivém temporal de Um Verão Escaldante também não é atípico no cinema de Philippe Garrel. Aqui, o roteiro volta e avança no tempo para contar como o casal de atores se conheceu (na "guerra", trágico presságio) e como Frédéric os conheceu - é um filme sobre expectativas, então registrar as primeiras impressões uns dos outros é fundamental. Quando Bellucci surge em cena, por exemplo, ela é antes de mais nada um corpo de mulher. Como Laura Smet em A Fronteira da Alvorada, a câmera a pega de cima pra baixo, sobre a cama, como se posasse ciente de sua condição de musa. Na primeira interação entre Frédéric e Angèle, ela tira uma farpa do pé dele, a submissão impressa na perspectiva do plongée. É nessa submissão, na relação vertical do artista e da musa, que o pintor se afiança - e novamente, como no filme anterior, Louis Garrel sente o baque ao perceber a irrealidade dessa equação. Na comparação, A Fronteira da Alvorada é não só mais bem resolvido como parece, com sua luminosa fotografia em preto e branco, tão etéreo e efêmero quanto a própria imagem da musa - e daí vem sua força. Já Um Verão Escaldante parece mais cerebral, menos poesia e mais prosa; é um filme que, ao se fragmentar, evita elaborar um discurso só sobre a relação do artista com a musa, embora paradoxalmente seja um filme cheio de diálogos discursivos (particularmente, sobre o estado das coisas pós-Sarkozy e sobre ideiais da esquerda que sempre se reciclam no pensamento francês). Não dá pra dizer que os dois filmes se complementam, ou mesmo que há de um a outro uma evolução, mas são sem dúvida dois retratos complexos da apropriação da musa - que, no mais, sempre foi a grande especialidade do cinema da França." (Marcelo Hessel)
''Com os ufólogos agitados, buscando nos arquivos da Aeronáutica evidências da presença de OVNIs no ar de São José dos Campos, claro que o filme mais indicado é o clássico E.T. - O Extraterrestre". Mais E.T. em nossa TV é "Um Verão Escaldante", o intrigante filme de Philippe Garrel sobre um pintor (Louis Garrel) que nem pode viver com a mulher (Monica Bellucci) nem sem ela. Esse estranho impasse ocorre na Itália, onde ela é estrela em Cinecittà. E ocorre sem grandes lances rocambolescos, e sim nos detalhes, nos olhares, nas palavras por vezes não ditas, mas insinuadas. Belo filme, fácil de ver e bem distante do fast food de imagens habitual.'' (* Inácio Araujo *)
''A história que se conta em "Um Verão Escaldante" não é o que mais importa. Existe ali um pintor francês (Maurice Garrel) que vai passar o verão em Roma, acompanhando a mulher, uma atriz italiana (Monica Bellucci). Não que seja desinteressante: existe um jogo de tensões entre o casal em crise e as pessoas que circulam pela casa deles, muito bem levado por Philippe Garrel, o autor do filme. Mas o melhor, o momento mais memorável, para mim ao menos, é aquele em que o pintor, enquanto espera pela mulher, passeia por um terreno de Cinecittà, entre os restos de cenários de tantos filmes. Quem andou por lá? Maciste, imperadores, pistoleiros, belas romanas, francesas entediadas. No cinema cabe tudo.'' (** Inácio Araujo **)
2011 Lion Veneza
Rectangle Productions Wild Bunch Faro Film (II) Prince Film Canal+ Ciné+ Eurimages Programme MEDIA de la Communauté Européenne Centre National de la Cinématographie (CNC) Région Ile-de-France Cinémage 5 Cofinova 4 Procirep Angoa-Agicoa RSI-Radiotelevisione Svizzera Schweizerische Radio- und Fernsehgesellschaft (SRG)
Office Fédéral de la Culture
Diretor: Philippe Garrel
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Date 22/06/2013 Poster - ######## - DirectorJean RenoirStarsSylvia BatailleJane MarkenGeorges D'ArnouxThe family of a Parisian shop-owner spends a day in the country. The daughter falls in love with a man at the inn, where they spend the day.[Mov 06 IMDB 7,8/10 {Video}
UM DIA NO CAMPO
(Partie de campagne, 1936)
''No século 19, durante as férias, uma família do interior faz uma visita a um parente na capital. Um jovem camponês se apaixona por uma moça que está de casamento marcado com um homem mais velho.'' (Filmow)
"Renoir aborda com delicadeza ímpar as amarras do casamento convencional e o sonho de se sentir livre pela associação com a natureza - viver com naturalidade e não por convenções. Pena que a obra está incompleta, mas é suficiente mesmo assim." (Emilio Franco)
Top Década 1930 #50
Panthéon Productions
Diretor: Jean Renoir
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Date 25/09/2013 Poster - ######## - DirectorRobert AltmanStarsElliott GouldNina van PallandtSterling HaydenPrivate investigator Philip Marlowe helps a friend out of a jam, but in doing so gets implicated in his wife's murder.[Mov 07 IMDB 7,7/10] {Video/@@@@}
UM PERIGOSO ADEUS
(The Long Goodbye, 1973)
TAG ROBERT ALTMAN
{inteligente}Sinopse
'''O esperto detetive particular Philip Marlowe dá carona a um amigo de Los Angeles até a fronteira de Tijuana. Ao voltar para casa, encontra seu apartamento cheio de policiais, sendo preso como cúmplice do assassinato da esposa de seu amigo. Quando é liberado após a polícia descobrir que o colega de Marlowe cometeu suicídio, o detetive é contratado por uma bela mulher que pretende encontrar o marido alcoólatra desaparecido. Ao mesmo tempo, Marlowe descobre que o amigo morto no México tinham em seu poder US$ 350 mil que pertencia à máfia.''
"Em plena época em que Popeye, Harry e cia. dominavam as telas, Altman aventurou-se no gênero policial com uma interpretação deliciosa de Elliott Gould, em uma história boa o suficiente para prender a atenção e surpreender." (Alexandre Koball)
"Em sua releitura de The Big Sleep, Altman captou a ideia de brincar com o noir e vai um pouco mais além, ao satirizar o gênero e usá-lo para trazer mais uma opinião desdenhosa de seu país, onde a moral do homem é corrompida pela sociedade fria e egoísta." (Heitor Romero)
''Alguns críticos de cinema, tateando no quarto escuro de suas idéias, tentaram entender o que se atinava no desfecho da década de setenta, quando o público começava a sorver drinks infantilóides em roupagens de superproduções como Guerra nas Estrelas. Arriscaram o diagnóstico: a sessão das obras de certos cineastas, então no auge de suas pesquisas de prosadores visuais, davam a mesma sensação de incômodo que aftas pululando o céu da boca. Estavam exigindo demais da plebe consumidora dos sonhos em tela larga. Entre os participantes dessa maçonaria amarga está Robert Altman, dono de rebanho indócil de obras. E, estourando todas as cercas possíveis, encontra-se o insolente “O Perigoso Adeus”, que muita gente na época viu e escreveu no mármore como se fosse apenas uma gozação do noir. Pode-se dizer que é um filme sobre a impossibilidade de se orquestrar a atmosfera noir ante a vulgaridade setentista. A única coisa levemente preservada por Altman é o núcleo base de personagens desse tipo de universo: detetive e mulher ambígua. Phillip Marlowe (Elliot Gould) dá carona para amigo suspeito e nisso se enrosca com o departamento policial e o submundo do crime. Toda a longa sequência que vai da abordagem até o pagamento de sua fiança é um verdadeiro show de horrores que apequena uma figura mítica não só do catálogo do cinema americano como da livre empresa cosmopolita e possivelmente charmosa: o detetive particular. Charme é a última coisa a se pensar, tendo em vista o total descaso com a personagem. Cai no chão sem ter tragado nada; fica com a cara suja de tinta da impressão digital e divide a cela com marginal segurando rolo de papel higiênico. Atentando para a facilidade sanguínea de Altman em esculpir vidas bizarras, às vezes ficamos pensando como seria se encarasse seriamente o noir. Mas como grande diretor que é, consegue escancarar ainda mais as estranhezas na válvula do humor. Starling Hayden barbudo e de voz trovejante, atira toda a desordem mental de médico que passa por um recall numa clínica pra lá de suspeita. Sobra também para figuras secundárias, no caso, quase terciárias: as vizinhas de condomínio de Gould, moças praticantes do budismo mesclado em topless. Como nos anos setenta já não há mais espaço para fêmeas colossais em quilos de laquê a lá Veronica Lake, contenta-se com pós-gencianas vendedoras de incenso e velas, preocupadas mais com o sexo dos anjos do que o sexo terrestre. A canção-tema The Long Goodbye, composta por um dos mais habilidosos cirurgiões de Standards, Jhonny Mercer, é praticamente chutada de lado a outro, aceitando outras texturas rítmicas, como a versão instrumental de cucaracha. Esse deslocamento sonoro serve para Altman rasgar um dos mais sadios cartões de visitas das trilhas do passado, que era abrilhantar semi-deuses vistos em cenários que comportavam cigarros intermináveis e cadáveres mentais. O pianista-emblema está cantando para si mesmo, portando-se como eterno animador e regente de calouros que faz bico em TV. Sinal dos tempos." (Thiago Alves)
E-K-Corporation Lion's Gate Films
Diretor: Robert Altman
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Date 13/10/2014 Poster - ###### - DirectorJames DeMonacoStarsEthan HawkeLena HeadeyMax BurkholderA wealthy family is held hostage for harboring the target of a murderous syndicate during the Purge, a 12-hour period in which any and all crime is legal.[Mov 01 IMDB 5,7/10] {Video/@@} M/41
UMA NOITE DE CRIME
(The Purge, 2013)
TAG JAMES DE MONACO
{esquecível}Sinopse ''Quando o governo norte-americano constata que suas prisões estão cheias demais para receberem novos detentos, uma nova lei é criada, permitindo todas as atividades ilegais durante 12 horas. Este período, chamado de Noite do Crime, é marcado por milhares de assassinatos, linchamentos e outros atos de violência por todo o país. O intuito, segundo o governo, é permitir que todos os cidadãos libertem seus impulsos violentos, garantindo a paz nos outros dias do ano. Neste contexto vive a família de James Sandin (Ethan Hawke), um vendedor de sistemas de segurança que prospera graças à Noite do Crime. Quando o evento ocorre, no entanto, o filho de James aceita abrigar um homem perseguido por psicopatas. Logo, toda a família está em perigo, seja dentro de sua própria casa, com a presença do desconhecido, seja pelas ameaças vindas dos psicopatas em frente ao imóvel, que prometem entrar e matar a todos.''
"Quem escreveu isso deve ganhar uma medalha de desonra ao mérito. São uns dos personagens mais tolos em anos. Isso sem falar no argumento cara-de-pau. Próximo!" (Alexandre Koball)
"O interessante pano de fundo é logo esquecido por um filme que o ignora e prefere apelar para o torture porn genérico, nada marcante e com alguns momentos particularmente constrangedores." (Bernardo D.I. Brum)
"Óbvio que não há como desmerecer sua premissa, por si só, deveras interessante. Mas realmente precisavam de personagens e situações tão estúpidas para fazer o carro andar?" (Rafael W. Oliveira)
Mistura de ficção científica e terror não sabe aproveitar boa premissa.
''A vantagem de produzir filmes de baixo orçamento a toque de caixa como os do produtor Jason Blum (Atividade Paranormal, Sobrenatural) é que dá pra reagir à realidade de imediato. O suspense ''Uma Noite de Crime'' está diretamente ligado à agenda social do governo Obama, e à reação pública que ela tem gerado nos EUA. A trama se passa em 2022, quando os Estados Unidos foram refundados depois que a pobreza e a violência saíram do controle. Agora, anualmente, acontece a purgação do título: 12 horas em que qualquer cidadão do país pode cometer crimes sem ser punido. A medida que cria essa válvula de escape diminui dramaticamente a violência no resto do ano, e ajuda na recuperação econômica: os ricos usam o dia do expurga para chacinar as minorias (pobres, inválidos) que atrasavam o avanço do país. Ninguém na produção do filme levou em consideração que nenhuma economia cresce sem explorar mão de obra barata (os ricaços que trabalham como faxineiros devem aparecer só na continuação...). O essencial para Blum e o roteirista e diretor James DeMonaco é responder à reação popular conservadora que condenou, por princípio, a disposição de Obama de desenvolver um sistema público de saúde para atender os necessitados. Embora a maioria das histórias de futuro distópico adote esse mesmo viés humanista - a busca pela nossa solidariedade perdida no meio da superpopulação, do totalitarismo ou da robotização - não deixa de ser curioso ver Hollywood flertando com um tema impopular como esse do assistencialismo. No papel, então, apesar do buraco na lógica socioeconômica, ''Uma Noite de Crime'' é uma interessante mistura de ficção científica e terror com discurso político. O problema é... todo o resto. Porque Blum parece à vontade para tocar os projetos que bem entende, mas aqui se vê refém dos clichês de terror que ajudou a popularizar. Não se faz cinema de gênero sem clichê, mas eles precisam ter algum sentido; em 'Uma Noite de Crime'', as máscaras dos maníacos são um desses chavões injustificados. Quem usa máscara quando pode cometer crimes à vontade? Do seu lado, DeMonaco basicamente refaz o seu Assalto à 13ª DP com Ethan Hawke, mas com o protagonista e seus familiares irritantemente menos preparados para uma situação de cerco armado (nem parece que o evento mais violento do mundo acontece anualmente ali) e com muito mais didatismo, em nome do discurso sem arestas e do entendimento imediato do público (o fato de futuros distópicos atraírem diálogos ultraexplicativos não é desculpa). Existe um princípio de dramaturgia conhecido como a arma de Tchekov: o escritor russo Anton Tchekov defende que todo elemento apresentado em uma narrativa tenha uma função, então se uma arma é mostrada ou citada em algum momento de uma história, ela deve obrigatoriamente ser disparada. O que acontece em Uma Noite de Crime é que os clichês se enfileiram como armas de Tchekov: o filme gasta seus primeiros 15 ou 20 minutos numa exposição absolutamente funcional, banalizante, e depois só resta ao espectador presenciar os desdobramentos (de trama, de subtexto) que ele já podia antever desde o começo. E isso é a morte de ''Uma Noite de Crime'', porque um filme cuja premissa trata de imprevisibilidade (qualquer crime possível significaria qualquer resultado possível) termina sendo terrivelmente manjado." (Marcelo Hessel)
Top 100#63 Cineplayers (Bottom Editores)
Universal Pictures Platinum Dunes Blumhouse Productions Why Not Productions Overlord Productions
Diretor: James DeMonaco
165.720 users / 2575 face
33 Metacritic 885 Down 521
Date 01/11/2014 Poster - # - DirectorBurt KennedyStarsJames GarnerJoan HackettWalter BrennanIn the old west, a man becomes a Sheriff just for the pay, figuring he can decamp if things get tough. In the end, he uses ingenuity instead.{Video}
UMA CIDADE CONTRA O XERIFE
(Support Your Local Sheriff!, 1969)
''A caminho da Austrália, o oportunista Jason McCullough (Garner) tropeça numa pequena cidade criada pela corrida do ouro e decide ganhar um dinheirinho extra aceitando um emprego temporário como xerife. Feliz em seu novo emprego, McCullough consegue transformar o bobo da cidade (Elam) em seu assistente, ludibriar o temido clã Danby, e ainda consegue se defender dos avanços amorosos da filha do prefeito (Hackett) - tudo sem suar a camisa ou sujar suas brilhantes botas pretas!" (Filmow)
Date 28/11/2014 Poster - ## - DirectorJon TurteltaubStarsRobert De NiroMichael DouglasMorgan FreemanBilly, Paddy, Archie and Sam have been best friends since childhood. When Billy proposes to his much-younger girlfriend, they go to Vegas to relive their glory days. However, the decades have changed Sin City and tested their friendship.{Video/@@@@} M/48
ÚLTIMA VIAGEM A VEGAS
(Last Vegas, 2013)
''Tanta gente reclama que Hollywood só faz filmes de ação barulhentos para jovens assistirem enquanto falam ao celular que, atenta ao mercado, a indústria passou a produzir para outro público regular: os mais velhos. A piada do título original, Last Vegas, se perde na tradução para "Última Viagem a Vegas", mas a comédia garante risadas para encher um bom par de horas. Os setentões Robert De Niro e Morgan Freeman e os quase lá Michael Douglas e Kevin Kline se reencontram para uma despedida de solteiro em Las Vegas. Eles se conheceram na infância, nos anos 1950, no Brooklyn, cada um seguiu um destino e, cinco décadas depois, o reencontro traz as marcas do passado e os renova para o presente e o futuro. Douglas, na pele de um tigrão, vai se casar com uma jovem de menos da metade de sua idade e convence o time a se reunir para comemorar. Para garantir a diversidade de tipos, De Niro interpreta um viúvo depressivo, Freeman faz o homem com problemas de saúde, enquanto Kline vive o entediado que fantasia uma aventura turbinada com Viagra. De cara, encantam-se com Diana, ex-advogada que se libertou de uma vida vulgar e foi viver o sonho de cantar. No papel, a sessentona Mary Steenburgen para o trânsito. Divulgado como uma mistura de Se Beber, Não Case! e Antes de Partir, a comédia equilibra humor picante e toques de sentimento, como um bom coquetel que desce macio e não sobe rápido. Seu principal ponto de apoio, óbvio, está no elenco de grandes atores, em que todos têm o mesmo espaço. O roteiro de Dan Fogelman (o mesmo do ótimo Amor a Toda Prova) oferece um material que combina riso e gravidade, o que permite aos personagens encorparem e serem mais que caricaturas. A abordagem tragicômica do envelhecimento tira o excesso de peso que filmes recentes, como Amor, de Michael Haneke, deram ao tema. As questões concretas relacionadas a corpo e emoções estão lá, mas de um modo que não dá vontade de sair do cinema e entrar no cemitério." (Cassio Starling Carlos)
"É mais interessante do que engraçado ver esse super experiente e talentoso elenco aprontando das suas em Las Vegas. Cabe bem nas matinês." (Alexandre Koball)
"É um filme previsível e que não assume qualquer risco, mas o carisma do elenco dá conta do recado, além de - surpreendentemente - ser capaz de gerar algumas risadas genuínas. Uma agradável e inofensiva sessão da tarde." (Silvio Pilau)
''O grande atrativo deste filme é seu elenco de grandes nomes. E só. Ver Michael Douglas, Robert De Niro, Morgan Freeman e Kevin Kline contracenando até que compensa (relativamente) o fraco roteiro de Última Viagem a Vegas, espécie de Se Beber Não Case da terceira idade, mas com humor instável. Eles são Billy, Paddy, Archie e Sam, amigos de infância que cresceram juntos em Nova York. O grupo, que se autointitulava Flatbush 4, se desfez com o fim da infância e cada um seguiu seu rumo. Os encontramos 58 anos depois fustigados pelos reveses da vida e da idade avançada. Sam (Kline) é um aposentado que vive na Flórida com sua esposa Miriam (Joanna Gleason). Sua rotina é participar de eventos sociais sem graça rodeado de idosos que o fazem se sentir ainda mais velho. Archie (Freeman) vive em New Jersey sendo tratado como um bebê por seu filho preocupado em excesso com sua saúde frágil. Se há algo de positivo que se pode dizer sobre a vida de Sam e Archie é que pelo menos ambos têm pessoas que se preocupam com eles. Paddy (De Niro) nem sequer tem isso. Ele se enterrou em seu apartamento no Brooklyn depois do falecimento de sua adorada mulher. Passa os dias prostrado numa cadeira, vestindo um roupão surrado, e cercado de porta-retratos da esposa. O único que parece viver uma boa vida é Billy (Douglas). Ele é rico, bem de saúde, e está prestes a se casar com uma bela mulher com a metdade de sua idade. A iminência do casório faz os amigos se reunirem depois de muitos anos para uma despedida de solteiro em Las Vegas. Há um sem número de piadas e boas situações que se poderiam extrair de uma história sobre homens na terceira idade que resolvem voltar aos velhos tempos e farrear. O roteiro de Adam Brooks e Dan Fogelman não aproveita as oportunidades e tem dificuldade em criar situações cômicas de fato engraçadas. A maioria delas é fraca e não funciona a contento. E nem mesmo o plantel de grandes astros consegue salvar conjunturas pouco criativas. Para piorar, ''Última Viagem a Vegas'' resolve falar de amor. Aquele amor romântico e irreal que o cinema adora explorar, mas que neste filme soa alienígena. Logo que os amigos chegam a Vegas conhecem Diana (Mary Steenburgen), mulher madura que trabalha como cantora num cassino. Ela irá mexer com os sentimentos de dois deles, o que soa inverossímil dado ao curto tempo da despedida de solteiro (dois dias) e à natureza do próprio programa – ninguém vai a uma despedida de solteiro para se apaixonar, principalmente homens na casa dos 70. ''Última Viagem a Vegas'' teria sido muito mais eficiente se tivesse explorado tão somente a história de quatro amigos de velha data (e idade avançada) que se reúnem para reviverem os prazeres esquecidos da juventude. Tergiversou, quis ser sério, acabou sendo careta em dados momentos, e resultou em algo sem identidade definida. Uma despedida de solteiro das mais insossas." (Roberto Guerra)
Lições e moralismo fora, comédia diverte pelo ótimo elenco.
''Difícil ver cartazes, trailer e imagens do Última Viagem a Vegas e não pensar em uma versão mais experiente de Se Beber, Não Case!. Essa impressão, no entato, não ultrapassa os primeiros minutos de projeção, que deixam clara a intenção de divertir sem escatalogia e emocionar com o pieguismo tradicional de comédias românticas. Se fosse definir o longa por estereótipos, uma junção de Antes de Partir e Se Beber, Não Case! seria o mais próximo do ideal. Pela idade dos protagonistas, há uma constante preocupação com o avançar da vida, assim como a inquietude de aproveitar cada segundo de uma aventura fora da rotina. E assim como em ambos os longas, ''Última Viagem a Vegas'' tem um elenco capaz de transformar os piores diálogos em sequências decentes, por vezes até engraçadas. Na história, um grupo de aposentados formado por Paddy (Robert De Niro), Archie (Morgan Freeman) e Sam (Kevin Kline) é convidado por Billy (Michael Douglas) - tipo mulherengo que está se casando com uma mulher com a metade de sua idade - a uma festa de despedida de solteiro na cidade do pecado. Como não podia ser diferente, relações familiares, casamento, juventude e doenças são os temas que perduram durante a viagem. Enquanto se apoia no simples divertimento da turma principal, o filme não só diverte como torna cada um deles em personagens carismáticos. A habilidade dos atores em conseguir, com apenas uma ou nenhuma fala, transmitir a angústia por anos de remédios ou namoradas ou casamento ou luto é admirável. Cenas em que os quatro estão presentes são o ponto alto do filme, mesmo quando discutem os pormenores que deixam o longa cair na mesmice de superação e bom mocismo tão comum em comédias desse tipo. Longe do moralismo e desnecessárias lições de moral, ''Última Viagem a Vegas'' diverte pela verossimilhança da amizade entre Kline, Douglas, Freeman e De Niro. A cidade de Nevada, no fundo, serve apenas como chamariz midiático ou desculpa para algumas boas piadas - este mesmo grupo, em uma mesa de alumínio no boteco da esquina, teria história tão ou mais engraçadas para contar." (Thiago Romariz)
Date 28/12/2014 Poster - ##### - DirectorTony RichardsonStarsRita TushinghamDora BryanRobert StephensA pregnant teenage girl must fend for herself when her mother remarries, leaving the girl with only a new male friend for support.[Mov 08 IMDB 7,7/10 {Video}
UM GOSTO DE MEL
(A Taste of Honey, 1961)
"O encontro do realismo de pia de cozinha de Shelagh Delaney encontra o free cinema de Richardson drama visceral e realista, ruptura com a narrativa tradicional, equilíbrio tênue entre o ficcional e o documental. Uma geração única na história do cinema." (Bernardo D.I. Brum)
"Que ninguém se engane pelo título: “Um Gosto de Mel” é mais amargo que jiló. Ou, para usar a expressão dita pelo ministro Carlos Ayres Britto na mesma semana em que revi o filme agora, uns 50 anos depois de vê-lo pela primeira vez: tem um gosto de jiló, de mandioca-roxa, de berinjela crua. O filme que Tony Richardson dirigiu em 1961 é um retrato dilacerante do período de alguns meses na vida de uma adolescente pobre na periferia de uma grande cidade inglesa. Dilacerante, tristíssimo, desesperançado, desolador. É também mais uma obra marcante que reafirma aquela crença que tenho há décadas, e fica ainda mais forte a cada dia: a de que nenhum homem ou mulher deveria ter a capacidade de ser pai ou mãe — até prova em contrário. Ser pai ou mãe não deveria ser uma obrigação decorrente da biologia, deveria ser uma opção. Mais ainda: para permitir que alguém decidisse ser pai ou mãe deveria haver vestibular. Só poderia ter filhos quem passasse em concurso sério, com prova de títulos e de conhecimento, e banca examinadora exigente. A protagonista é filha não desejada de pai nunca visto e mãe ignorante e fútil. Jo (o papel da então estreante Rita Tushingham, aos 19 anos, mas com a aparência de uns 15, 16) é uma garota inteligente, esperta, com um senso de humor apurado – e é estranho que ela tenha humor, ainda mais apurado, tendo a vida que tem. Jo é pobre sem eira nem beira, filha não desejada de pai nunca visto e uma mulher pobre, ignorante, fútil, chegada a uma noitada, um homem e alguma cachaça, uma tal Helen – interpretada, quase de maneira caricatural, por Dora Bryan. Quando Jô volta da escola para o quarto quase dickensiano em que moram de aluguel, Helen acaba de ser cobrada pela dona da casa – está com o aluguel atrasado há várias semanas. Antes mesmo dos créditos iniciais, Helen e Jo juntam seus pertences e fogem dali pela janelinha que dá do quase subsolo para a rua. Jo nunca teve uma casa. Passou a vida mudando de quarto alugado para quarto alugado, fugindo das dívidas da mãe que, aparentemente, nunca trabalhou na vida. Filha de mãe que nunca trabalhou, nem working class Jo chega a ser. Working class, como diz o próprio nome, é a classe pobre que trabalha muito por salário pouco. O inglês que falam é o mais puro cockney, o inglês dos pobres iletrados. E no entanto Jo tem humor. Ri de sua própria desgraça, e da desgraça da mãe. A atriz Dora Bryan (na foto abaixo) compõe uma Helen desprezível, odiosa, nojenta. Sua filmografia quase chega a cem títulos, entre a estréia em 1947 e 2006. Estava, em 1961, época do filme, com 38 anos. Seu personagem está com cerca de 40 – mas é absolutamente incrível como parece ter muito mais. Parece uma matrona de uns 60, ou mais. O filme não identifica a cidade em que se passa a ação. É, pelo que se vê, uma cidade grande, e à beira-mar. As filmagens foram na Grande Manchester, mas, a rigor, o que Tony Richardson pretende dizer é que aquelas vidas trágicas poderiam estar acontecendo em qualquer grande cidade inglesa. Na hora em que as duas descem do ônibus com suas malas para se encaminhar até o novo quarto que Helen vai alugar, Jo é auxiliada por um rapaz simpático, prestativo, Jimmy (Paul Danquah). Veremos depois que Jimmy trabalha como cozinheiro em um grande cargueiro fundeado no porto. Os dois vão voltar a se encontrar por acaso, uma vez, depois outra, depois outra. Jo pergunta a Jimmy, numa ocasião qualquer, se seus pais vêm da África – a pele do rapaz é negra, algo que, em 1961, ainda não era tão comum de se ver na Inglaterra. A invasão da sede do império por imigrantes das mais distantes possessões britânicas espalhadas pelo mundo estava apenas começando. Jimmy dá uma boa risada, e diz que não, que seus pais vêm de Liverpool. Com Jimmy, Jo terá algo parecido com um gosto de mel. Por pouco tempo. Marinheiros vão embora, e adolescentes pobres não costumavam usar métodos anticoncepcionais, e então Jo se percebe grávida, depois que a mãe doidivana foi viver com um sujeito tão repulsivo quanto ela, um tal Peter (Robert Stevens). Esse Peter aceita ter e mantér aquele traste de mulher, desde que ela não carregue a filha. Quando o filme já ruma para a segunda metade, Jo conhece outro jovem – Geoffrey, uma interpretação espetacular de Murray Melvin. É um personagem fascinante, assim como é fascinante a relação que se estabelece entre os dois garotos. Geoffrey é homossexual, e afeiçoa-se tremendamente por Jo, uma pessoa tão deslocada no mundo quanto ele mesmo. Boa parte da beleza deste filme tristíssimo – que se baseia numa peça de teatro de Shelagh Delaney (1938-2011), lançada em 1958 – vem de Rita Tushingham, essa moça de rosto feioso e ao mesmo tempo lindo, iluminado por gigantescos olhos verdes. A interpretação de Rita é fascinante, abençoada. Ela incorpora Jo completamente, e faz daquela pobre garota pobre uma bela flor no meio do lixo das periferias das grandes cidades. Algo mais ou menos como Debbie Reynolds havia criado Tammy como uma flor no meio dos pântanos do Mississipi. Para mim, e tenho certeza de que para milhares e milhares de pessoas da minha geração, Rita Tushingham era a cara do novo cinema inglês, o Free Cinema, que surgiu no finalzinho dos anos 1950 e início dos 1960, na mesma época que a nouvelle vague de Godard, Truffaut e Chabrol. Mais do que o jovem Albert Finney de As Aventuras de Tom Jones, que Tony Richardson faria dois anos mais tarde, em 1963, mais do que o jovem Richard Burton de Odeio Essa Mulher, que o mesmo Richardson havia feito em 1959, a cara do novo cinema inglês era a cara feiosa e linda de Rita Tushingham.Ela voltaria a encantar em Girl with Green Eyes (1964), ao lado de Peter Finch e Lynn Redgrave, e em “The Knack”, no Brasil “A Bossa da Conquista” (1965), dirigido por Richard Lester, o realizador que faria os dois filmes com os Beatles, A Hard Day’s Night (1964) e Help! (1965). E depois ficaria marcada para sempre como a garotinha sem nome mas com um dom, um talento (herança do pai poeta?), que aparece no começo e no fim de Doutor Jivago (1965), a maravilhosa transposição para o cinema do romance de Boris Pasternak. É impressionante como o filme mostra influência do neo-realismo italiano. Ao rever agora “Um Gosto de Mel”, me impressionou demais como o filme parece ter saído do neo-realismo italiano. Todo o visual e toda a ambientação é neo-realismo puro: o preto-e-branco não muito iluminado dos interiores e das cenas noturnas, a paisagem desolada e desoladora (lá, da Itália destruída pela Segunda Guerra; aqui, da periferia pobre das cidades industriais), a vida dura dos pobres e suas habitações inóspitas, a imensa quantidade de tomadas externas, longe dos estúdios. É de fato impressionante como o neo-realismo italiano influenciou as cinematografias de tantos países: França, Inglaterra, Brasil, muito depois Irã… Impressionante. “Um Gosto de Mel” teve seis indicações para o Bafta, o prêmio da Academia Britânica: melhor filme britânico, melhor filme do ano, melhor atriz para Dora Bryan, melhor roteiro para Shelagh Delaney e Tony Richardson, melhor nova atriz para Rita Tushingham, melhor novo ator para Murray Melvin. Só não levou os de melhor filme e melhor novo ator. Os créditos do filme apresentam Dora Bryan e Robert Stephens – os adultos, os nomes já com alguma consagração – como os atores principais, e colocam Rita Tushingham e Murray Melvin depois, sob o selo de introduzindo. Coisa ridícula da indústria. Os atores principais são mesmo os “introduzidos”, os jovens, os newcomers, como diz o nome dos prêmios Bafta, Most Promising Newcomer to Leading Film Roles. O Festival de Cannes corrigiria essa distorção: Rita Tushingham e Murray Melvin (na foto abaixo) levaram lá os prêmios de melhor atriz e melhor ator. O Dicionário de Filmes do mestre francês Georges Sadoul, que, ao contrário da maioria dos guias, concentra-se nas obras mais importantes, sem se preocupar com o número de filmes comentados, diz: Originário do Free Cinema e dos angry young men, um quadro da vida numa grande cidade inglesa, que não resvala nem para o miserabilismo nem para o populismo, e centraliza-se na personagem ingrata mas cativante, interpretada por Rita Tushingham. Admiráveis imagens dos cenários naturais, obra de Walter Lassaly. Leonard Maltin dá 3.5 estrelas em 4: A peça de Shelagh Delaney que fez sucesso nos palcos de Londres e da Broadway é tocante e descomprometida com ótimas, sensíveis atuações. Um pequeno detalhe: qualquer fã dos Beatles conhece de cor e salteado a canção A taste of honey. Está no Please Please Me, o primeiro álbum, lançado na Inglaterra em março de 1963, e também no primeiro compacto duplo, que saiu no mercado inglês em julho de 1963. Pouquíssimos meses, portanto, após o lançamento do filme de mesmo nome. Paul faz a voz solo, com John entrando em dueto na abertura e no refrão. A canção teria, é claro, um monte de outras versões, de gente de jazz, da grande música americana, do rock, do pop, do escambau: Andy Bey & The Bey Sisters, Johnny Rivers, Chet Baker, Julie London, Tony Bennett, Bobby Darin, The Hollies, Trini Lopez, Barbra Streisand, Sarah Vaughn. Em 2005, teria uma belíssima regravação da fantástica Lizz Wright. A gravação de maior sucesso, no entanto, foi apenas instrumental, por Herb Alpert & The Tijuana Brass, que ficou 13 semanas entre os mais vendidos segundo a revista Billboard. Pois muito bem: A taste of honey, a canção, não está em A Taste of Honey, o filme. Mas tem a ver com a obra. Foi composta por Bobby Scott e Ric Marlow para a versão da Broadway da peça que havia feito sucesso no West End de Londres. A versão da Broadway começou a ser apresentada em 1960. Tony Richardson poderia, portanto, ter usado a canção no filme. Preferiu não usar. A trilha sonora do filme, composta por John Addison, é cheia daquele tipo de melodia bem humorada, brincalhona – como se fosse uma trilha de uma comédia. Um toque de bom humor numa história profundamente deprê. Para quem é mais velho, no entanto, é impossível dissociar a música cantada pelos Beatles – e por tantos outros – do filme. "Um Gosto de Mel" tem um gosto amargo que nem jiló de vida de triste, sem horizontes, sem saída. Mas vem temperado por um toque de Beatles e a imagem eterna de Rita Tushingham." (Sergio Vaz)
1961 Palma de Cannes
Woodfall Film Productions
Diretor: Tony Richardson
2.384 users / 341 face
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Date 22/02/2014 Poster - ###### - DirectorPeter CollinsonStarsMichael CaineNoël CowardBenny HillA comic caper movie about a plan to steal a gold shipment from the streets of Turin by creating a traffic jam.{Video/@@@@@}
UM GOLPE A ITALIANA
(The Italian Job, 1969)
''Um grupo de assaltantes, liderado pelo estiloso Charlie Croker (Michael Cane) tem uma nova missão: promover um golpe de milhões em pleno centro de Turim, na Itália. Será o maior assalto já visto na Europa, se a Máfia e a polícia não conseguirem atrapalhar os planos do grupo.'' (Filmow)
Um divertidíssimo filme de assalto, com cenas muito bem elaboradas. Superior à sua refilmagem.
''Assim como em minha recente crítica ao filme O Destino de Poseidon, destaco aqui que este é um trabalho bem superior à sua refilmagem (conhecida aqui no Brasil como Um Golpe de Mestre), mesmo tendo 30 anos a mais de existência. O filme é muito mais bonito, divertido, e seus personagens são muito mais interessantes. E – pasmem! – o filme é incrivelmente mais excitante. Uma perseguição com Mini Coopers no ato final é de tirar o fôlego, devido à perícia de seus motoristas, que fazem os policiais de palhaços inúmeras vezes consecutivas. Isso sim pode ser chamado de entretenimento da melhor qualidade. Antes de morrer, um famoso bandido deixa planejado um assalto incrivelmente ousado nas ruas de Turim, na Itália, algo para fazer o pessoal de Onze Homens e um Segredo ter inveja. Quem aceita o desafio é Charlie Croker, vivido por um Michael Caine no auge da carreira e dono de um carisma que poucos atores hoje em dia possuem. Ele conta com a ajuda de uma equipe especializada em vários assuntos (até mesmo informática, em plenos anos 1960, veja só). Seu maior desafio não será a polícia, e sim a Máfia italiana, que por orgulho tentará impedir o golpe a qualquer custo. O filme possui uma gama grande de personagens carismáticos, o que faz com que, além das divertidas cenas de ação do assalto, tudo o que envolve o acontecimento seja no mínimo interessante de se acompanhar. Mesmo que obviamente o destaque seja o charmoso e exigente Croker, os outros envolvidos com o golpe – que aqui fogem um pouquinho de serem estereótipos pré-caracterizados – possuem também certo carisma. O filme é recheado de humor irônico, que traz uma sensação leve e despretensiosa a toda a operação, ou seja, apesar do plano ser realizar o maior assalto da Europa de todos os tempos, todos estão lá se divertindo com o que gostam de fazer, e esse sentimento é passado de forma deliciosa ao espectador, que recebe assim um filme fluente que em nenhum momento consegue ser aborrecido. Isso tudo não contando o quase antológico final, que deixa uma situação (a qual, como sempre, eu não estragaria contando-a a você) incrivelmente em aberto, e há todo tipo de teoria circulando em fóruns de discussão sobre o filme em relação ao que pode ter acontecido nesse final. Além dele, há um número razoável de outras pequenas grandes cenas, e somente parte do filme pode ser considerada fútil ou dispensável. Tudo isso graças ao roteiro bem construído, mesmo que pareça ter sido montado ao redor do assalto, e não o contrário. A técnica encontrada em Um Golpe à Italiana é muito boa, mas poderia ter sido mais caprichada, agregando maior valor ao filme e tornando-o, aí sim, uma obra-prima. Empreender uma montagem mais ousada daria ao filme um toque de magnífico refinamento, por exemplo. Há alguns momentos, claro, bem inspirados, mas estes são originados pelo roteiro que obriga a técnica a ser apurada, principalmente nas cenas-chave do longa-metragem. Apesar disso, a fotografia dos Alpes encanta pela sua grandiosidade, como geralmente acontece em todos os filmes que lá se passam, afinal, em minha opinião, é a região mais bonita do planeta. Finalmente, pode-se concluir que antigamente os filmes eram mais charmosos e possuíam mais personalidade. Hoje, mesmo com milhões em orçamento e tecnologia que limita à capacidade criativa a visão de um filme, o velho clichê pode ser mais uma vez utilizado: não se fazem mais filmes como antigamente. Pelo menos de forma geral. Dispense a refilmagem (que não é de todo má, é apenas ordinária no todo) e corra atrás desse quase brilhante filme dos anos 1960. Ele tem mais conteúdo, é mais bem interpretado e, principalmente, tem muito mais classe, que é a sua principal moeda de venda.'' (Alexandre Koball)
27*1970 Globo
Date 02/02/2015 Poster - ###### - DirectorIvan ReitmanStarsArnold SchwarzeneggerPenelope Ann MillerPamela ReedA tough cop must pose as a kindergarten teacher in order to locate a dangerous criminal's ex-wife, who may hold the key to putting him behind bars.[Mov 03 IMDB 5,9/10 {Video/@} M/61
UM TIRANO JARDIM DE INFÂNCIA
(Kindergarten Cop, 1990)
"O físico de brucutu transformou Arnold Schwarzenegger em um clássico, perfeito para estrelar filmes de ação e violência, como O Exterminador do Futuro. Só que, em comédias, o atual governardor da Califórnia também mostrou um talento aceitável. Neste divertido "Um Tira no Jardim da Infância" o justiceiro de schwarzeneger é um policial que, disfarçado de professor de pré-primário, tem que capturar um traficante de drogas, pai de uma criança da escola. A grande piada é metalinguística: ver seu personagem enfrentar um grupo de crianças (e, na maioria das vezes, perder) é pôr o outrora exterminador num eficiente papel de palhaço. Agora que o ator entrou na política, talvez a sacada perda um pouco a graça. Mas ainda dá para rir." (* Inácio Araujo *)
''Uma duplas de policiais está atrás de um traficante de drogas. Sabendo que ele quer encontrar sua ex-esposa e filho, com quem suspeita que esteja 3 milhões de dólares vindo das drogas, os policiais partem para outra cidade. Se infiltrando em um jardim de infância, eles pretendem encontrar a criança antes do pai. Clássico da Sessão da Tarde. Ver Schwarzenegger, lidando com as crianças, e mesmo tendo um pouco de ação na trama, quebrando seu padrão de filmes, é bem divertido. Lógico que a trama é óbvia e sabe-se qual será o final, mas serve bem para entreter. Com certeza esse filme serviu de inspiração para o recente Operação Babá." (Nathalia Ranhes)
Imagine Entertainment (presents) Universal Pictures
Diretor: Ivan Reitman
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Date 07/03/2014 Poster - #### - DirectorValeria Bruni TedeschiStarsValeria Bruni TedeschiLouis GarrelFilippo TimiA family is forced to sell their Italian home.{Video/@@@}
UM CASTELO NA ITÁLIA
(Un Château en Italie, 2013)
''Louise (Valeria Bruni Tedeschi) faz parte de uma grande família burguesa italiana, que vive um período de transformações: enquanto seu irmão está doente, e os conflitos com a mãe aumentam, eles são forçados a vender seu castelo na Itália. Em meio a todas essas confusões, Louise encontra Nathan (Louis Garrel), jovem que se declara apaixonado por ela." (Filmow)
Date 21/02/2015 Poster - - DirectorAbbas KiarostamiBanafsheh ModaressiStarsRin TakanashiTadashi OkunoRyô KaseIn Tokyo, a young sex worker develops an unexpected connection with a widower over a period of two days.[Mov 07 IMDB 6,8/10 {Video/@@@} M/76
UM ALGUÉM APAIXONADO
(Like Someone in Love, 2012)
“And feeling like someone in love”.
''Antes de chamar a atenção por sua história, ou pelo simples fato de ser o novo trabalho de Abbas Kiarostami, do aclamado Cópia Fiel (Copie Conforme, 2010), ''Um Alguém Apaixonado'' (Like Someone In Love, 2012) causou interesse principalmente por ser todo falado em japonês, filmado no Japão, com elenco japonês e em parceria com produtoras japonesas. Considerando que o diretor iraniano não fala absolutamente nada nessa língua, além do fato de se tratar de uma estranha história de pessoas de alguma forma apaixonadas, podemos entender porque esse detalhe vale tanto em uma análise geral da obra. Como se sabe, o cinema de Kiarostami chama atenção, entre outros tantos atributos, pelas justaposições, pela liberdade de se metamorfosear em seu decorrer e pelo caráter desafiador de seus exercícios com a linguagem cinematográfica. Seu grande talento está em pegar situações cotidianas e transformá-las em análises amplas que discutem uma série de temas interessantes. No caso de Um Alguém Apaixonado, como o próprio título indica, a brincadeira da vez está em mexer com sentimentos românticos. Apesar de rodear sentimentos como amor, paixão e ciúme, não se trata de um romance. Também não se encaixaria na classificação de comédia, apesar de algumas passagens cômicas, e seria genérico demais apontá-lo como um drama. Isso por não se tratar de um filme de gênero, mas sim de uma desconstrução. Ele começa apenas nos apresentando o básico sobre sua trama e seus personagens, despertando certo interesse neles, para depois regredir em sua narrativa até não sobrar muito com o que se identificar, de modo que o pouco que sabemos se dissolve até sobrar apenas os princípios que o cineasta deseja abordar. É como se despisse seu filme das carcaças tradicionais de uma encenação – atores, história, cenário – para manter apenas o conteúdo abstrato a ser discutido. Não demora muito tempo para se perceber que a história já não importa mais, e sim o que há por debaixo dela. O superficial seria dizer que a trama gira em torno de uma estudante de Tóquio, que para pagar seus estudos assume a profissão de prostituta, sem que seu namorado ciumento fique sabendo, e acaba desenvolvendo um sentimento indefinível por um de seus clientes, um idoso professor. Através de longas conversas em carros – o que parece ser uma situação quase obrigatória em todos os filmes de Abbas Kiarostami – algumas normas sociais vão sendo sutilmente dissecadas, até sobrar apenas o princípio por trás de cada uma delas, em seu estado mais cru e inicial. Dessa dissecação vem a habilidade do diretor em extrair o ser humano como algo abstrato de dentro de seus personagens, onde o jogo de identidades, onde verdade e mentira, fato e ficção, se misturam em uma rede de enigmas e no fim nada disso se mostra muito especial. Em uma das primeiras cenas, por exemplo, a personagem principal conversa pelo telefone com o namorado, enganando-o ao mentir sobre sua localização, o que já indica que nada no filme pode ser considerado de fato confiável. Na cena de abertura, também há imagens sendo mostradas ao som de uma voz da qual não conseguimos encontrar a origem. A geometria confusa das linhas percorridas pela câmera, personagens conversando com pessoas que estão fora do enquadramento – tudo é uma grande brincadeira com técnicas cinematográficas, que serve para desqualificar a integridade de personagens que poderiam se mostrar sólidos, mas que na verdade não passam de incógnitas. Em meio a um cenário e língua desconhecidos pelo próprio diretor e, consequentemente pelo público, já que o que temos disponível é a visão dele sobre as situações ali mostradas, e a um sentimento-tema que já garante certa confusão, podemos entender porque Um Alguém Apaixonado é tão desconcertante. Fala sobre estar apaixonado, mas quem exatamente nesta história está apaixonado? É o namorado da garota? É a garota? Se for, por quem ela está apaixonada? Pelo velho ou pelo namorado? Será que o professor já a conhece de algum lugar, como por vezes parece indicar? Assim como qualquer um que já se apaixonou sabe, nesse assunto não há respostas definitivas, somente dúvidas sobrepostas. Aproveitando a deixa, Kiarostami sobrepõe reflexões enquanto desconstrói sua trama em um emaranhado de dúvidas e destroços – talvez sem a mesma classe e qualidade artística de Cópia Fiel, inclusive no que diz respeito à mise-èn-scene, mas inegavelmente original, sem começo e de final absurdamente abrupto, que não responde a nenhuma das perguntas que se formam em nossa cabeça durante a projeção (escolha tomada por muitos como preguiçosa e picareta, embora eu não entenda a surpresa destes em ver Kiarostami – autor do final indigesto de Gosto de Cereja [Ta’m e guilass, 1997] – optando por isso). Afinal, esse é um filme de questionamentos, e não de soluções." (Heitor Romero)
"Entre invenções e omissões os homens se relacionam e constroem laços. Kiarostami segue sua observação de comportamento apostando numa rarefação de decoupage e interpretações pela qual ações triviais se expandem em um contexto imenso quando estão na tela." (Daniel Dalpizzolo)
"Kiarostami e as poucas respostas. O amor e suas várias formas (platônico, destrutivo e de admiração) em uma reflexão sobre solidão e a necessidade de companhia. A narrativa segue como um caso de amor: começa a se revelar aos poucos até o desequilíbrio." (Emilio Franco Jr)
"Kiarostami segue mostrando, abrindo caminhos, como um mestre da encenação e sempre fiel ao seu cinema, mesclando a pureza de um Rossellini com a serenidade de Ozu, e uma beleza estética próxima de ambos desses diretores." (Vlademir Lazo)
''Com Abbas Kiarostami, o espectador pode ter grande prazer, mas nunca um conforto completo, desde que o filme depende sempre de nós mesmos, que somos chamados a uma espécie de coautoria (o que implica, de certo modo, o fim da ideia de autor). Em "Um Alguém Apaixonado" estamos diante de uma história sem começo e sem fim. É como se entrássemos na sala com o filme em andamento e fosse necessário imaginar o que aconteceu antes para entender o que está se passando. Assim, Akiko, moça do interior, não pode encontrar a tia, que veio a Tóquio visitá-la, pois é garota de programa e foi convocada para um encontro com pessoa importante. Quem é Akiko? Não sabemos. Por que faz programa, estuda e tem um namorado - tudo isso ao mesmo tempo? Também não sabemos. Existe aí uma mistura de curiosidade, necessidade econômica, prazer sexual. Talvez. O encontro é com Takashi, velho professor aposentado. Homem ilustre? Ilustrado, em todo caso. E por que Takashi procura uma garota de programa? Por solidão? Diversão? Também não sabemos. Esse é o andamento de nossas dúvidas, mas é também o da satisfação com que seguimos cada cena: a curiosidade de descobrir algo sobre esses personagens que nos foram lançados assim sem grande explicação - tanto mais são fascinantes em seu mistério - nos arrasta. Noriaki é o namorado da menina e, quando entra em cena, as coisas estão mais ou menos estabilizadas. Quem não está é ele, personagem do ciumento telefonema que Akiko recebe no começo do filme. Os papéis, quase como em Cópia Fiel (porém mais discretamente), não permanecem fixos. O professor pode se converter em avô e conselheiro de ambos. Noriaki passa de amante inseguro a traído violento. Akiko, o centro de tudo, pode se mostrar amiga, devassa, ou transitar da farsa à sinceridade. Ela é muitas. Talvez como todos sejamos na vida. Ninguém estranhará que Kiarostami, ao fazer o filme, não tenha dado o roteiro todo aos seus atores. Dava-lhes apenas as cenas do dia. Queria, por certo, que eles levassem para o "set" essa espécie de pureza diante das coisas, de surpresa diante de seus próprios gestos e palavras. "Um Alguém Apaixonado" confirma, penso, Kiarostami como o cineasta que melhor responde, hoje, no mundo, às questões contemporâneas. Não é só por seu pensamento original sobre a narrativa e pela maneira como faz do espectador um coautor de seus filmes que isso acontece. E sim, sobretudo, pela maneira de olhar as pessoas - fragmentadas, parciais, deslocadas, quase exiladas de si mesmas - e inseri-las em um mundo conturbado o bastante para nunca acolhê-las de todo." (* Inácio Araujo *)
''O espectador dos filmes de Abbas Kiarostami nunca é um preguiçoso, porque ou ele se assume coautor ou sai do cinema indignado. Não será diferente com "Um Alguém Apaixonado", que integra a programação da 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em que cada personagem traz um mistério a que Kiarostami acrescenta o peso de um enigma. Vejamos Akiko: sabemos que é uma garota do interior, que estuda (pouco), que aceita ter encontros amorosos pagos. Até aqui não é muito. Mas por que ela chora quando não pode se encontrar com a avó? Se se prostitui por que mantém um noivado com o mecânico Noriaki? E, afinal, que tipo de relação ela tem com o velho professor Takashi, em cuja casa vai parar aparentemente para um encontro romântico, mas com quem passa a ter uma relação de avô e neta? Nenhuma dessas perguntas tem resposta. Estamos num filme sem início e sem final. Ou antes: talvez o final e o início incumbam a nós, coautores, descobrir. O que duplica o prazer de estar com essas belas imagens." (** Inácio Araujo **)
Abbas Kiarostami toma o pulso acelerado de Tóquio numa comédia romântica de erros.
''O cinema só tem a ganhar se Abbas Kiarostami, como Woody Allen, decidir transformar num hábito a ideia de rodar filmes em lugares distintos. O mais importante cineasta do Irã saiu do seu país e foi ao Velho Mundo fazer Cópia Fiel, e agora roda Um Alguém Apaixonado (Like Someone in Love) em Tóquio. Os dois filmes formam um díptico interessante porque representam opostos: o peso histórico da Europa contra o motor da modernidade efêmera na capital japonesa. Se Cópia Fiel, com suas referências ao passado, era um filme de muitos tempos em um, ''Um Alguém Apaixonado'' é um filme de muitos espaços em um. Sai a carga da história, representada no flanar, no pedestrianismo, e entra o imediatismo de viver tudo agora, acelerado pelos muitos deslocamentos de carros ao longo do filme. Kiarostami não chega ao ponto de filmar Um Alguém Apaixonado inteiro dentro de um carro, como já fez no Irã em Dez, mas foi quase. Os dois cenários que servem de começo e fim para essa história de deslocamentos são um bar e um apartamento. No bar, a acompanhante de luxo Akiko (Rin Takanashi) aceita contrariada quando seu cafetão manda ela pegar um táxi até um endereço a uma hora de Tóquio, o apartamento de um velho professor e tradutor, Takashi (Tadashi Okuno). Presume-se que Takashi é o tal personagem que age como alguém apaixonado do título, porque inicialmente ele só quer aproveitar a companhia de Akiko com um tranquilo jantar romântico em seu apê, e rapidamente sua vida está tão desarranjada quanto os corações dos amantes. A comparação com Woody Allen vem ao caso porque ''Um Alguém Apaixonado'' começa dramático mas se desenrola como uma comédia de erros romântica. E nunca uma personagem foi tão portadora de malentendidos quanto Akiko. Kiarostami faz um filme em que os espaços se confundem porque a cacofonia do bar no início - em que pessoas trocam de lugares para manter conversas paralelas - depois se transfere para o apartamento do velho, desde o momento em que o telefone toca quanto Akiko chega. Logo Takashi estará lidando com o barulho das aulas de inglês e com a vizinha curiosa (cujo mundo restrito não poderia ser melhor representado do que com a janelinha por onde ela espia a vida dos outros). É como se Akiko, a garota de programa, que pela própria definição da sua profissão é uma pessoa eternamente em trânsito existencial, carregasse consigo as atribulações do mundo - e os reflexos da janela do carro no rosto da simpática Rin Takanashi, durante o passeio à noite na cidade, dão plenamente conta disso. E é com esse descompromisso panorâmico, por vezes hilariante e outras bastante triste, que Abbas Kiarostami encontra uma forma no Japão para falar sobre a sufocante onipresença da modernidade." (Marcelo Hessel)
2012 Palma de Cannes
Top Irã #10
Euro Space MK2 Productions
Diretor: Abbas Kiarostami
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Date 09/04/2014 Poster - ####### - DirectorCrispian MillsChris HopewellStarsSimon PeggPaul FreemanAmara KaranA crime novelist whose research on Victorian serial killers has turned him into a paranoid wreck must confront his worst fears when a film executive takes a sudden interest in his movie script.[Mov 04 IMDB 5,8/10 {Video/@@@@} M/31
UM FANTÁSTICO MEDO DE TUDO
(A Fantastic Fear of Everything, 2012)
''Um autor de livros infantis (Pegg) que decide virar escritor de romances de mistério. Sua pesquisa sobre assassinos em série da era vitoriana o transforma em um paranoico - especialmente quando um executivo de Hollywood decide fazer um filme com base nas descobertas do escritor." (Filmow)
"Em determinado plano de "Um Fantástico Medo de Tudo", os diretores Crispian Mills e Chris Hopewell escurecem a maior parte do quadro para destacar uma porção de uma estante de livros que se assemelha à imagem do crânio de uma caveira, que jamais visualizaríamos sem este artifício - e que, então, passamos a enxergar sempre que o cenário ressurge. Com isso, experimentamos um pouco da paranoia de Jack (Simon Pegg), um sujeito que, após estudar minunciosamente o modus operandi de uma série de psicopatas do século XIX com o propósito de escrever roteiros de suspense, acaba desenvolvendo um medo irracional de ser assassinado e passa a enxergar evidências da presença se serial killers em todos os locais que frequenta. Esta é a divertida premissa da comédia britânica Um Fantástico Medo de Tudo, que, aberta com créditos iniciais inspirados em filmes de terror e escrita por Crispian Mills, acompanha a perturbação demente do personagem de Simon Pegg (Missão: Impossível - Protocolo Fantasma) durante uma noite em que o sujeito precisa sair de casa para uma reunião de negócios. Porém, para ir ao tal encontro, Jack precisa esta apresentável, trajando roupas limpas inexistentes em sua residência - o que o obriga a deixar o apartamento e enfrentar uma antiga fobia relativa a lavanderias. A sequência no estabelecimento, aliás, é uma das mais divertidas, por levar a irracionalidade de Jack às últimas consequências em um ambiente absolutamente improvável. Além disso, a cena que ilustra o pontapé inicial da paranoia do protagonista é curiosa e bem conduzida, da mesma forma que as cenas ambientadas no apartamento de Jack são hábeis em exprimir a tolice dos medos do personagem - que chega a assustar até mesmo com o próprio reflexo, rejeita ligações telefônicas em decorrência do histórico uso do aparelho em tramas de horror e protagoniza uma versão inusitada e invertida da clássica cena do banho de Psicose -, além de articular suficientemente bem os eventos que o obrigam a sair de casa como uma figura grotesca. É uma pena, portanto, que os realizadores não consigam conduzir a trama a um desfecho satisfatório: os desdobramentos da sequência da lavanderia abraçam uma subtrama tola e aborrecida, que brinca de forma periférica e desinteressante com as convenções de filmes de serial killer, não faz jus ao potencial da premissa e encerra a comédia deixando um gosto amargo na boca do espectador." (Eduardo Monteiro)
Indomina Productions Keel Films Pinewood Studios
Diretor: Crispian Mills/Chris Hopewell
8.577 users / 5.075 face
Soundtrack Rock = The Pretty Things + Ice Cube + Europe
Check-Ins 470
Date 24/02/2014 Poster - ##### - DirectorÉric RohmerStarsBéatrice RomandAndré DussollierFéodor AtkineSabine vows to give up married lovers, and is determined to find a good husband. Her best friend Clarisse introduces her to her cousin Edmond, a busy lawyer from Paris. Sabine pursues Edmond, with the encouragement of Clarisse, but Edmond does not seem very interested.[Mov 10 Fav IMDB 7,1/10] {Video}
UM CASAMENTO PERFEITO
(Le beau mariage, 1982)
''Sabine (Béatrice Romand) é uma estudante de artes de 25 anos, que mantém um relacionamento com Simon (Féodor Atkine), um homem casado. Percebendo que Simon jamais deixará sua esposa, Sabine decide romper o romance. Numa festa de casamento Clarisse (Arielle Dombasle), sua amiga, a apresenta a Edmond (André Dussolier), um advogado mais velho. No mesmo instante Sabine decide que ele será seu marido, mas ele vai embora antes mesmo que possam conversar direito. A partir de então Sabine passa a persegui-lo, telefonando-o insistentemente." (Filmow)
1982 Lion Veneza / 1983 César
Les Films du Losange Les Films du Carrosse
Diretor: Eric Rohmer
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Date 07/04/2014 Poster - ######## - DirectorKenji MizoguchiStarsMinosuke BandôKinuyo TanakaKôtarô BandôUtamaro is a great artist who lives to create portraits of beautiful women, using the brothels of Tokyo to provide his models.[Mov 03 IMDB 7,3/10] {Video}
UTAMARO E SUAS CINCO MULHERES
(Utamaro o meguru gonin no onna, 1946)
''O destino das mulheres, em particular o das mulheres pobres, era sombrio, no entender de Kenji Mizoguchi. As casas de prostituição eram um destino frequente para elas e foram também um assunto frequente do grande cineasta. Ele não as conhecia apenas como artista. Consta que gastava ali todo o seu dinheiro. E que não devia ser pouco, já que era um dos três principais cineastas japoneses. Mesmo com todo esse prestígio, Mizoguchi passou por momentos difíceis, e um deles foi o pós-guerra, quando seu estilo foi considerado fora de moda. Pesavam para isso não apenas a ascensão de uma geração recente (Akira Kurosawa à frente, mas não sozinho) e os novos ares do mundo -e do Japão-, após a derrota militar. É possível que "Utamaro e Suas Cinco Mulheres", de 1946, fosse um desses filmes vistos com reservas: trata-se de falar da paixão de um pintor por sua arte e, sobretudo, o empenho em captar a vida, integralmente, que punha em cada retrato de mulher que realizava. É um filme sobre o cinema, em grande medida. Um filme tradicional, para os padrões de 1946, talvez bastante alienado, o que não deixava de convir para um cineasta que havia estado muito próximo do governo durante a guerra. Mas um belíssimo filme, quando visto em 2009. Mulheres da Noite participa do movimento de atualização de Mizoguchi. O filme é de 1948 e nos chega em sua versão internacional, de 72 min. (no Japão foi exibido em 100 min.), o que lhe confere uma agilidade maior do que a média do cinema nipônico e alguns saltos estranhos no tempo. A partir do fim da guerra, Mizoguchi inteirou-se sobre o novo estilo, em especial o neo-realismo italiano. Foi isso que pediu a seu fiel roteirista, Yoda Yoshikata: um filme nos moldes contemporâneos. Yoda escreveu e Mizoguchi filmou conforme os novos cânones: só em locações. Isso, aliás, não prejudica em nada a história da viúva de guerra que, apesar dos enormes problemas econômicos, recusa-se a cair na prostituição. Consegue um emprego (tornando-se, na verdade, amante do chefe) e terá na irmã, mais tarde, uma rival. Assim como em "Utamaro", Mizoguchi é brilhante em cada enquadramento, e em particular no trabalho de longos e elaborados planos, em que é um dos pioneiros no cinema sonoro. Ele cerra seu objeto com precisão quase maníaca, fiel a sua máxima, segundo a qual "é preciso lavar o olho após cada plano". Aprender a ver novamente, a ver o novo. Kenji Mizoguchi é um desses diretores de cinema que, quanto mais se vê, mais se percebe a qualidade única: "Utamaro" e Mulheres da Noite são filmes com modos de produção, assuntos e até estilos diferentes, mas ambos admiráveis." (* Inácio Araujo *)
''A longa filha de mulheres despidas, próxima à água, é a visão do paraíso ao pintor e protagonista. Não se trata de olhar apenas ao sexo, ao desejo e esperar pelo prazer carnal. Alguma coisa faz isso ficar em segundo plano. Outra, inexplicável, dá luz à visão do artista: aquele olhar enigmático e cheio de prazer, em busca de novas modelos – do corpo considerado perfeito – para seu próximo desenho. O mestre Kenji Mizoguchi conta a história de Utamaro (Minosuke Bandô) e algumas mulheres. São cinco? Não se sabe ao certo. É possível haver muitas mais, intermináveis, como sugerem os desenhos do plano final. Mulheres aprisionadas, destinadas a viver segundo a moldura e o amor desse artista pouco aberto a relações afetivas. Utamaro vive o paradoxo: tem todas e nenhuma. E pouco parece se preocupar. Vive a arte, não o instante e o prazer passageiro, muito menos a aventura com mulheres de bordéis. Mizoguchi prefere o todo à pequena parte. Está certo. Com o todo, constrói a ideia de beleza, a ideia do olhar e a eternização da feminilidade pela pintura. Ele, um artista, deverá sempre preferir o que é manipulado, tratado com paciência, com cada toque do pincel. Mizoguchi, contudo, mostra menos essa pintura feita à base da paciência e mais as relações amorosas, a inconstância, as personagens levadas à desgraça pelo amor. Com a arte, Utamaro está blindado. Mas até que ponto? À determinada altura, um crime nasce nas redondezas: envolve amantes perdidos e a busca da eternização do amor pela morte. Utamaro mostra-se perplexo: enquanto usa a arte para eternizar o amor, uma de suas modelos, Okita (Kinuyo Tanaka), apela ao crime para eternizar seu amante fujão, prestes a ir embora com outra mulher, Takasode (Toshiko Iizuka), cuja pele branca das costas recebeu uma tatuagem justamente do pintor e protagonista. O universo de ''Utamaro e Suas Cinco Mulheres'' explora a inconstância humana frente à arte sólida. Quando Utamaro derrota um oponente, em uma aposta levada à pintura, é como se a arte impusesse um meio para evitar a violência. Não precisa haver sangue, apenas tinta. É a resposta de Utamaro, obviamente o vencedor. O filme também se limita, em sua maior parte, aos ambientes considerados impróprios, às classes baixas: bordéis, casas de bebida, locais nos quais Utamaro busca suas modelos. O contraponto a ele é Okita, cujo grande amor, Shozaburo (Shôtarô Nakamura), fugiu com a bela Takasode. O pintor mostra-se indiferente às relações entre pessoas próximas e até mesmo íntimas, e se volta sempre às questões que o movem. Okita, ao contrário, luta por seu amor: persegue Shozaburo e a amante. Descobre onde estão e, em oposto, leva seu homem de volta, raptado. A partir de então é a mulher quem dita as regras, ainda que durem pouco. A tragédia logo bate à porta: seu homem retorna à amante e ela, tomada pelo ódio – o ódio dos amantes –, persegue-os com a lâmina e impõe o trágico. A sequência é a mais difícil, construída por Mizoguchi às sombras, ao tom da destruição. A notícia ruim chega logo: duas mulheres de Utamaro encontram um fim trágico. A primeira é assassinada e a segunda, ao que parece, será condenada à morte. A morte pelo amor questiona o pintor, como a própria assassina. Para terminar um amor genuíno, explica ela, a Utamaro, quando deseja justificar o crime. Próximo ao protagonista há também outro casal. O rapaz (Kôtarô Bandô) pertence à alta classe. Descobre-se um pintor de mulheres, o que o torna desonrado em seu meio. Sua amada, Yukie (Eiko Ohara), sai à sua procura, enquanto ele pensa apenas na arte e se envolve com outras mulheres – inclusive com Okita. Há uma cena belíssima na qual Yukie chora, ao lado de árvores, ao descobrir que seu amado está com outra. O roteiro de Yoshikata Yoda coloca as mulheres em um universo à deriva. A luta é para se incluir. O caminho é o amor e a prostituição, ao olhar masculino, confere sentido ao mundo materialista esculpido por Mizoguchi. A arte é controlada: seduz, doma e, quando impedida, o artista simplesmente se perde, como um amante sem companheira. Utamaro é punido por suas pinturas, condenado a ter as mãos amarradas por 50 dias e em prisão domiciliar. É libertado à medida que Okita vê-se mais próxima à forca. A arte, para Mizoguchi, não deixa de ser uma forma de atingir o gozo – talvez uma metáfora do próprio sexo. Não se sabe: o olhar oriental parece impor barreiras, regras, formas desconhecidas ao universo ocidentalizado banhado em sexo e consumo gratuitos. O olhar é outro. O artista estabelece outra relação com sua modelo. Apesar de menor, a mulher tem valor, cujas pequenas partes, quando à mostra, aproximam-se do escândalo. Suas costas brancas brilham como folha de papel, à espera da tinta. Aquela parte do corpo nunca mais será a mesma. Está marcada." (Rafael Amaral)
Shôchiku Eiga
Diretor: Kenji Mizoguchi
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Date 21/04/2014 Poster - - DirectorUberto PasoliniStarsEddie MarsanJoanne FroggattKaren DruryA council case worker looks for the relatives of those found dead and alone.{Video/@@@@@} M/45
UMA VIDA EM COMUM
(Still Life, 2013)
''John May podia ser um burocrata da morte: em seu escritório, trata de dar encaminhamento aos mortos desconhecidos (sem família ou mais referências) que surgem em seu distrito. Mas há algo que o particulariza: May não se contenta em despachá-los. Dedica-se a cada caso com atenção incomum. Isso chega ao ponto de escrever discursos fúnebres que começam com a frase estamos aqui reunidos..., quando ninguém está reunido: lá está o cadáver, o pastor ou padre, e John May. Não é preciso ser sábio para perceber que May, 22 anos no mesmo serviço, não se distingue muito dos seus, digamos, clientes: é mais do que um solitário. Pode-se dizer que é um morto em vida. Sua perfeita inexpressividade, no mais, dá conta desse estado. "Uma Vida Comum", diz o título do filme. Talvez. Provavelmente uma quase vida. Pode ser que ele mesmo só o perceba quando se vê diante do caso de um homem que morava exatamente diante de sua janela, Billy Stoke. Diferente de tantos outros mortos-em-vida com que May se depara, e com quem de certo modo se identifica, Stoke tem uma vida atrás de si. Descobri-la, revelar seus traços, desvendar o segredo desse homem tornar-se-á a razão de viver de John May. Talvez não seja exagerado dizer que a partir de então ele passa a experimentar ao menos reflexos de vida. A dedicação do sr. May deixa de ser profissional para se tornar pessoal. Sua busca torna-se tão insistente que seu rosto parece adquirir por vezes expressão própria, sentimentos que envolvem outros humanos. A rigor, o filme de Uberto Pasolini (sobrinho de Luchino Visconti) sustenta-se sobre a atuação de Eddie Marsan, sobre sua capacidade quase insuperável de figurar o inexpressivo num rosto, no entanto, vivo. É sobretudo sua interpretação que vale a pena neste filme ítalo-britânico digno, porém de apelo bem modesto." (* Inácio Araujo *)
{A bebida ajuda a esquecer e a dormir sem sonhar. Então ela invade você e não sai mais. É horrível, pensar que isso mata um homem} (ESKS)
''Um filme sombrio e duro ao tratar de morte e solidão. Mas nem por isso esse misto de drama e comédia de humor negro deixa de celebrar a vida. Conta a história de John May (Eddie Marsan), funcionário público inglês cujo trabalho é procurar parentes de pessoas que morreram sozinhas. Como nem sempre tem êxito, ou os familiares simplesmente não se interessam, acaba sendo presença única em muitos funerais. Como seus clientes, John é solitário. Não tem amigos, mulher e vive dias tão insossos como suas refeições: atum em conserva, pão e uma maçã. Mas ele ama o que faz, por isso seu mundo sistemático desmorona quando autoridades locais decidem que seu trabalho não é mais necessário. Desolado, decide ao menos terminar o último caso: encontrar a família e amigos de um velho alcoólatra, Billy Stoke, e convidá-los para seu funeral. Sua investigação o leva a descobrir Kelly (Joanne Froggatt), filha de Stoke. Mas a diligência atrás de uma despedida digna para Stoke vai levá-lo a outra descoberta: uma existência vívida. ''Uma Vida Comum'' é um filme de minúcias. E estas são resultados de uma parceria feliz entre o sensível diretor Uberto Pasolini e o ator Eddie Marsan. O personagem John May não fala muito ao longo do filme, mas carrega uma força de expressão emocional que sustenta toda a dramaticidade do longa. Ela está no olhar, no franzir da testa, no movimento do corpo. Uma interpretação tão suave quanto intensa. Pasolini, por sua vez, capta o melhor da atuação de Marsan e das situações propostas pelo roteiro de sua autoria. O cineasta mostra talento indiscutível em extrair sensibilidade de circunstâncias áridas e acerta também ao evitar o sentimentalismo barato, artifício atraente em produções sobre morte e solidão. Em vez disso, leva às telas um filme honesto, estudo pungente de um ser humano comum e sua relação com a realidade rude que o cerca. A identificação é fácil, afinal, esse é o cotidiano, por vezes frio e indiferente, que nos rodeia. Mas é dele que surgem drama, humor e outras emoções que vivemos. Assim é a vida real, assim é uma vida comum." (Roberto Guerra)
2013 Lion Veneza
15 Metacritic
Date 29/03/2015 Poster - ##### - DirectorTheodore MelfiStarsBill MurrayMelissa McCarthyNaomi WattsA young boy whose parents have just divorced finds an unlikely friend and mentor in the misanthropic, bawdy, hedonistic war veteran who lives next door.[Mov 10 Fav IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@} M/64
UM SANTO VIZINHO
(St. Vincent, 2014)
"Um Santo Vizinho", novo filme com Bill Murray no papel principal, do tal vizinho, tem um grande trunfo, um pequeno trunfo e um amontoado de bobagens. O grande é Bill Murray. O ator americano de 64 anos conta em seu currículo com clássicos contemporâneos como Encontros e Desencontros, Feitiço do Tempo e Os Caça-Fantasmas, além de quase todos de Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste"). Quase nunca decepciona, mostra bom gosto na escolha dos trabalhos que faz, e sua presença em cena é sempre interessante. Nessa trama, ele é Vincent, um sujeito derrotado pela vida, que bebe, joga, xinga, deve para agiotas e transa com uma prostituta russa grávida (Naomi Watts). Mora no Brooklyn, em Nova York, num sobrado caindo aos pedaços. Até que a casa ao lado, idêntica mas arrumadinha, recebe novos moradores: uma mãe que trabalha demais (Melissa McCarthy) e seu filho de oito anos, de quem Vincent passa a tomar conta desde a hora que sai da escola até a mãe dele chegar. Jaeden Lieberher, 11, o ator-mirim que interpreta o garoto, é o pequeno trunfo do filme. A química entre os dois rende os melhores momentos, ainda que os clichês do roteiro, assim como a mão pesada do diretor, teimem em aparecer, claros demais para serem ignorados. Não tem nenhuma surpresa. O título (em inglês St. Vincent) entrega o final e os bons atores em papeis coadjuvantes - Chris O'Dowd como o professor-padre de uma escola católica e Terrence Howard como o gângster para quem Vincent deve dinheiro - não atrapalham, mas também não ajudam. Ainda assim, os momentos em que os dois atores estão juntos, sem interferência do resto do elenco ou das reviravoltas da trama, são deliciosos de ver." (Tete Ribeiro)
''Nunca havia ouvido histórias sobre São Guilherme de Rochester (ou de Perth, cidade escocesa onde nasceu) com quem o personagem interpretado por Bill Murray neste Um Santo Vizinho é comparado. Para resumir a história, o católico São Guilherme acolheu, adotou e criou uma criança abandonada, que, durante uma peregrinação, degolou o pai adotivo para assaltá-lo. Fim. A rigor, portanto, a escolha desse santo mostra-se injustificada, assim como é mal resolvida parte da narrativa de estreia do diretor e roteirista Theodore Melfi, felizmente auxiliado por uma ótima atuação de Bill Murray. Que aqui interpreta Vincent MacKenna, ranzinza, desbocado e frequentemente grosseiro ex-combatente de guerra, além de beberrão e jogador inveterado, cuja vida muda (não muito) depois da chegada da nova vizinha Maggie (Melissa McCarthy), recém-divorciada, e seu filho introvertido Oliver (Jaeden Lieberher), a quem ensinará algo (bem pouco) da vida durante as tardes e noites em que bancar sua babá. Bem, Pequena Miss Sunshine, Papai Noel às Avessas e até Vovô sem Vergonha partiram de premissas bastante semelhantes, e, para diferenciar-se, resta a Theodore Melfi investir numa abordagem menos irreverente do que os citados e mais sensível. Funciona, pois Theodore Melfi recusa caricaturas: Oliver não é uma criança boba, mas de constituição física frágil e emocional abalado, e não é vitimizada em excesso, pelo contrário, aprende cedo a defender-se do bullying escolar e a compreender e também aceitar a personalidade de Vincent; este, por sua vez, como aponta o garoto, é apenas um senhor triste, cuja rabugice é um mecanismo de defesa contra as amarguras vividas. Coerentemente, portanto, Vincent não vivencia uma humanização artificial e sentimentaloide por causa do convívio com o garoto – é velho e calejado demais para isto –, e a satisfação em acompanhá-lo consiste em descobrir que há um coração bondoso ali dormente, destacado pelas sutilezas que Bill Murray agrega ao personagem. A começar pelo senso de humor cáustico e do timing cômico do ator, que não hesita em cobrar hora extra de Maggie ou lamentar-se que perderá a estabilidade no emprego se esta não mantiver a guarda da criança ao ex-marido. Entretanto, é o olhar a ponte para comunicar seus sentimentos, e ao vê-lo visitar uma paciente no hospital, imediatamente sabemos de quem se trata não por causa dos porta-retratos na sala de estar (que passarão despercebidos) ou por decisões expositivas do roteiro, mas pela forma com que seu semblante ganha vida durante uma fração de segundos. O que ainda é repetido no emocionante terceiro ato que, um tico manipulativo, conquista-nos por não precisar gritar alto seus sentimentos. Mas lembram-se quando comentei que parte da narrativa era mal resolvida? Isto acontece porque o diretor/roteirista acrescenta personagens secundários que, mesmo interpretados por atores competentes (Naomi Watts, Terence Howard e a própria McCarthy), não emplacam seus dramas particulares. Seria, inclusive, uma decisão intrigante caso o ponto de vista narrativo fosse de Vincent, de forma a revelar seu descaso pleno com relação à vida alheia, mas não é o caso aqui. E assim, a trama do agiota das corridas de cavalo (Howard), que cobra atrasados de Vincent, desaparece no éter sem dizer para que veio, ao passo que a disputa da guarda de Oliver jamais é tratada pela narrativa com a mesma seriedade que a situação e Maggie exigiam. Finalmente, a gravidez da prostituta russa Daka (Naomi Watts, comprometida pelo sotaque forçado, embora mereça crédito por levantar o dedo do meio para a vaidade) surge mais como uma curiosidade catártica do que um evento modificador na vida dos personagens. Com uma seleção musical afinada e um design de produção eficiente em revelar as diferenças entre Vincent e Maggie a partir dos jardins de suas casas, além de ilustrar o estado de espírito daquele através da decoração da casa deteriorada e móveis empoeirados, Um Santo Vizinho não é inovador ou menos previsível do que alguém poderia desejar. É somente singelo e sincero em seus sentimentos, e como adoro quando um filme é assim." (Marcio Sallen)
''Consagrado após um excelente trabalho em Encontros e Desencontros, Bill Murray não conseguiu manter o mesmo reconhecimento em filmes mais recentes. Felizmente ele volta à sua melhor forma em Um Santo Vizinho, dramédia que traz uma das atuações mais tocantes que você verá no cinema neste ano. Murray interpreta o personagem-título, um veterano de guerra descendente de irlandeses que vive solitário em sua casa padrão classe média na companhia de seu gato. Entre as apostas em disputas de turfe, problemas com agiotas e o relacionamento perturbado com a stripper Daka (Naomi Watts), ele vê sua vida mudar com a chegada dos novos vizinhos: Maggie (Melissa McCarthy) e seu filho Oliver (Jaeden Lieberher). É da união entre esse pequeno garoto, frágil e observador, com o velho ranzinza e grosseiro interpretado por Murray que surge uma relação que ajuda no crescimento de ambos.Você já deve ter visto uma quantidade incontável de filmes em que essa mesma fórmula se repente, mas aqui, a atuação de seu protagonista impede o filme de mergulhar em seus clichês. Murray se esforça a todo momento para elevar o texto, como se tentasse fugir dos tentáculos do afeto barato. Em partes consegue, principalmente quando se apóia nos alívios cômicos do roteiro para impedir que o diretor exagere do açúcar. Recheada de humor negro, piadas preconceituosas e muitas situações irremediavelmente engraçadas, o filme ultrapassa suas previsibilidades e diverte. ''Um Santo Vizinho'' é resultado da experiência pessoal de Theodore Melfi, que assina produção, direção e o roteiro do projeto. Há sete anos, Melfi perdeu o irmão de maneira precoce, adotou sua sobrinha e se mudou para uma cidade rural no Tennessee. Lá, a pequena garota começou a estudar na Notre Dame High School, uma escola católica, onde recebeu uma missão: encontrar um santo católico que a inspirasse e tivesse relação com alguém que ela conhece na vida real. Partindo desta experiência, Melf procura construir uma história que nos ajuda a entender que nossa percepção sobre o outro é, por vezes, equivocada. Mesmo que tal mensagem possa parecer infantil ou exageradamente otimista, passar pouco mais de uma hora e meia na companha de um Bill Murray em atuação digna de Oscar não é de todo mal. No fim, os clichês de Um Santo Vizinho são tão perdoáveis quanto as grosserias gratuitas de Vincent. Pode apostar." (Gustavo Assumpção)
72*2015 Globo
Chernin Entertainment Crescendo Productions Goldenlight Films Weinstein Company, The
Diretor: Theodore Melfi
42.737 users / 21.432 face
Soundtrack Rock = Jefferson Airplane + Tommy James & The Shondells + The National + Green Day + Bob Dylan + Insight Out + Jeff Tweedy + Bronze Radio Return
40 Metacritic
Date 04/04/2015 Poster - ##### - DirectorMarc FitoussiStarsIsabelle HuppertJean-Pierre DarroussinMichael NyqvistBrigitte and Xavier let routine and weariness set in after their children leave their cattle farm. When Brigitte is wooed by a young man, she takes a trip to Paris to see him, but things do not go according to plan.[Mov 08 IMDB 6,4/10] {Video/@@@@}
UM AMOR EM PARIS
(La ritournelle, 2014)
''Brigitte e Xavier são casados há algum tempo. A relação não vai bem - brigam, os filhos já estão grandes e eles se sentem perdidos, a rotina os consome... Num certo dia, uma festa dos jovens vizinhos do casal é o estopim para acelerar a crise latente." (Filmow)
Isabelle Huppert mostra versatilidade ao apostar em personagem com nuances cômicas muito bem trabalhadas pelo diretor Marc Fitoussi.
*****
''Logo nos primeiros momentos de “Um Amor em Paris”, percebemos que sua comicidade é apoiada muitas vezes por certa tensão. E como toda boa tensão, ela não se manifesta de maneira violenta ou explícita. É com esse tom que somos apresentados à protagonista Brigitte (Isabelle Huppert), uma mulher madura e com um jeito enérgico que contrasta com a tranquilidade do marido, Xavier (Jean-Pierre Darroussin), assim como com a rotina repetitiva e pesada da vida no campo. A inquietação de Brigitte se manifesta por um problema de pele, ao qual os médicos apontam causas emocionais, mas também pela sua vontade de viver para além dos cuidados com os animais que cria com o marido. Ela tateia sua inquietude, tal como quando percebe que ainda é capaz de atrair homens mais jovens como Stan (Pio Marmaï) ou de se divertir em uma festa local. Unindo o útil ao agradável, ela decide se tratar na capital, Paris, mas o que deseja mesmo é fugir um pouco de seu cotidiano, e aí começa uma desnorteada tentativa de autodescoberta. É interessante observar como o diretor Marc Fitoussi equilibra a narrativa de “Um Amor em Paris”. A sutileza na representação das tensões de Brigitte é a mesma na representação de sua curiosidade ao vagar meio perdida por Paris, e com a mesma delicadeza surgem pequenos momentos cômicos, apoiados pelo tom natural da interpretação de Huppert mesmo nas situações que flertam com o absurdo. Que o diga o encontro acidental com Stan na capital ou o passeio na roda gigante! Por sua vez, os elementos próprios à linguagem cinematográfica casam com a suavidade com que Fitoussi conduz o filme. A fotografia, por exemplo, encarrega-se de que os tons pálidos e cinzas de Paris pouco contrastem com os verdes frios do interior da França, o que de certa maneira uniformiza a insatisfação de Brigitte nos dois locais. Já a direção de arte parece querer deixar implícita a discrepância entre a casa de Brigitte, repleta de objetos antigos (os quais lembram um antiquário, como outra personagem bem destaca) e a pretensa e impessoal tecnologia do hotel em que ela se hospeda, no qual uma mensagem em inglês na televisão dá boas vindas à hóspede. A montagem, por sua vez, foca em planos pouco ousados em termos de duração ou enquadramento, mas que combinam com o intimismo da trama ao não chamar a atenção para o recurso. Em termos de atuação, há de se destacar como Huppert constrói a personagem principal. Depois de papéis em filmes de pegada bem pesada como A Professora de Piano ou Amor, a atriz surpreende ao humanizar a figura de uma mulher em busca de sua redescoberta, mas sem dar a isso um tom solene. Sua Brigitte é decidida, mas também tem seus momentos de confusão como qualquer outra pessoa. Ainda que belíssima para sua idade (uma “loba”, como brinca Stan) e com certa consciência disso, a personagem não se desenvolve em cima de nenhum clichê de femme fatale ou de garota atrapalhada a la Cameron Diaz nas comédias românticas hollywoodianas. Jean-Pierre Darroussin também acerta como contraponto a Huppert. A passividade de Xavier nunca descamba para o exagero e se manifesta em pequenos detalhes como a voz tranquila ou a quase infantilidade com que lida com o computador (existe coisa mais antiquada que colocar o nome da esposa como senha?). A subtrama de Xavier, na qual ele vai atrás da esposa quando descobre que na verdade ela não marcou nenhuma consulta em Paris, dá-se de maneira diferente da de Brigitte, mas é igualmente sensível em sua condução e dimensiona a comédia por trazer as inesperadas consequências da pequena aventura dela. Outro ponto positivo do longa é o fato de trazer ao público uma história sobre relacionamentos que não foca no início de um, mas sim no meio, e com personagens um tanto longe da juventude. O retrato de pessoas vivenciando suas dúvidas, inquietações e desejos sentimentais é, em grande maioria, associado a personagens na casa dos 20-30 anos, principalmente nas comédias românticas norte-americanas que inundam as salas de cinema, então ver esses sentimentos tão absolutamente humanos atrelados a personagens mais velhos e constatar que sim, há vida emocional após os 40 ou 50 anos, é sempre uma redescoberta gostosa. E com a condução de Fitoussi, fica difícil não se encantar." (Susy Freitas)
Avenue B Productions Vito Films SND France 2 Cinéma Région Ile-de-France Région Haute-Normandie Orange Cinéma Séries France Télévisions Ciné+ Centre National de la Cinématographie (CNC) Indéfilms Indéfilms 2 Soficinéma 7 Développement Angoa Fonds d'aide Région Haute-Normandie Les Films de la Suane Procirep Pôle Image Haute-Normandie
Diretor: Marc Fitoussi
259 users / 33 face
Soumdtrack Rock = The Drifters
Date 20/04/2015 Poster - - DirectorPeter SollettStarsMichael CeraKat DenningsAaron YooTwo newly acquainted music-lovers spend the night scouting the streets of New York City in search of their favourite band's surprise secret show. All the while, they're both being chased after by their tempting but devious exes.[Mov 07 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@@} M/64
UMA NOITE DE AMOR E MÚSICA
NICK AND NORAH - UMA NOITE DE AMOR E MÚSICA (alternative title)
(Nick and Norah's Infinite Playlist, 2008)
{divertido / romântico}Sinopse
''Nick (Michael Cera) e Norah (Kat Dennings) são apaixonantes e apaixonados por muitas coisas. Para essas duas figuras nada como inusitado encontro para revelar paixões musiciais, traumas e o tamanho de uma amizade. Nada como uma noite agitada de Nova Iorque para descobrir o que há de bom em ter afinidade com alguém em ser dois de vez em quando.''
Um filme voltado aos adolescentes que peca na superficialidade.
''Após o sucesso de Juno, em 2007, era natural que surgissem alguns filhotes pelo caminho, tanto na temática quanto no estilo. Um deles é ''Uma Noite de Amor e Música'', lançado aqui no Brasil diretamente no mercado de vídeo, apesar das criticas animadores que recebeu nos EUA quando lá estreou no final de 2008. O filme abre sua história nos apresentando Nick (Michael Cera). Ele está em depressão. Acabou de ser abandonado pela namorada Tris (Alexis Dziena). Sem conseguir esquecê-la, passa as tardes deixando extensos recados na caixa postal do celular dela (e depois percebe que os apagou) e gravando CDs com coletâneas das suas das suas canções favoritas para dar de presente no dia da reconciliação. O que Nick não sabe é que Tris nunca deu muita bola para estes mimos. Para as amigas do colégio, ela não nunca fez questão de esconder que sempre achara as capas desses CDs e as músicas lá gravadas meio ridículas. Mais um acaba de chegar às suas mãos – o 12º – e ele vai imediatamente para o lixo. Nora (Kat Dennings), que detesta Tris, já recolheu as onze gravações anteriores do cesto e, às escondidas, faz o mesmo com a última versão. Ela não consegue entender como Tris pode ser tão insensível a ponto de não valorizar o presente do (ex)-namorado e de não gostar das canções gravadas. De tanto Nora falar dos CDs, Caroline (Ari Graynor), sua amiga inseparável, já percebeu que ela está meio que apaixonada por um desconhecido. Nick é o baixista de uma banda que tem duas particularidades: não tem um nome ainda definido (sem muita convicção, eles se denominam de Os Babacas) nem baterista (em seu lugar, usam um simulador eletrônico). Os outros integrantes são seus três amigos Thom (Aaron Yoo), Dev (Rafi Gavron) e Lethario (Jonathan B. Wright). Todos gays assumidos. Eles o intimam a sair daquele luto porque foram convidados para tocar num bar naquela noite de sexta-feira. No local, claro, a galera toda se encontra. Nick fica aparvalhado ao ver Tris com o novo namorado. Esta debocha de Nora, pelo fato de ela, aparentemente, estar sozinha. Acuada, ela se aproxima de Nick (sem saber que ele é o autor dos CDs que tanto admira) e pede pra que ele finja ser seu namorado por apenas alguns minutos. Afinal, seu orgulho de mulher estava em jogo. Eles se beijam. A confusão está instaurada. Em seguida, cada um à sua maneira, o grupo vai adentrar numa peregrinação pela noite de Nova York em busca de uma misteriosa banda pop, chamada Where's Fluffy? ''Uma Noite de Amor e Música'' vive um aparente conflito entre o modo pelo qual ele se vende para o público e o que ele é na realidade. Sua intenção é se apresentar como uma espécie de clone de Juno, sucesso do cinema americano independente de 2007. Tudo está lá: as canções pop, os diálogos espirituosos, os personagens descolados, uma narrativa que busca um paralelo com os quadrinhos e, claro, a presença do ator Michael Cera, que praticamente repete o mesmo personagem. Na essência, no entanto, sua história está mais próxima das comédias juvenis que John Hughes dirigiu ao longo dos anos 80 como, por exemplo, Clube dos Cinco, Gatinhas e Gatões e A Garota de Rosa-Shocking. Diferentemente de Juno, que por trás daquele verniz de comédia romântica, trata de temas complexos, como gravidez na adolescência, a necessidade de amadurecer antes do tempo, a adoção e o desejo pela maternidade, ''Uma Noite de Amor e Música'' aborda dramas mais juvenis, ligados ao sentimento de inadequação do adolescente perante os colegas, a busca pela auto-afirmação e a descoberta da própria sexualidade. Não que isso seja um defeito. São problemas, no entanto, relacionados a um tipo de público mais jovem, que parece não ter sido o alvo escolhido pelo filme. Talvez a principal fragilidade de Uma Noite de Amor e Música seja a sua própria falta de ambição. Seus principais temas são tratados de forma muito superficial e sem muita originalidade. Não há sequer uma conversa de Nick e Tris após o rompimento e o filme desperdiça a única oportunidade em que isso poderia ocorrer. Nora é filha de um famoso produtor musical, dado que não é muito explorado pelo roteiro (há uma referência rápida ao fato de seu namorado estar usando-a para facilitar o acesso da sua banda ao mundo do show business). Não há qualquer conflito entre os três rapazes gays, que mais parecem fadas madrinhas tentando aproximar o romance entre Nick e Norah. Pior ainda é a personagem de Caroline, absolutamente sem função no filme a não ser cumprir o batido papel da amiga mais íntima da protagonista e de fonte potencial das piadas do roteiro (no que ela falha totalmente). O filme tem seus melhores momentos quando concentra sua atenção na história de Nick e Norah (sem qualquer referência aos personagens de A Ceia dos Acusados, comédia clássica de 1934, em que William Powell e Myrna Loy tinham exatamente os mesmos nomes). Os méritos pertencem aos atores centrais e do roteiro (adaptado do romance de mesmo título, escrito pela dupla Rachel Cohn e David Levithan). De um lado, Michael Cera e Kat Dennings (vista entre nós como a filha da personagem de Catherine Keener, em O Virgem de 40 Anos) mostram química entre si. De outro, o roteiro dá espaço para que o sentimento entre os dois nasça aos poucos. A combinação faz com que o público passe a acreditar, torcer e gostar deles mais até como um casal do que como indivíduos. É possível dizer que ''Uma Noite de Amor e Música'' é mais um integrante dessa espécie de nova fase da comédia americana, formada por uma geração emergente de desconhecidos diretores, atores e roteiristas. Há cinco anos, quem ouvira falar Judd Apatow, Seth Rogen ou Jason Reitman? Hoje eles ditam as regras do humor em Hollywood. Seus filmes transitam entre o vulgar e o sensível. A linguagem é repleta de gírias e palavrões (alguns bem fortes), antenada, para o bem ou para o mal, com o público mais jovem. Independentemente de se gostar ou não, é provável que daqui a alguns anos, comédias como O Virgem de 40 Anos, Superbad - É Hoje, Juno, Ligeiramente Grávidos e, talvez numa escala menor, Uma Noite de Amor e Música, sejam lembradas como um bloco estranhamente coerente, responsável por arejar um gênero empoeirado desde os tempos de Porky's, Loucademia de Polícia e A Vingança dos Nerds. No fim das contas, ''Uma Noite de Amor e Música'' fica num meio termo. Se não cumpre todas as promessas anunciadas pela crítica americana, também não é de todo descartável. Ainda que superficial na abordagem de seus temas, o longa-metragem poderá interessar aos adolescentes que verão representados na tela os dramas e angustias típicos da idade." (Régis Trigo)
"Passatempo ágil e divertido, que retrata bem a geração atual. Poderia, entretanto, ser um pouquinho mais profundo." (Andy Malafaya)
"Personagens muito ruins e história que só deve funcionar mesmo entre adolescentes, ou àqueles que estão à procura de algo muito rasteiro. Michael Cera interpretando o mesmo personagem de Juno e Superbad." (Alexandre Koball)
"Espécie de filhote "Juno", o filme aborda com sensibilidade a descoberta da sexualidade pelos adolescentes. A empatia do casal de protagonistas ajuda. Apesar disso, outros personagens não funcionam (como a irritante amiga bêbada) e o resultado é mediano." (Régis Trigo)
"Cera e Dennings têm ótima química e Sollet captura momentos de pura magia entre eles. O filme ainda retrata com sensibilidade e inteligência o universo adolescente. Pena que personagens coadjuvantes e tramas secundárias não estejam à altura do romance." (Silvio Pilau)
"Seguindo uma linha meio Juno, aqui a trilha sonora é tão importante quanto a história dos dois losers que se encontram para dividir a playlist da vida. É fofo, musicalmente legal e cheio de bacanices dignas do cinema indie norte-americano." (Geo Euzebio)
"O clima do filme é leve e descontraído, sem grandes pretensões e gostoso de se acompanhar, especialmente devido a boa química do casal principal. Peca por não ir mais longe na abordagem de alguns temas, mas nada que prejudique seriamente o saldo final." (Rafael W. Oliveira)
{Ahhh... a juventude é bela. Pena que tenha que ser vivida pelos jovens} (ESKS)
''Filmes destinados a adolescente são campo fértil para a picaretagem. Em um cenário dominado por humor grosseiro e tramas tão fofas que beiram a idiotice, algumas produções ficam como bons momentos de representação dos jovens, como Curtindo a Vida Adoidado e As Vantagens de Ser Invisível. Outro é "Uma Noite de Amor e Música''. Michael Cera, de Juno, é um garoto na balada atrás de sua banda preferida. Kat Dennings (a moreninha da série da Warner "2 Broke Girls") é a menina que aparece do nada e pede que ele seja namorado dela por uns minutos. Daí vem uma história romântica engraçada e envolvente de uma noite incrível. Narra o tipo de encontro com o qual todo adolescente tímido vive sonhando. E tudo embalado por uma ótima trilha de rock moderninho." (Thales de Menezes)
Screen Gems Columbia Pictures Mandate Pictures Depth of Field
Diretor: Peter Sollett
68.873 users / 4.101 face
32 Metacritic
Date 11/07/2015 Poster - ####### - DirectorMichael WinterbottomStarsSteve CooganRob BrydonRebecca JohnsonSteve Coogan has been asked by The Observer to tour the country's finest restaurants, but after his girlfriend backs out on him he must take his best friend and source of eternal aggravation, Rob Brydon.[Mov 06 IMDB 7,1/10] {Video/@@@@@}
UMA VIAGEM EXÊNTRICA
(The Trip, 2010)
TAG MICHAEL WINTERBOTTOM
{divertido}Sinopse
''Quando Steve Coogan é convidado pela revista The Observer para percorrer a Inglaterra passando pelos melhores restaurantes do país, ele imagina uma longa viagem romântica com sua bela namorada. Mas, quando eles se separam, ele se vê obrigado a levar seu melhor amigo, o ator Rob Brydon. Entretanto, Steve descobre que viajar com seu melhor amigo pode ser uma experiência devastadora. Agora, a missão de Steve é: Comer, beber e tentar não matar Rob no meio do caminho.''
''A única coisa que fez eu me interessar por “Uma Viagem Exêntrica” (o título brasileiro é bastante infeliz) foi o fato de que o filme trata de culinária. Cada vez mais me interesso por filmes que tratem do assunto, já que gosto do fato de a comida sempre combinar com sentimentos positivos. Além disso, sempre discordei do lugar-comum que considera a cozinha britânica como algo sem gosto ou desimportante. Nunca foi. Na comédia estrelada por Steve Coogan e Rob Brydon, os dois amigos, famosos e respeitados por suas carreiras no Reino Unido (embora pouco reconhecidos no Brasil), visitam diversos restaurantes do norte da Inglaterra para um artigo e, enquanto viajam e comem deliciosos pratos, conversam sobre assuntos diversos e fazem suas imitações. A versão em longa-metragem é, na verdade, uma versão editada a partir de uma série de TV que ambos gravaram para a BBC. Não é preciso ser um grande conhecedor da carreira dos humoristas para compreender que o filme mostra uma versão fictícia dos verdadeiros atores. O filme não possui roteiristas, já que ele é praticamente todo feito à base da improvisação dos atores. E nem precisaria, já que o charme da produção não está nas suas qualidades narrativas, mas nas imagens e na forma como os personagens – e atores – se divertem. O objetivo deste artigo, no entanto, não é criticar o filme e apontar suas (interessantes) qualidades e seus (muitos) defeitos. O importante é a combinação de comida com piada. Enquanto comem nos restaurantes mais refinados da Inglaterra, e enquanto esperam pelos pratos ou dirigem para novos destinos do roteiro, Coogan e Brydon imitam atores, falam sobre trivialidades e (re)pensam a vida. Desta forma, em meio a diversas cenas rápidas de “food porn” e pratos sofisticados, o espectador pode rir das piadas do filme. Mas não espere por piadas que não sejam irônicas, como é o bom humor britânico: eles não são como os americanos, espalhafatosos. Embora os filmes que abusam do food porn tenham, por natureza, uma essência positiva – como Sob o Sol da Toscana, Julie & Julia e o recente Chef, para citar os mais óbvios – poucas vezes temos a chance de ver a combinação de pratos visualmente belos e diálogos verdadeiramente engraçados. Por este motivo, “Uma Viagem Exêntrica” é uma ótima pedida. Para ajudar, o diretor Michael Winterbottom aproveita para absorver as belas paisagens do norte inglês, e ainda abusa das nuvens e neblinas típicas da terra da rainha, que simbolizam um clima cujas duras críticas são comumente proferidas pelos britânicos, embora sejam igualmente um motivo de orgulho nacional. A Inglaterra pode ser incrivelmente saborosa e divertida. E “Uma Viagem Exêntrica" prova isso." (Daniel Cury)
Baby Cow Productions British Broadcasting Corporation (BBC) Revolution Films
Diretor: Michael Winterbottom
15.502 users / 5.649 faceSoundtrack Rock
Joy Division
Date 18/07/2015 Poster - ###### - DirectorPhil LordChristopher MillerStarsChris PrattWill FerrellElizabeth BanksAn ordinary LEGO construction worker, thought to be the prophesied as "special", is recruited to join a quest to stop an evil tyrant from gluing the LEGO universe into eternal stasis.[Mov 05 IMDB 7,8/10] {Video/@@} M/83
UMA AVENTURA LEGO
(The Lego Movie, 2014)
TAG PHIL LORD / CHRISTOPHER MILLER
{divertido}Sinopse
''Emmet (Chris Pratt) é um Lego comum, até o dia em que é confundido com o Master Builder, o grande criador deste mundo de brinquedo, por ter encontrado a famosa peça de resistência. Este peça, procurada por todos há séculos, seria capaz de desarmar uma poderosa máquina criada pelo presidente do país, o perverso Sr. Negócios, que pretende colar todas as peças e impedir as mudanças no sistema. Mesmo sem ter grandes habilidades como criador, Emmet gosta de ser considerado um Lego especial, e faz de tudo para merecer a confiança de seus amigos, que incluem a rebelde Mega Estilo, o sábio Vitrúvius, e o gato-unicórnio UniKitty.''
"Lego é muito bonitinho, mas aparenta ser um conjunto de esquetes desconexas e quase aleatórias." (Alexandre Koball)
"Ao contrário da maioria, não me surpreendi de ter encontrado um bom filme, pois já acompanho a série de jogos que vem saindo para os videogames e já sabia da qualidade dos mesmos. Bom humor, uma surpresa realmente bacana no final e cheio de identidade." (Rodrigo Cunha)
"Demora para embarcarmos no artificialismo dos personagens e dos objetos de cena, e há um excesso de piadinhas "expertas". Mas na 2a metade, a auto-ironia divide espaço com um tom mais poético e reflexivo, e o filme engrena. Ainda assim, podia ser melhor." (Régis Trigo)
"Repleto de sacadas espirituosas, e até uma reviravolta no terceiro ato que dá um toque emocional, o filme supera o tom infantil para agradar até mesmo os adultos. Os excessos visuais cansam um pouco, mas é uma animação divertida e com boas ideias." (Silvio Pilau)
"É extremamente nonsense, uma miscelânea maluca sendo narrada como se uma criança estivesse no comando. No fim, por picaretagem, mas também por certa ternura, tudo isso se justifica e finalmente LEGO diz a que veio. Capta bem parte da beleza da infância." (Heitor Romero)
Muito mais que um filme para vender brinquedos.
''Logo no começo de ''Uma Aventura LEGO'', algumas dúvidas pairam no ar... O aparente unidimensional protagonista Emmet é o suficiente para sustentar 100 minutos de filme? E, no meio de tantas animações primorosas (se não em roteiro, em computação), o estilo mais picotado que stop motion conseguiria segurar a atenção do público? Seria o filme uma única longa piada, com bonecos e visuais a se repetirem eternamente? A boa notícia é que ''Uma Aventura LEGO'' está longe disso. Difícil é sair da sessão e não cantarolar Everything is awesome o resto do dia (este crítico viu o filme em inglês, não podendo opinar sobre a dublagem), lembrando dos personagens carismáticos e piadas inspiradíssimas, que nunca deixam o filme cair de qualidade. E pra quem está preocupado, não são apenas os pequenos que ficarão entretidos. Muito pelo contrário, LEGO é diversão para toda família, e ouso dizer que o público alvo, o que mais vai se divertir, são os adultos saudosistas, que já brincaram com os blocos montáveis na infância. O roteiro do filme é extremamente simples e funcional. E quando parece que isso vai ser algo negativo, entendemos que a lógica e a experiência de assistir Uma Aventura LEGO é parecida com a de uma brincadeira de criança. Não há pretensão ou sofisticação, além da pura vontade de criar, de entreter, de se divertir. E uma vez que embarcamos, o filme nos mostra que pode ir muito além. Que a despretensão de brincar com blocos de plástico pode ser muito mais intensa do que parece superficialmente. E que um filme sobre uma marca de brinquedos pode não ser um institucional para vender mais brinquedos. Emmet, um operário padrão que vive de acordo com as regras, vive em um mundo de LEGO dividido entre a ordem, onde todos fazem exatamente o que são exigidos e são aparentemente felizes seguindo o manual, e um mundo rebelde, onde os Mestres Construtores acreditam que cada pessoa/boneco deveria poder construir o que quisesse. Atire a primeira pedra quem nunca ganhou uma caixa de LEGO e se irritou com as instruções e quis construir o que bem intendesse. Paralelamente, Presidente Business pretende liberar uma arma poderosa chamada Kragle, que vai congelar todos os habitantes, impedindo que eles se misturem, acabando com a desordem e o caos. A única pessoa capaz de impedi-lo, segundo uma mística profecia, é O Escolhido, uma pessoa que achará a peça de resistência. E por acidente, ou não, essa pessoa é Emmet, a pessoa cuja mente é absolutamente vazia e sem um único pensamento original além de um sofá de dois andares. Durante boa parte da tal aventura do título brasileiro (que acredita que jogar essa palavra faz do filme um sucesso instantâneo, vide Frozen – Uma Aventura Congelante, o público vira criança, acompanha as perseguições, ri bastante, se diverte com as inúmeras participações especiais (Batman, Super Homem, Lanterna Verde, jogadores de basquete famosos, Gandalf, o pessoal do Star Wars), e embora possa ser um truque para vender muitos brinquedos, tudo é muito bem justificado dentro da história. E a reviravolta dos últimos 20 minutos é sensacional, e uma das melhores já feitas em um filme de animação. É nesse ponto em que ele deixa de ser apenas mais um Detona Ralph (Wreck-It Ralph, 2012) pra entrar no patamar de Toy Story 3 (idem, 2010) e outros filmes da Pixar." (Felipe Tostes)
''Seguir instruções precisas sobre o convívio em sociedade (leia-se: guia de autoajuda) é o que Emmet tem feito desde sempre mas, apesar de empenhado na tarefa, o boneco falha em converter tamanho entusiasmo em relacionamentos concretos e arrancar o véu da negação que circunda sua existência solitária e apática. Falta-lhe, sobretudo, imaginação para reescrever as próprias regras. Sobre essa base sólida, ''Uma Aventura LEGO'' constrói uma narrativa até certo ponto familiar: a do improvável herói que é confundido, por um grupo de especiais, com o messias que os salvará da opressão da grande corporação Octano, chefiada pelo maléfico Sr. Negócios e cujo plano consiste em usar uma arma para livrar o mundo da criatividade dos grandes construtores, a seu ver anárquica, e manter cada peça perfeitamente colada no seu devido lugar. Apenas a peça da resistência presa nas costas de Emmet poderá salvar o universo, porém, para isso, ele deverá despistar o Policial Mau e infiltrar-se na fortaleza da Octano ajudado por Megaestilo, Vitruvius, Batman e outros. Dirigido e escrito por Phil Lord e Christopher Miller, que com apenas dois filmes na bagagem (os ótimos Tá Chovendo Hambúrguer! e Anjos da Lei) despontam como uma das melhores parcerias recentes na indústria cinematográfica, Uma Aventura LEGO compartilha o mesmo tema de suas produções passadas, a superação do desacreditado, o que, por sua vez, também faz ecos com o próprio histórico da produção, antes vista com desconfiança e aparente desculpa para vender novos brinquedos, e agora é unanimidade entre a crítica e o público. Pudera, a narrativa não concentra esforços no ritmo empolgante e no visual impressionante apenas, mas principalmente no humor inteligente e nos temas ambiciosos, aos quais você não está acostumado a ver na sua típica produção dirigida ao público infantil – que receberá parte do que espera na diversidade de mundos e personagens criados, na quantia exata para distrair sem desviar a atenção da narrativa. Assim, enquanto a simulação de animação stop-motion, como se os personagens estivessem sendo movimentados sobre blocos LEGO, e o trabalho visual nas explosões ou ondas na água (impressionantes!) encantam os olhos, a cabeça está vidrada no que o roteiro tem a dizer. A crítica à sociedade consumidora e facilmente manipulável por programas televisivos alienantes e pela imprensa carismática oferece uma ironia a parte, ao passo que a presença de temas religiosos e o implícito conceito de livre-arbítrio (chegaremos lá) fascinam pela maneira orgânica com que surgem na narrativa e pela mão leve dos diretores, que aproveitam o embalo para subverter clichês e explorar novas opções narrativas. Tudo sem esquecer da elaboração de gags divertidíssimas, tanto para adultos quanto crianças, dentre as quais a destruição do bat-avião e do avião invisível da Mulher Maravilha, o uso da máquina de xerox e a conjugação de tubarão e laser na mesma frase impressionam por seu timing cômico. Outras investem na cultura pop, e cito o bromance entre o Super-Homem e Lanterna Verde, cuja malícia passará despercebida pelos pequeninos mas não por seus pais. Entretanto, é um acontecimento no terceiro ato, um tanto previsível diante das dicas deixadas mas nem por isso menos fascinante, que eleva Uma Aventura LEGO ao lugar especial em que estão Detona Ralph e a trilogia Toy Story. (Agora revelarei trechos do desfecho e os spoilers exigem que você prossiga por sua conta e risco) Após a descoberta de que Emmet é o alter-ego de Finn, um garotinho que desceu no porão proibido para brincar com o LEGO meticulosamente montado pelo pai (Will Ferrell), por sua vez a inspiração do Sr. Negócios, e escancarar a temática religiosa, a narrativa implora por uma releitura. Finn busca uma forma de aproximar-se do pai distante e austero – por isso o Sr. Negócios caminha sobre botas que o elevam sobre os demais personagens, afinal, não é de outra forma que o garoto o vê descendo da escada – e a descobre na paixão de ambos por LEGO, apesar do conflito posto entre a ordem e a imaginação, que no final das contas, exige a superação daquela. E Lord e Miller jamais adoçam o embate e a lição de moral existente. Aliás, o que dizer de Emmet, Megaestilo e os demais, seriam eles fragmentos da imaginação fértil de Finn e portanto desprovidos de livre-arbítrio e quiçá existência? Se a animação tropeça em responder essa pergunta, pois usa referências que sugerem certo caminho (Matrix e 2001 – Uma Odisseia no Espaço) imediatamente abandonado na revelação de que Emmet pode, sozinho, movimentar-se no mundo real, não deixa de ser surpreendente que ela proponha uma questão dessa grandeza para começo de conversa. A propósito, caso você compre essa ideia, como é triste constatar que Finn enxergue-se de forma tão melancólica quanto em Emmet, a ponto de recriar instantes dolorosos na cabeça (o congelamento dos pais do Policial Mau e o desfazimento de seu lado Bom) e reencontrar personagens da sua vida na forma de bonecos: a garota que ele é apaixonado (Megaestilo), porém que namora um sujeito arrogante (Batman), um professor ou mesmo o avô que tanto o apoiava (Vitruvius) etc. Com objetivo maior do que seduzir as crianças e vender brinquedos, Uma Aventura LEGO esconde sob sua pilha de blocos temas desafiadores mesmo para o público adulto, com os quais evita que divertir e infantilizar sejam sinônimos, assim como refletir e entediar. No processo, ainda desperta a vontade de revirar nossa caixa de brinquedos guardada e voltar a brincar de construir.'' (Marcio Sallen)
''Há muito tempo Lego deixou de ser referência apenas para peças de montar. Ganhou vida nos videogames e séries animadas para TV e agora finalmente chega às telonas. O filme poderia facilmente ser um comercial de 90 minutos, entretanto, os diretores Phil Lord e Christopher Miller deixam esse aspecto em segundo plano e dão vida a uma divertida e inspirada animação. ''Uma Aventura Lego'' mostra que os cineastas entendem como os fãs brincam ao reproduzir o movimento dos personagens e blocos de maneira criativa. Manter a estética dos brinquedos é importante para manter o clima e garante risadas por si só, como quando o protagonista resolve fazer polichinelo com movimentos limitados. A impressão do uso da técnica stop-motion é persistente, afinal diversos curtas-metragens criados por fãs foram feitos dessa maneira no passado. Só que para Uma Aventura Lego seriam necessárias 15 milhões de peças, segundo o estúdio. Sem falar na praticidade, o ótimo CG ainda permite cenas de ação grandiosas e cenários gigantescos, como metrópoles sendo reconstruídas ou oceanos em chamas. A trama, inspirada em Matrix, mostra um mundo controlado, cuja realidade é mantida distante dos olhos das "pessoas" comuns. Nesse contexto, Emmet é o mais genérico dos cidadãos, sempre seguindo as regras e com a mente vazia. É exatamente essa a intenção do vilão Senhor Negócios (Will Ferrell) - falta de imaginação e cumprimento rigoroso das regras a fim de garantir total dominação sobre os mundos Lego. Quem já brincou com as peças, sabe que é a criatividade que transforma a brincadeira em algo divertido e sem isso sobra apenas um universo sem graça. Tirando sarro de filmes famosos da cultura pop, o longa apresenta, obviamente, uma profecia capaz de mudar as coisas. O mago Vitruvius afirma que alguém especial vai liberar o universo dessa "chatice". A garota gótica chamada de Megaestilo, homenagem à Trinity da trilogia Matrix, encontra o escolhido ou pelo menos isso é o que ela pensa. Na verdade, ela confunde Emmet com um mestre construtor, seres especiais capazes de criar qualquer coisa, e o leva para uma aventura muito além de suas capacidades, acompanhado por Batman e o pirata Barba de Ferro. Apesar das referências e participações especiais, como Mulher Maravilha e Gandalf, a produção encanta principalmente pelas reviravoltas inspiradas e tiradinhas inteligentes. Como consequência, arranca risadas do começo ao fim, sem perder o ritmo frenético necessário para manter os espectadores mais jovens ligados o tempo todo. A animada trilha sonora, liderada pela canção tema Tudo é incrível, ajuda a manter as coisas leves e em movimento. ''Uma Aventura Lego'' surpreende e funciona para todas as idades. Apesar de não soar como um comercial, o longa é criativo a ponto de deixar os espectadores com vontade de comprar um kit na loja de brinquedos mais próxima e fazer seu próprio curta-metragem. A mistura de fofura e ação atinge o ápice no ótimo final, que ainda deixa espaço para uma sequência - já confirmada. Boa notícia, afinal, pelo menos nesse filme Tudo é incrível!" (Daniel Reininger)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo
Top Austrália #21 Top Dinamarca #24
Warner Bros. Village Roadshow Pictures RatPac-Dune Entertainment LEGO Group, The Vertigo Entertainment Lin Pictures Warner Animation Group Warner Bros. Animation
Diretor: Phil Lord / Christopher Miller
219.004 users / 63.638 face
43 Metacritic
Date 24/08/2015 Poster - ### - DirectorZhangke JiaStarsWu JiangBaoqiang WangTao ZhaoFour independent stories set in modern China about random acts of violence.[Mov 02 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/77
UM TOQUE DE PECADO
(Tian Zhu Ding, 2013)
TAG ZHANGKE JIA
{esquecível}Sinopse
''O filme gira em torno de quatro eixos ambientados em meios sociais vastamente diferentes na China, da movimentada metrópole de Guangzhou até as cidades mais rurais na província de Shanxi. Descrito pelo diretor como um road movie com cenas de ação.''
*****
''Jia Zhang-ke converte-se à violência! Desde maio, no Festival de Cannes, do qual "Um Toque de Pecado" saiu com um prêmio de consolação de melhor roteiro, esse veredito da crítica vem servindo para acomodar a verdadeira violência das imagens do último filme do diretor chinês. Com uma das obras mais esteticamente admiradas das últimas duas décadas, Jia tornou-se um autor cercado de expectativas. Por outro lado, a capacidade de seus filmes revelarem uma China que contrasta com a imagem pronta de um império decisivo na atual ordem fez de seu trabalho um marco obrigatório para o público, cinéfilo ou não, que se interessa pelo mundo contemporâneo. "Um Toque de Pecado" reúne, como um filme em episódios, quatro histórias. Em comum, todas se concluem com uma explosão, gestos de ruptura destrutivos, vingativos, sanguinários que parecem novidade no cinema de Jia, antes mais afeito a crônicas lentas e nada abruptas sobre perdas e transformações. Um operário revolta-se contra a corrupção numa vila e se torna um enfurecido assassino; um homem mantém a família à custa de crimes brutais; uma garota que trabalha como recepcionista numa sauna recusa-se a ceder a clientes que a veem como prostituta e revida com um surto sangrento; um jovem tenta escapar de uma punição no emprego e, após vivenciar outros tipos de exploração, salta de um prédio. Assim descritos, os episódios do filme manifestam sua origem como faits-divers, aquelas notícias de crimes que lemos um pouco para nos horrorizar e um tanto para nos distrair com a tragédia humana. De fato, todos são histórias reais ocorridas em distintas regiões da China. Contudo, no corpo do programa realista percorrido pelo diretor chinês, não interessa reconstituir tais situações com base numa suposta fidelidade aos fatos. A sucessão quase mecânica com que o filme expõe essa série de crimes sem castigo serve, como em toda a filmografia de Jia, para capturar o efeito das mutações ideológicas e materiais de uma sociedade sobre as subjetividades. Desse modo, podemos até nos surpreender com a explosão de violência ao fim do primeiro episódio (apesar de uma ocorrência no prólogo já nos deixar de sobreaviso), mas dali em diante ela se torna banal, em sua repetição e previsibilidade. Ao contrário de procurar um impacto espetacular, como em Tarantino, a violência em "Um Toque de Pecado" é apenas um fecho, um efeito inelutável cujas razões ou lógica o filme se dedica minuciosamente a demonstrar. Ali sim encontram-se toda sorte de violências implícitas, moral e verbal, física e mental, material e emocional. Todas provocadas, em maior ou menor escala, pelo dinheiro como única forma de intermediação, da posse e da exploração como exclusivos critérios de valor. Violências, aliás, que não é preciso ser chinês para reconhecer como o que mais se vê e se vive todos os dias." (Cassio Starling Carlos)
***
''Jia Zhang-ke já disse que é um cineasta das pessoas sem poder na China. Dos que tentam circular de uma província a outra, que lutam com a exploração no trabalho, que lidam com a mistura de capitalismo selvagem e despotismo maoista do país. É disso que trata "Um Toque de Pecado" (* Inácio Araujo *)
"Jia Zhang-Ke mais narrativo, mais "sujo", menos "cinema de arte". China retratada parece um Brasil sem favelas, futebol e samba, com enorme exploração do trabalho e as mesmas humilhações cotidianas para os menos afortunados." (Demetrius Caesar)
"A violência extrema praticada por Zang Ke proporcional à praticada contra o povo da China, país que cresce de maneira disforme, baseado numa estrutura comunista que protege interesses capitalistas. Um tanto cansativo, porém bom, urgente, muito relevante." (Rodrigo Torres de Souza)
"ZhangKe escorrega e da a volta por cima no mesmo trabalho, um mosaico sobre a violência na China atual,trabalhando com metáforas e subtextos. Como se trata de um artesão, tudo sai perfeito no primeiro e no ultimo módulo." (Francisco Carbone)
De frente para o abismo.
''Jia Zhangke faz um cinema grandioso e complexo, à altura da imensidão do país que filma. Seria inútil o esforço de dar conta de seu novo longa-metragem em um texto curto e apressado, baseado em impressões imediatas. Assim, abordo aqui apenas superficialmente alguns aspectos mais gerais. "Um Toque de Pecado" é composto de quatro episódios, com quatro protagonistas de diferentes províncias da China, cujas histórias estão ligadas por atos de violência e morte. Zhangke preocupa-se com as transformações da sociedade chinesa contemporânea – a crescente desigualdade, a exploração do trabalho e suas consequências nas relações sociais. Em um contexto opressivo e desesperançoso, a violência surge como a forma mais rápida e eficiente de resguardar a dignidade humana. O cineasta encontrou nas artes marciais e nas óperas chinesas inspiração para desenvolver sua narrativa. O próprio título evoca o filme de ação A Touch of Zen, de King Hu – considerado um dos mais importantes e aclamados realizadores chineses. O resultado é deslumbrante, até agora um dos pontos altos do Festival de Cannes. A primorosa fotografia de Yu Lik-Wai – que trabalha com o diretor desde seu primeiro filme, Xiao Wu (1997) – em muito contribui para isso. O roteiro partiu de histórias reais de crimes cometidos na China atual e amplamente noticiados no país. O cineasta estudou cada um deles, entrevistando pessoas envolvidas e visitando os espaços em que ocorreram. Ao contrário de muitos realizadores, que buscam na abordagem naturalista uma maior proximidade com a realidade, Zhangke utiliza-se dos artifícios da ficção para produzir efeitos de verdade. Assim, as histórias reais são apenas o ponto de partida; mais que mesclá-las a elementos ficcionais, importa a forma como são conduzidas dentro de uma diegese muito própria, a força que ganham ao tornarem-se verdadeiras fábulas da China contemporânea.
Começamos atravessando uma estrada: o filme nos convida a percorrer regiões e histórias que evocam a diversidade de paisagens, dialetos, realidades e dramas que convivem nesta gigantesca nação. A proposta é de nos oferecer um panorama social. Não por acaso o roteiro promove o encontro dos personagens e se fecha num ciclo, quando Xiao Yu, protagonista do terceiro episódio, volta em cena, chegando à cidade onde se desenrola a primeira história. O movimento circular é também performado pela câmera, quando contorna os personagens. O travelling no barco que leva Zhou San (protagonista da segunda história) de volta a sua cidade natal – imagens que muito se assemelham às de Em Busca da Vida – lembra pinturas renascentistas (como as de Pieter Bruegel) que num só quadro representavam uma enorme multiplicidade de narrativas internas, de acontecimentos simultâneos, de pequenas ações que convidam o olhar a passear pela superfície da imagem. De fato, Zhangke diz compartilhar do impulso estético de pintores clássicos da China, que buscavam criar panoramas visuais do país. Uma imagem que se mostra logo no início de A Touch of Sin me pareceu iluminar o conjunto de quatro histórias. Na sinuosa estrada que Zhou San atravessa de moto, avistamos uma ponte quebrada. Ela não leva a lugar nenhum, exceto ao abismo. Sua enorme estrutura de concreto é simplesmente interrompida, não sabemos se por um acidente, uma catástrofe natural, ou porque sua construção foi abandonada pela metade. A interrupção, a ruptura, o desvio apresentam-se para cada um dos quarto personagens, pressionando-os a enfrentar situações extremas, a lidar com seus próprios limites. É preciso desvendar novos caminhos quando aquele à nossa frente desmorona. Cedo compreendemos que a resposta possível será sempre a violência mortífera: após um breve momento de suspense – em que ficamos em dúvida de como o personagem sairá da situação –, Zhou San não hesita em assassinar os três jovens que tentaram armar-lhe uma emboscada."(Lygia Santos)
2013 Palma de Cannes
Top China #14
Xstream Pictures Shanghai Film Group Bandai Visual Company Bitters End MK2 Office Kitano Shanxi Film & Television Group
Diretor: Zhangke Jia
5.820 users / 1.445 face
24 Metacritic
Date 07/09/2015 Poster - - DirectorFrançois OzonStarsRomain DurisAnaïs DemoustierRaphaël PersonnazA young woman makes a surprising discovery about the husband of her late best friend.[Mov 06 IMDB 6,6/10] {Video/@@@@} M/74
UMA NOVA AMIGA
(Une Nouvelle Amie, 2014)
TAG FRANÇOIS OZON
{divertido / interessante}Sinopse
''Claire (Anaïs Demoustier) tinha Laura como sua melhor amiga. Parceiras desde a infância, as duas eram inseparáveis. Quando Laura fica doente e morre, Claire se aproxima de seu marido, David (Romain Duris), e surpreende-se ao descobrir o segredo íntimo do viúvo.''
"Uma Nova Amiga", de François Ozon, começa com um velório. Laura (Isild Le Besco) morreu jovem, deixando desamparados a amiga Claire (Anaïs Demoustier), o viúvo David (Romain Duris) e uma bebê chamada Lucie. Um breve flashback nos conta como se desenvolveu a amizade entre Laura e Claire. Começou na infância e implicou na dianteira de Laura, que em todos os movimentos da vida era seguida pela amiga. Não há inveja na relação, só inspiração. Claire via em Laura um norte, e por isso a vida sem ela parece inicialmente insuportável. Claire vive com um bom marido chamado Gilles (Raphaël Personnaz), tem um bom emprego e uma boa casa num bairro residencial de classe média alta. Aos poucos, cremos, deve superar o luto. Um dia, correndo pelo bairro, ela resolve entrar na casa de Laura. Encontra David vestido de mulher e com a filha no colo. Aí entramos no terreno típico de Ozon: o travestismo, a confusão dos sexos. Estamos no século 21. Mesmo assim, Claire tem um choque, tanto com David vestido de mulher quanto com David transformando-se em mãe. Logo veremos que não é bem isso. Nos filmes de Ozon as coisas sempre tendem a se embaralhar. Essa situação obrigará Claire a lidar com esse segredo, com a devoção que tinha por Laura e com a própria sexualidade. Terá de lidar principalmente com seu preconceito. Mas aí as coisas viram de novo, e percebemos que o diretor volta a tratar seus personagens como ratinhos de laboratório, como em seu primeiro longa, Nossa Linda Família. Apesar do desfecho interessante, as viradas são arbitrárias, muitas vezes mal pensadas. Parece que, para Ozon, mais importante do que entender o drama humano é zombar da sensibilidade e da inteligência do espectador." (Sergio Alpendre)
''O cinema de François Ozon, como o de Pedro Almodóvar, ambos herdeiros da visão lúbrica de Buñuel, tem na sexualidade uma obsessão e um motor. Para eles, o sexo é uma usina de fantasmas e o cinema, por sua dimensão fantasiosa, um espaço perfeito para mostrar o que nem sempre se vê às claras. Em "Uma Nova Amiga" o diretor francês aborda a transexualidade de maneira ao mesmo tempo dramática e lúdica. Ao descobrir que David, viúvo de sua melhor amiga, tem impulso de se vestir de mulher, Claire reage primeiro com repulsa, depois passa à compreensão, até que o afeto evolui e transparece o desejo. David, por sua vez, fascina-se pelas possibilidades femininas de transfiguração por meio de roupas, maquiagens e penteados. Seu lado mulher, contudo, não se confunde com um desejo homossexual reprimido, assim como o impulso lésbico de Claire leva-a a querer a amiga que de fato é um homem. No centro dessa fantasia transgênero tratada sem nenhuma caricatura, o ator Romain Duris faz barba, cabelo e bigode." (Cassio Starling Carlos)
''Com 15 longas realizados em um período de 16 anos de carreira, François Ozon é um dos mais prolíficos realizadores do cinema francês. Apesar do natural risco de altos e baixos para quem filma tanto e de ser frequentemente esnobado pela Cahiers du Cinema, ele conseguiu construir uma razoável reputação entre a crítica francesa. Seus filmes flertam com o cinema de gênero, seja com o thriller (“Swimming pool”, “Dentro da casa”), com o musical ( “8 mulheres”) ou com o drama (Sob a areia, Jovem e bela), e costumam ter em comum uma tensão sexual causadora de rupturas estruturais em famílias burguesas. O roteiro de seu último filme, “Uma nova amiga”, é uma adaptação do conto The new girlfriend, da inglesa Ruth Rendell. Morta em maio deste ano, aos 85 anos, Ruth, que também utilizava o pseudônimo Barbara Vine, foi uma grande escritora de histórias de suspense e mistério, e cuja obra rendeu filmes como Carne trêmula, de Pedro Almodóvar, e Mulheres diabólicas, de Claude Chabrol. Curiosamente, a adaptação feita por Ozon acabou amenizando o suspense presente no texto literário. O aceno ao thriller praticamente se resume ao instigante início de “Uma nova amiga”. O filme começa com imagens de Laura (Isild Le Besco) sendo maquiada e vestida como noiva – dentro de um caixão. Corta para discurso de sua amiga Claire (Anais Demoustier) no velório, entremeado por um flashback da trajetória da amizade simbiótica entre ambas, com direito a pacto de sangue e insinuações homossexuais, até o câncer que causa a morte precoce de Laura. O discurso termina com a revelação de uma promessa de Claire feita a Laura: iria passar o resto da vida cuidando do marido (Romain Duris) e da filha recém-nascida da amiga. A expectativa de que a narrativa se concentrasse na obsessão gerada pelo estado de perturbação de Claire é quebrada quando ela vai visitar David pela primeira vez e o encontra vestido de mulher. A partir de então, o filme passa a ser sobre sua nova amiga e a relação das duas. O discurso melodramático do viúvo que quer se vestir de mulher para suprir a ausência materna de sua filha logo dará lugar ao tom cômico que acompanha a transformação de David em Virginia. Do momento em que ele desce a escada vestido como loura fatal de filme noir ao passeio no shopping (cuja cena parece extraída de comédias românticas como Uma linda mulher), fica claro o objetivo de gerar empatia no espectador para a opção crossdressing de David e sua relação com Claire. Ao tocar em temas pelos quais Almodóvar transita com autoridade, Ozon parece estar prestando um tributo ao cineasta espanhol, sem o mesmo talento autoral. Por mais que a atuação de Romain Duris seja excelente, distante da caricatura, é nos momentos em que foca na ambiguidade emocional de Claire que o filme cresce. Mesmo sem conseguir atingir o mesmo grau de excelência de "Dentro da casa" na mistura entre a reflexão de cunho social e psicanalítico com o formato de thriller de suspense, o novo filme de François Ozon tem qualidades suficientes para ser considerado acima da média." (Marcelo Janot)
''François Ozon é um dos cineastas mais ativos dessa nova leva francesa. Com a média de um filme por ano, alcançou notoriedade no Brasil com Dentro Da Casa e Jovem E Bela, ambos bem recebidos pela crítica. Em ''Uma Nova Amiga'', ele desconstrói, com sutileza e bom humor, todo o taboo em volta da transexualidade. A primeira parte da trama aborda a amizade entre Claire e Laura. As duas se conheceram quando ainda eram e cresceram com brincadeiras arriscadas e pactos de sangue, passando pela adolescência, com suas paixonites e a descoberta da sexualidade, até a vida adulta. Na aura criada pelo cineasta é possível perceber que Claire parece sempre intimidada pela amiga, moça de longos cabelos loiros e olhos azuis que chama a atenção por onde passa. Ao mesmo tempo, seu olhar de admiração por vezes sugere que o sentimento entre as duas possa ser, de fato, amoroso. Laura é sempre a primeira a realizar todos os objetivos que são o sonho de consumo de uma vida burguesa: Noivar, casar, ter filhos e formar a família perfeita. Durante uma festa, conhece David e os dois iniciam um relacionamento. Não demora muito para que Claire também acabe subindo ao altar com Gilles, rapaz que conheceu no mesmo lugar. Mas a amizade das duas é interrompida pela grave doença de Laura, que surge após dar à luz a uma menina. Abalada pela perda da companheira de infância, Claire passa a ficar cada vez mais reclusa, pedindo até férias do trabalho. Até que, por curiosidade, resolve adentrar a casa da amiga falecida e se depara com David vestido de mulher. É nesse momento que os dois criam uma ligação de proximidade para manter o ocorrido em segredo. Acontece que a cada dia que passa, David se descobre mais como mulher, apesar de deixar claro que ainda se atrai sexualmente por elas. O grande acerto de Ozon foi mesclar o suspense – aqui representado pelo segredo entre Claire e David – e o bom humor – como a ida às compras, as trocas de roupa, as dicas de maquiagem – além de debater de forma sensível, ainda que estereotipada, a transexualidade. Ao longo da trama conseguimos criar empatia por David que, além de lidar com seus conflitos internos, precisa enfrentar o preconceito e estranhamento dos familiares e pessoas próximas. A trama de ''Uma Nova Amiga'' estimula o espectador a ir além e despir-se dos seus prejulgamentos. É impossível colocar seus personagens em caixinhas ou lhes impor rótulos. Ali estão todos os eles, com suas particularidades, seus medos, suas bagagens e a fluidez dos sentimentos e desejos. Uma Nova Amiga consegue abordar todo esse redemoinho emocional com muita irreverência e sem descer do salto (literalmente)." (Iara Vasconcelos)
2015 César
Mandarin Films FOZ Mars Films France 2 Cinéma Canal+ CinéCinéma France Télévisions Sofica Manon 4 La Banque Postale Image 7 Cofimage 25 Cinémage 8
Diretor: François Ozon
2.853 users / 763 face
22 Metacritic
Date 03/10/2015 Poster - #### - DirectorJonathan TeplitzkyStarsColin FirthNicole KidmanStellan SkarsgårdA former British Army officer, who was tortured as a prisoner of war at a Japanese labor camp during World War II, discovers that the man responsible for much of his treatment is still alive and sets out to confront him.[Mov 04 IMDB 7,1/10] {Video/@@} M/59
UMA LONGA VIAGEM
(The Railway Man, 2013)
TAG JONATHAN TEPLITZKY
{esquecível / cansativo}Sinopse
''Desde a sua juventude, Eric Lomax foi obcecado por trens. Ironicamente, ele foi capturado pelos japoneses durante a 2ª Guerra Mundial e enviado à Tailândia para trabalhar no famoso trem Burma-Sião, projeto que acabou com a vida de 250 mil homens. Lá, ele construiu um rádio para trazer notícias da guerra e secretamente desenhou um mapa dos trilhos. Por esta razão, Lomax foi brutalmente e incessantemente torturado e interrogado. Quem presenciou estas ações foi Nagase Takashi, um jovem soldado japonês que traduzia as questões do sequestrador e as respostas de Lomax. 50 anos mais tarde, Lomax busca este homem e o encontra próximo à Ponte do Rio Kwai.''
''Existem pelo menos três filmes desconjuntados em "Uma Longa Viagem". No primeiro, um homem misantropo encontra em Colin Firth o estereótipo sob medida. Noutro, Nicole Kidman aparece como a mulher enigmática que não ocupa um lugar mais que decorativo num mundo de homens. Uma terceira história recua ao passado para acertar contas e apaziguar o presente. As memórias do militar britânico Eric Lomax dão o lastro de veracidade à superposição de comportamento disfuncional, romantismo fosco e moralismo de herói que o filme tenta unir. Lomax foi prisioneiro dos japoneses durante a Segunda Guerra. Torturado, o trauma da experiência explica sua transformação num tipo estranho. Enquanto filma o presente, o diretor australiano Jonathan Teplitzky se escora nos recursos da dupla de atores para expressar a ideia de profundidade nos dramas de seus personagens. Firth retoma seu tipo regular de homem sem qualidades, enquanto Kidman, com a face paralisada por botox, faz que atua com o olhar perdido. "Uma Longa Viagem", contudo, só alcança algum vigor quando retorna ao passado e reconstitui a guerra na forma de filme de ação. Para juntar as pontas, o longa tem de assumir uma perspectiva colonialista em que os britânicos são vítimas e os japoneses não passam de cães ferozes. Como o presente descartou como incorreta essa representação, "Uma Longa Viagem" gasta o resto do tempo se corrigindo, tentando convencer que perdoar é mais humano que querer se vingar. Sem se esquecer de demonstrar que é o europeu civilizado que perdoa. Ao algoz, resta reconhecer essa inequívoca demonstração de superioridade." (Cassio Starling Carlos)
''O encontro entre desconhecidos, Colin Firth e Nicole Kidman, faz-se no comboio e às portas do Breve Encontro de David Lean. É o que nota à personagem de Kidman a personagem de Firth, invocando a personagem de Celia Johnson, que no filme de Lean mudava a sua vida ao encontrar o seu desconhecido, Trevor Howard. Isto passa a ser uma sombra ao longo de ''Uma Longa Viagem''/The Railway Man. Como espectadores, passamos a esperar disso mais-valias. Mas não se encontra nenhuma. (Se foi do estilo vamos já explicitar o fantasma antes que alguém o convoque e assim livramo-nos dele foi acto falhado.) Prosseguindo na história verídica que The Railway Man conta, ao adaptar ao cinema um relato biográfico do oficial britânico Eric Lomax: a “longa viagem” do filme é um flashback à Segunda Guerra Mundial, onde Lomax (a personagem de Firth), capturado pelo exército japonês, é forçado a trabalhar na Ferrovia da Birmânia (a Ferrovia da Morte), 400 quilómetros entre Banguecoque, na Tailândia, e Rangum, actual Myanmar. Ou seja, directamente a outro Lean, A Ponte do Rio Kwai. (Mete-se na boca do lobo. E não se safa.) A viagem tem um fim, e é essa a essência do relato de Lomax, que morreu, aos 93 anos, em 2012, com o filme já em produção: catarse, a paz com o passado, com os fantasmas - na pessoa de Takashi Nagase (Hiroyuki Sanada), o seu torturador, que Lomax confrontou e a quem se uniu por amizade até ao fim da vida. O propósito terapêutico da narrativa deixa sempre o filme à porta de qualquer coisa, sem nunca lá entrar - nem no confronto com Lean, por exemplo. O que se passa aqui é uma sucessão de protocolos mil vezes usados, protocolos de reconhecimento já mil vezes reconhecidos (o casal Firth/Kidman, por exemplo, é mero protocolo), mas sem dénouement melodramático ou épico.'' (Cinecartaz)
Archer Street Productions Latitude Media Lionsgate Pictures in Paradise Silver Reel Thai Occidental Productions
Diretor: Jonathan Teplitzky
24.014 users / 15.925 face
33 Metacritic
Date 12/10 2015 Poster - # - DirectorShawn LevyStarsBen StillerRobin WilliamsOwen WilsonLarry spans the globe, uniting favorite and new characters while embarking on an epic quest to save the magic before it's gone forever.[Mov 05 IMDB 6,3/10] {Video/@@@} M/47
UMA NOITE NO MUSEU 3 - O SEGREDO DA TUMBA
(Night at the Museum: Secret of the Tomb, 2014)
TAG SHAWN LEVY
{divertido}Sinopse
''Larry Daley está preparando uma apresentação especial para comemorar a reforma do planetário do museu. Mas no dia da inauguração, algo dá errado e todas as criaturas do museu ficam descontroladas. Eles logo descobrem que a placa mágica, que dá vida ao museu, está perdendo os poderes (se isso acontecer todos irão desaparecer). E para reativá-la, eles terão de ir até a única pessoa que sabe como fazer isso: o pai de Ahkmenrah que está em exposição no Museu Britânico em Londres.''
''Muitos dizem que as aventuras do agente secreto James Bond iniciaram, nos anos 1960, a mania pelas continuações. Outros apontam os seriados de Louis Feuillade, nos longínquos anos 1910. Seja de quando for, essa tendência não é nova. Mas é certo que se intensificou a partir dos anos 1980, quando, segundo Stephen Prince, Hollywood parecia invadida por matemáticos (referindo-se aos números que acompanhavam os diversos títulos de continuações de sucessos). Nem sempre, vale dizer, uma continuação é movida por dinheiro. Em certos casos, o que impera é a necessidade de dizer algo. A trilogia O Poderoso Chefão, por exemplo, não tem um ponto falso sequer. As duas sequências são necessárias para contar a trágica saga de Michael Corleone. Da mesma forma, Gremlins 2 é uma crítica ainda mais demolidora à mídia americana que o filme inaugural.No caso de "Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba", Shawn Levy mais uma vez dá continuação ao único de seus longas que escapa da mediocridade, justamente o primeiro da franquia. E mais uma vez fracassa na tentativa de repetir o feito. Relembrando, então, a franquia: uma tábua mágica dá vida a tudo o que é exposto no Museu de História Natural de Nova York, incluindo o esqueleto de um dinossauro. Mas isso só acontece durante a noite. Quando nasce o sol, todos voltam a ser bonecos. Desta vez, Larry Daley, o guarda noturno interpretado por Ben Stiller, vai para Londres para descobrir o que está acontecendo com a tábua, pois a mágica parece prestes a terminar. Fraco como fábula e como comédia, "Uma Noite no Museu 3" pode emocionar por um fato extra-fílmico. Dois atores morreram após as filmagens. Um deles é Mickey Rooney, astro-mirim dos anos 1920 e 30. O outro é Robin Williams, famoso comediante que deu vida ao boneco de cera de Theodore Roosevelt, um de seus papéis mais interessantes dos últimos anos. Tirando a presença desses dois atores, mais uma ou outra tirada interessante, tudo nos leva a crer que essa continuação não foi movida pela necessidade de se dizer algo." (Sergio Alpendre)
''Com ares de encerramento da franquia, ''Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba" leva o guarda noturno Larry Daley ao Museu Britânico, em Londres, onde ele e seus companheiros tentam resolver um mistério que ameaça acabar com magia que dá vida a figuras históricas. Com ótimos efeitos especiais e novos personagens, o longa diverte tanto quantos os anteriores e continua como ótima opção para o público jovem. O interessante desse longa é a nova locação, a qual garante novidade para a aventura - e isso é ótimo. A história é simples e tem ritmo acelerado, com muitas cenas de perseguição, combates e momentos cômicos para envolver as crianças. O diretor Shawn Levy também está de volta e faz bom trabalho ao manter estilo excêntrico, mas consistente dos dois primeiros filmes da trilogia. Já os roteiristas David Guion e Michael Handelman decidiram retomar a dinâmica pai e filho estabelecida nos anteriores, mas acabam por se atrapalhar e a ideia de Nicky ser DJ na Europa para desespero do pai poderia ter sido abandonada por completo. Como era esperado, o humor inexpressivo de Ben Stiller dá tom ao filme. Dessa vez, o ator também interpreta um neanderthal que acha que Larry é seu pai, mas esse personagem não funciona e seria melhor se tivessem deixado essa ideia de lado. Robin Williams (Teddy Roosevelt), Owen Wilson (Jedediah) e Steve Coogan (Otávio) parecem a vontade e, como consequência, arrancam mais risadas do público do que o protagonista. Porém, é o macaco-prego Dexter quem, provavelmente, fará as crianças cairem em gargalhadas. Quanto aos novos personagens, Rebel Wilson, como guarda noturna do museu londrino, parece não encontrar sua personagem, a qual é grosseira e irritante. Dan Stevens, conhecido pela série Downton Abbey, faz entrada triunfal como Sir Lancelot, cavaleiro criado no estilo Monty Python, ao iniciar uma luta épica contra um dinossauro esqueleto. Entretanto, seu personagem perde a força aos poucos devido ao roteiro, que arrisca reviravoltas sem sentido perto do final.
Um dos principais momentos do filme, entretanto, acontece com Stevens, quando seu personagem encontra Hugh Jackman em uma participação especial muito divertida. Além disso, Sir Ben Kingsley aparece como faraó e, em cinco minutos, consegue cativar o público, especialmente com a engraçada cena na qual discute o êxodo bíblico com Stiller. Fica ainda melhor se lembrarmos que Kingsley está nos cinemas como ancião judeu no longa Êxodo: Deuses E Reis. Apesar das boas participações, ''Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba" falha ao focar demais seu humor nas crianças. As cenas de ação são divertidas e existem poucas piadas voltadas para os mais velhos, mas raramente o longa consegue arrancar risadas de pessoas todas as idades ao mesmo tempo. Apesar disso, os pais não devem ficar entediados, afinal o tom de aventura agrada. ''Uma Noite no Museu 3 - O Segredo da Tumba'' é um divertido filme para a família, com bom ritmo e visual cativante. As grandes estrelas ajudam a elevar o nível da produção e o longa ainda conta com uma grande cena final de Robin Williams, em uma das suas últimas performances, que certamente vai deixar muitos no cinema com nó na garganta. Seja qual for seu motivo para assistí-lo, certamente é ótima opção para quem quer se divertir um pouco, sem pensar demais. Especialmente após o reveilon." (Daniel Reininger)
Twentieth Century Fox Film Corporation 21 Laps Entertainment 1492 Pictures TSG Entertainmet Moving Picture Company (MPC)
Diretor: Shawn Levy
56.309 users / 11.145 faceSoundtrack Rock
The Clash
33 Metacritic
Date 19/11/2015 Poster - ##### - DirectorMichael WinnerStarsJeremy IronsAnthony HopkinsRichard BriersWidower Guy is transferred to an English coastal town, where he joins an amateur operatic society to "meet people" and "have fun".[Mov 06 IMDB 5,5/10] {Video}
UM VIÚVO EM PONTO DE BALA
(A Chorus of Disapproval, 1989)
TAG MICHAEL WINNER
{simpático}Sinopse
''Após a morte da esposa, viúvo é transferido para pequena cidade costeira, na Inglaterra, e se junta a um grupo de teatro amador. Ele se envolve com os excêntricos personagens locais e é disputado pelas mulheres, gerando confusões. Baseado na peça de Alan Ayckbourn.''
Curzon Films Palisades Entertainment Group
Diretor: Michael Winner
549 users / 54 face
Date 09/02/2016 Poster - ##### - DirectorRob ReinerStarsMichael DouglasDiane KeatonSterling JerinsA self-absorbed realtor enlists the help of his neighbor when he's suddenly left in charge of the granddaughter he never knew existed until his estranged son drops her off at his home.[Mov 07 IMDB 5,7/10] {Video/@@@} M/38
UM AMOR DE VIZINHA
(And So It Goes, 2014)
TAG ROB REINER
{divertido}Sinopse
"Um corretor de imóveis egocêntrico (Michael Douglas) vive tranquilamente até que seu filho, com quem ele não fala há anos, pede que ele cuide da sua neta por um tempo. Sem a menor ideia de como proceder com uma criança que ele mal conhece, ele pede ajuda a sua vizinha (Diane Keaton) para cuidar da menina."
"Embate entre Keaton e Douglas é interessante, embora a obviedade dos fatos tire muito da força desta quase-comédia-romântica." (Alexandre Koball)
"A trajetória de Rob Reiner como diretor é oscilante, mas ele é sempre lembrado por "Harry e Sally - Feitos Um para o Outro'', comédia romântica que trouxe inovações na época. Infelizmente, no longa "Um Amor de Vizinha", Reiner opta pela comodidade dos clichês. O argumento dessa história cheia de bons sentimentos já foi visto milhares de vezes. Oren Little (Michael Douglas) é um corretor de imóveis egocêntrico e rabugento que tem verdadeiro prazer em insultar quem está por perto, inclusive clientes. O contraponto é feito por Leah (Diane Keaton), a vizinha. Sociável e emotiva, ela trabalha como cantora em um restaurante. Apesar dos temperamentos diametralmente opostos, ambos têm coisas em comum: são sessentões, viúvos e têm dificuldades para superar a perda do ser amado. Os dois vivem às turras, até que surge, do nada, a pequena Sarah (Sterling Jerins), neta de Oren cuja existência ele ignorava. Sarah vai passar algum tempo com o avô, que de cara afirma não ter a menor intenção de cuidar dela. A partir daí, tudo fica previsível. A presença da menina vai operar milagres no endurecido coração do avô e –é claro– não deixará de repercutir na relação dele com Leah. Tudo é questão de tempo A borboleta criada por Sarah, que passa por quatro fases – ovo, larva, pupa e inseto adulto –, é uma metáfora que anuncia, como se isso fosse necessário, a transformação de Oren. O convencionalismo da trama, a opção pela facilidade das fórmulas do gênero, a aversão a correr qualquer risco fazem do filme uma monótona sucessão de situações que só preparam o terreno para a redenção final. Pela primeira vez juntos, Michael Douglas e Diane Keaton alternam bons momentos com passagens menos inspiradas por causa da irregularidade dos diálogos e dos chistes." (Alexandre Agabiti Fernandez)
ASIG Productions Castle Rock Entertainment Envision Entertainment Foresight Unlimited Knightsbridge Entertainment
Diretor: Rob Reiner
8.348 users / 2.993 faceSoundtrack Rock
The Band / Canned Heat / The Allman Brothers Band
31 Metacritic 4.704 Down 369
Date 07/03/2016 Poster - #### - DirectorShawn LevyStarsBen StillerCarla GuginoRicky GervaisA newly recruited night security guard at the Museum of Natural History discovers that an ancient curse causes the animals and exhibits on display to come to life and wreak havoc.[Mov 07 IMDB 6,4/10] {Video/@@@} M/48
UMA NOITE NO MUSEU
(Night at the Museum, 2006)
TAG SHAWN LEVY
{divertido}Sinopse
"Larry Daley (Ben Stiller) é um homem de bom coração, que arranja um emprego como segurança noturno em um museu de história natural. Logo em seu 1º turno coisas estranhas começam a acontecer: esqueletos de dinossauros e estátuas de cera começam a ganhar vida. Em meio ao caos instalado no museu, a única pessoa que pode ajudá-lo é a estátua de cera de Theodore Roosevelt (Robin Williams), que, assim como os demais, também ganhou vida."
O maior pecado do filme é nos fazer de idiotas em prol de piadas baratas e óbvias demais.
''Diversão burocrática” é um chavão que muitos críticos certamente utilizaram para o novo filme do diretor Shawn Levy – sim, aquele que vem sendo há meses empurrado em forma de trailers e falsas expectativas para os espectadores mais sugestionáveis. Diversão burocrática o cacete! Uma Noite no Museu é uma verdadeira bomba, onde os principais momentos já foram vendidos no trailer, configurando o filme como uma espantosa tentativa de enganação. As piadas restantes não são melhores que aquelas já apresentadas, bem pelo contrário, a grande maioria delas é absolutamente previsível e reutilizada de dezenas de outros filmes. Recheado de estereótipos – a ex-esposa e seu novo marido divertido; o filho que quer aprender a conhecer e se orgulhar do pai; o amigo negro; a colega de trabalho que vai se tornar seu interesse amoroso – a obra não se envergonha de não desenvolver absolutamente nenhum deles, reconhecendo que suas únicas virtudes são cenas de efeitos especiais envolvendo figuras das várias alas de um museu que adquirem vida durante a noite. Aliás, nesse sentido, o filme lembra muito o já ruim Jumanji (inclusive pela presença de Robin Williams): animais grandes soltos e sem controle em cenário urbano. Agora, o mais decepcionante não é nem a quantidade grandiosa de estereótipos, clichês e cenas previsíveis. Isso tudo já era esperado, embora, de forma alguma, o fato de ser esperado faz com que o filme deva ser menos crucificado. O mais decepcionante e irritante é o fato de, mais uma vez, um roteiro vindo de Hollywood nos fazer de imbecis. Há tantas brechas soltas e incoerências que somente o espectador mais preguiçoso (infelizmente, a maioria) não se incomodaria. Como explicar, por exemplo, a total ausência de pessoas nas ruas durante a fuga de algumas das figuras do museu? E o fato do segredo ter sido escondido tão bem durante tantas décadas? Em prol de risadas baratas e piadas banais, o roteiro simplesmente prefere ignorar detalhes como esses, que trariam maior força e qualidade à obra. O próprio Ben Stiller, que geralmente se dá muito bem em filmes que exigem sua passividade frente a eventos cômicos ou improváveis, ficou devendo uma boa atuação. Sua interpretação de guarda noturno é tão insossa que, caso fosse substituído por outro ator sem expressão, não faria diferença alguma ao enredo (somente aos produtore$). E Robin Williams faz apenas o que se espera dele: experiente no gênero, parece não se esforçar em momento algum, e sua atuação é extremamente burocrática (opa, me desculpem). Já todos os outros personagens, como já foi anteriormente comentado, ficaram tão subdesenvolvidos que nem merecem citação. A melhor e mais inteligente das piadas (envolvendo sarcasmo entre Larry e seu chefe) passou totalmente desapercebida pelo público. Foi o único momento em que o roteiro deixou de ser preguiçoso e esforçou-se em demonstrar um texto mais apurado, ao invés de ficar mostrando truques tecnológicos totalmente batidos (e ultrapassados) em piadas visuais simples e previsíveis para agradar ao público preguiçoso. É bem verdade que a tática dos produtores deu certo: ajudados pelo marketing intoxicante e pela falta de senso crítico da maioria da população, o filme vem obtendo grandes números nas bilheterias. No final, não é nada melhor do que um filme recente de Renato Aragão tecnicamente bem produzido. 10 palavras que definem ''Uma Noite no Museu'': clichê, preguiçoso, insosso, ruim, computação, chato, previsível, enganador, burocrático (opa!), marketing." (Alexandre Koball)
Comédia óbvia e banal, consolidada por enorme campanha publicitária.
''Ben Stiller tem um faro comercial apuradíssimo. Esta é a conclusão que se chega ao término de ''Uma Noite no Museu'', mais uma de suas comédias banais, mas de extremo sucesso. Nem a desaprovação da crítica norte-americana foi capaz de segurar o ímpeto comercial do filme, que ajudado pela agressiva campanha de marketing, facilmente passou dos 200 milhões de dólares em bilheteria só nos Estados Unidos, uma quantia astronômica. Derivação grandiloqüente de Toy Story – Um Mundo de Aventuras com algo de Jumanji (a referência mais óbvia), o filme concentra-se no personagem Larry Dayley (Stiller), homem que tenta manter a todo custo a ótima relação que tem com o filho Nick (Jake Cherry), fruto de seu casamento fracassado. Relação essa que começa a ser arranhada quando o filho percebe que o pai não consegue se estabilizar em um emprego e começa a se interessar pela profissão do padastro. É quando Larry consegue o emprego de vigia noturno do Museu de Arte Natural de Nova York e descobre que, durante a noite, os itens expostos no lugar ganham vida. Essa é a premissa básica do filme, baseada em um livro de Milan Trenc. A exposição de Larry aos inúmeros perigos surgidos dentro do museu durante a noite dá margem para que a velocidade do filme cresça vertiginosamente, com seqüências de ação que utilizam o que há de melhor na produção: os efeitos visuais e sonoros, que impressionam – destaque para um enorme esqueleto de tiranossauro rex, extremamente realista. A maior decepção em relação a Uma Noite no Museu (na verdade, há um erro na tradução do título, pois a ação não se resume a apenas uma noite) é a absoluta falta de boas piadas ou situações engraçadas, inclusive desperdiçando um time de atores cômicos de primeira, desde Robin Williams até Owen Wilson, passando pelo inglês Steve Coogan. Nem mesmo Ben Stiller consegue algum destaque, culpa de um roteiro frouxo, convencional e sem um mínimo de coerência e ousadia, agravado por mais uma direção passiva de Shawn Levy, o mesmo que cometeu Doze é Demais e a refilmagem de A Pantera Cor de Rosa, que falha absurdamente em não conseguir criar gags visuais satisfatórias, que poderiam compensar o roteiro ruim que ele tinha em mãos. Para os nostálgicos, o filme traz de volta dois atores veteranos que há tempos não apareciam em um grande projeto: Dick Van Dyke (Mary Poppins) e Mickey Rooney (de O Corcel Negro, quatro vezes indicado ao Oscar e vencedor de uma estatueta honorária), que se juntam a Bill Cobbs nos papéis dos zeladores do museu que cedem lugar para Stiller. Quando os três estão em cena, exibindo uma vitalidade impressionante, o filme cresce. Pena que apareçam tão pouco. Mesmo com todos os seus problemas, Uma Noite no Museu é um passatempo leve, descompromissado, esquecível e que, amparado por uma bela campanha publicitária, fisgou um público não tão exigente, em busca de diversão nas férias. Uma receita de sucesso infalível. Mais um ponto para a carreira de Ben Stiller." (Andy Malafaya)
''Pense duas, três vezes antes de entrar no cinema para assistir a um filme dirigido por Shawn Levy. O cineasta é desses que dirige sem qualquer traço autoral além da rubrica no cheque dos produtores. Seu currículo recente não nega: Nos últimos três anos ele cometeu uma trinca de arder os olhos, A pantera cor de rosa, Doze é demais e Recém-casados. E agora aparece à frente deste Uma noite no museu (Night at the museum)... e entrega a exceção que confirma a regra, com uma aventura divertida e repleta de boas idéias. Não que a comédia seja uma obra-prima do gênero, ou que tenha qualquer tipo de inovação criativa. Uma noite no museu é mera diversão familiar e leve que lembra muito o bom Jumanji - e veja só... até Robbin Williams está nele também. Parte do apelo do filme pode ser explicada pela ambientação. Há poucas coisas tão fascinantes nas grandes cidades quanto os bons museus e o de História Natural de Nova York , no coração de Manhattan, está entre os mais legais. Trata-se de gigantesca estrutura separada por eras, espécies animais, culturas humanas e uma ala exclusiva sobre o espaço (na qual há um planetário de chorar, narrado pelo Tom Hanks - aquele cara que fez Apollo 13). É lá que o fracassado mas inventivo Larry Daley (Ben Stiler, dentro de seu padrão), temendo mudar-se outra vez de casa e decepcionar seu filho, aceita trabalhar como guarda noturno. Mas logo na primeira noite, uma surpresa: esqueletos de dinossauros, animais e estátuas ganham vida, graças a uma maldição egípcia. Cabe a Daley superar rapidamente o choque da descoberta, pois ao aceitar o emprego ele inadvertidamente tornou-se guardião daquele caos. A diversão do filme vem justamente da quantidade de possibilidades que o próprio museu oferece, todas muito bem recriadas através de computação gráfica ou maquiagem. Hunos furiosos, um tiranossauro esqueleto, mamíferos famintos, uma cabeça tagarela da Ilha de Páscoa, dioramas (maquetes detalhadas) em crise, atrapalhados homens da caverna... a comédia brinca com boa parte do sensacional acervo da instituição, incluindo a icônica baleia azul, que faz uma participação especial. Para amarrar tudo isso há lá um fiapo de roteiro, que envolve um trio de velhacos (os ótimos veteranos Dick Van Dyke, Mickey Rooney e Bill Cobbs), o diretor do museu (Ricky Gervais, um gênio) e a estátua de cera de Theodore Roosevelt (Williams). Mas tudo é mera desculpa para esquetes cômicas (a do Átila o Huno é de longe a melhor), perseguições inusitadas e, pasme!, diálogos razoáveis e inesperados para um filme comercial de férias. Fica a ressalva da má exploração do edifício. Devem haver umas 50 salas por lá, mas o filme não passa a dimensão do que é o Museu de História Natural, restringindo-se a meia-dúzia de cenários. Nada que não possa ser arrumado numa inevitável seqüência, porém. Uma produção honesta, que entrega o que promete. Vale a visita, mas é melhor não se empolgar com Shawn Levy. Baixe os olhos e ele atropelará seu cérebro com piadas e situações infames com a força do estouro de uma manada de mamutes." (Erico Borgo)
Twentieth Century Fox Film Corporation Ingenious Film Partners 1492 Pictures 21 Laps Entertainment Dune Entertainment Sun Canada Productions
Diretor: Shawn Levy
226.652 users / 2.979 faceSoundtrack Rock
Earth Wind & Fire / Fatboy Slim/Bootsy Collins / The Champs
28 Metacritic 1.528 Down 122
Date 30/03/2016 Poster - # - DirectorShawn LevyStarsBen StillerOwen WilsonAmy AdamsSecurity guard Larry Daley infiltrates the Smithsonian Institution in order to rescue Jedediah and Octavius, who have been shipped to the museum by mistake.[Mov 05 IMDB 5,9/10] {Video/@@@@} M/42
UMA NOITE NO MUSEU 2
(Night at the Museum 2: Battle of the Smithsonian, 2009)
TAG SHAWN LEVY
{esquecível}Sinopse
"Ben Stiller volta nesta seqüencia no papel de Larry Daley, cargo de guarda-noturno no Museu de História Natural, em Nova York. Mas desta vez a ação se dá no museu Smithsonian de Washington, na capital dos Estados Unidos, onde ganham vida personalidades da história americana entre eles presidentes, Amelia Earhart (Amy Adams), uma das pioneiras da aviação, além de um improvável faraó, Kah Mun Rah (Hank Azaria)."
"Qual é o problema em atingir seu público-alvo e também elaborar melhores personagens, situações e ir além do óbvio?" (Alexandre Koball)
''Uma Noite no Museu 2'' é uma repetição de tudo o que Hollywood vem fazendo atualmente. Pegar um sucesso e correr para estrear a sequência o quanto antes. Repetir o que deu certo. Repetir o que deu certo... e fazer a segunda parte maior do que a primeira. Não importa se a desculpa para repetir as ideias é furada. O importante é repetir. Ok, acho que já deu para perceber que a palavra-chave aqui é repetição, certo? Então, se você gostou do primeiro, tem tudo para gostar também do segundo. Quando nos despedimos de Larry Daley (Ben Stiller), ele havia sobrevivido à sua primeira noite no Museu de História Natural de Nova York. Mas isso agora é passado. Nesses últimos anos, ele largou o emprego de vigia noturno, criou uma empresa e está podre de rico. A ponto de contratar George Foreman para ajudar a vender as suas invenções. E daí vem aquela pergunta: dinheiro traz felicidade? A julgar pela forma como ele continua negligenciando seu filho e como virou escravo do seu smart phone, não. Ao voltar à cena do crime, digo, ao museu localizado no Central Park, Larry descobre que seus amigos estão de mudança. O lugar vai ser totalmente reformulado, ganhando peças holográficas e interativas, entre outras melhorias. Assim, todos eles vão ser levados para o arquivo nacional, que fica em Washington, DC. E o que é pior: o antigo artefato egípcio que dava vida às estátuas, maquetes, dioramas e demais objetos vai ficar por lá. Ou seja: é a última noite de vida deles. Mas como não haveria filme se as coisas não se repetissem, aquele macaco que vivia dando tapa na cara do Larry apronta mais uma, e ao cair do sol os objetos do Instituto Smithsonian, complexo que reúne 19 museus, 9 centros de pesquisa, ganham vida. Além de trazer de volta o caubói Jedediah (Owen Wilson) e o líder romano Octavius (Steve Coogan), o filme conta com uma participação menor de Teddy Roosevelt (Robin Williams). Mas o foco está mesmo é nos novos personagens, principalmente na jovem, linda e aventureira Ameria Earhart (Amy Adams), a primeira mulher a sobrevoar o Atlântico, e Kahmunrah (Hank Azaria), que quer dominar o novo mundo e para isso chama seus comparsas: Ivan, o Terrível (Christopher Guest), Napoleão Bonaparte (Alain Chabat) e o jovem Al Capone (Jon Bernthal). Vale destacar ainda as participações do (mal aproveitado) Rick Gervais mais uma vez como o diretor do museu nova-iorquino, e a ótima cena de Jonah Hill (Superbad) como segurança do Smithsonian. Mas mais uma vez o grande mérito da franquia é mostrar a interação com objetos que geralmente são inanimados, principalmente na parte que é ambientada na National Gallery. Estão reunidos por lá obras de grandes artistas da humanidade, de Rodin a Pollock, do clássico ao moderno, fazendo esculturas de mármore viverem ao lado de balões gigantes e colocando nas paredes fotografias ao lado de quadros. O problema é que o filme tende a dar uma ênfase maior na história estadunidense - onde os inventores da aviação são os irmãos Wright e não o nosso Santos Dumont. Descontado isso, o filme tem elementos cômicos e aventurescos suficientes para agradar à grande maioria do público brasileiro, que gosta de uma boa fórmula. Mas precisava seguir tão à risca a ideia de repetir e aumentar a ponto de colocar em cena dessa vez Dois macacos batendo na cara do Ben Stiller?" (Marcelo Forlani)
A fórmula do original repetida à exaustão nesta sequência dispensável.
''Não é segredo algum que sequências nada mais são do que meros produtos para acrescentar milhões aos cofres dos estúdios. Afinal, se algo deu certo, por que não explorar mais uma vez? Ocasionalmente, ainda surge uma ou outra continuação com reais ambições artísticas, que busca desenvolver história e personagens e acrescentar algo à obra original, como O Poderoso Chefão 2 ou Antes do Pôr-do-Sol. Na maioria das vezes, porém, elas são apenas reedições do antecessor, realizadas com mais dinheiro, mas sem qualquer inspiração. É o caso, por exemplo, deste ''Uma Noite no Museu 2''. Escrito por Thomas Lennon e Robert Ben Garant (também roteiristas da produção de 2006), o filme tem início com o ex-guarda noturno Larry Daley exibindo produtos de sua empresa em um programa de televisão. Após largar o emprego no Museu de História Natural de Nova York, Larry se tornou um grande empresário, mas ainda visita seus antigos amigos que voltam à vida durante à noite. Em uma das visitas, descobre que eles serão enviados ao Museu Smithsonian, de Washington. Chegando lá, o pequeno cowboy Jedediah pede a ajuda de Larry, dizendo que o antigo faraó egípcio Kahmenrah quer aproveitar sua nova vida para conquistar o mundo. O que se vê a partir daí é nada mais do que a fórmula do filme original repetida à exaustão – e, convenhamos, uma fórmula que nem tinha dado tão certo assim. Os roteiristas e o diretor Shawn Levy não demonstram o menor pudor em repetir gags, como a dos tapas nos macacos, e reutilizar truques, como o corte para um plano silencioso após a cena em que Otávio corre pela grama. Na realidade, ''Uma Noite do Museu 2''' apresenta pouquíssimos resquícios de originalidade: durante a maior parte da projeção, o filme não passa de cenas do personagem de Ben Stiller correndo pelo museu enquanto encontra algumas figuras históricas. De certa forma, isso até traz algum apelo. Esperar pela próxima personalidade que Larry irá conhecer talvez seja a única coisa que realmente salve ''Uma Noite no Museu 2'' de um desastre. O problema é que a imensa maioria desses encontros não são bem aproveitados pelo roteiro, que parece optar pelo mero desfile de efeitos especiais (fantásticos, diga-se de passagem) em detrimento às ideias originais que poderiam sair destes momentos. Além disso, como a quantidade de personagens é imensa, eles não passam de curiosidades, caricaturas, sem jamais se tornarem para o público algo mais do que as próprias figuras de cera que, no filme, realmente são. Muito disso se deve também ao fraco timing cômico do diretor Shawn Levy para a comédia. O cineasta consegue tornar previsível a maioria das piadas e, mais impressionante ainda, é capaz de estragar as poucas vezes em que elas funcionam. Por exemplo, a rápida participação de Jonah Hill como o guarda que tenta impedir Larry de tocar nos objetos começa divertida, mas estende-se tanto que acaba por cansar. O mesmo vale para a cena na qual Kahmenrah quase tem um ataque ao falar para o protagonista sobre uma linha que ele não pode cruzar: o momento começa divertido, principalmente graças à interpretação de Hank Azaria, mas Levy deixa a cena rolar por tanto tempo que ela chega a ficar irritante. Azaria, aliás, talvez seja o único membro do elenco que consegue se destacar. O ator diverte-se à beça no papel de um afetado e megalômano faraó egípcio, garantindo a maioria das poucas risadas de Uma Noite no Museu 2. Os demais atores – um incrível grupo de comediantes formado por nomes como Robin Williams, Christopher Guest, Ricky Gervais e o próprio Stiller, entre outros – são desperdiçados pelo fraco material dos roteiristas e pela direção equivocada de Levy, que parecem mais preocupados em criar um espetáculo visual para encher os olhos da criançada do que um filme genuinamente engraçado. Na verdade, para não dizer que tudo são espinhos, a produção ainda consegue funcionar em uma ou outra piada ocasional. O momento mais inspirado é a referência a 300, de Zack Snyder, quando Jedediah e Otávio atacam com fúria diversos sapatos no meio de uma batalha. É uma sequência divertida e uma homenagem que possui algum sentido, ao contrário da referência ao filme A Rocha, totalmente gratuita. Outra ideia razoavelmente inspirada é a dos quadros ganharem vida, que acrescenta mais uma possibilidade à história, mas também é aproveitada de maneira ineficaz. ''Uma Noite do Museu 2'' é apenas isso e nada mais. Uma produção boba e nada original, que falha também ao tentar contar uma história – o tratamento dado à trama sobre o protagonista não gostar do que faz, por exemplo, é superficial e risível. Se o primeiro ainda conseguia funcionar por trazer uma ideia nova, esta sequência resulta em uma produção completamente dispensável. ''Uma Noite no Museu 2'' é um filme que não precisava existir" (Silvio Pilau)
''Dois anos depois de ter vivido uma das aventuras mais fantásticas dentro de um museu, Ben Stiller está de volta na pele de Larry Daley, o antigo guarda noturno que decidiu fazer uma visitinha ao museu onde trabalhava e acabou percebendo que seus amigos vão dá lugar a peças mais modernas e interativas. Eles são enviados ao Instituto Smithsonian, em Washington, o maior complexo de museus do mundo. Ao saber que seus amigos estão correndo perigo nessa nova morada, Larry Daley não pensa duas vezes e decide fazer algo para ajudá-los, o que acabou se transformando em uma outra grande aventura histórica, mas que nem de longe repete a eficiência da primeira. O diretor Shawn Levy até tenta desenvolver sua obra da melhor forma possível, mas sua pouca experiência em sequências fez com que ele cometesse muitos erros que em diversos momentos causam desconforto ao público. É o que acontece nas cenas de humor que fazem interligação com o filme anterior. Elas simplesmente passam despercebidas e juntam-se as muitas outras cenas em que a real intenção não foi alcançada, proporcionando um acúmulo de sequências que mais parecem ser desnecessárias. No elenco encontram-se nomes que já brilharam na comédia anterior como o próprio Stiller e Owen Wilson, ambos repetem o bom desempenho, embora o último tenha perdido espaço nessa película. Além desses, encontra-se também novos nomes como o de Amy Adams e o de Hank Azaria, este é mais conhecido por seus trabalhos de dublagem. A atriz interpreta a famosa Amelia Earhart, conhecida por ser a primeira mulher a voar pelo Pacífico. Mais uma vez, uma bela moça encontra o personagem principal e decide ajudá-lo e os dois formam uma dupla que só poderia terminar em um romance. Mais previsível impossível. É totalmente perceptível a falta de ousadia dos recentes trabalhos cinematográficos. Obras são feitas apenas para cumprir tabela, faturar muito sem se preocupar com a qualidade ou com alguma outra coisa que não seja o lucro. Argumentos exaustamente repetidos, histórias bobas, falta de ousadia. O medo de ousar é entendido como um medo de fracassar, medo de não ter o retorno do gigantesco investimento que foi feito. É uma pena, já que o público perde o gosto pelas sequências que são cada vez mais vazias de novidades e atrativos. O humor da obra, que era para ser o principal atrativo, acaba tornado-se o principal fator que causa indiferença. Quem gosta de ouvir piadas sem graça? Ao longo dos 105 minutos da obra, que mais parecem intermináveis, raros são os momentos que arrancam uma boa gargalhada ou, ao menos, uma simples sorriso. Os macaquinhos do museu são os que mais conseguem essa façanha. É impressionante que sempre sobra para o macaco. Se “Uma Noite no Museu 2” deve em inúmeros pontos, ela encontra na arte gráfica a sua salvação. É um espetáculo de efeitos que ora dão vida a inúmeras peças do acervo do museu, ora proporcionam cenas de bastante ação que muito agradam e prendem o espectador. O momento que representa uma verdadeira guerra entre povos de diferentes épocas históricas é muito bem executado, tornando a obra uma interessante aula de História que pode motivar o público a procurar saber quem foi Abraham Lincoln, por exemplo. O ex-presidente norte americano é revivido na forma de estátua e tem uma importante função na trama. Destaque para o design gráfico que realmente merece elogios. A trilha sonora aqui também é válida. Seja na voz do Coldplay, seja na voz dos anjinhos do museu, ela agrada e está em todas as partes, desde as cenas de ação, até durante o romance. A fotografia de John Schwartzman é outro ponto de destaque, principalmente na cena em que os personagens entram em uma tela de pintura. A caracterização é muito eficiente. O que se pode dizer é que “Uma Noite no Museu 2” é mais uma sequência desnecessária feita com a intenção de repetir a eficiência de um filme anterior. Um filme que até impressiona por seus efeitos especiais que são, sem dúvida, os maiores atrativos do longa, mas que não proporcionam nada além do que já foi visto anteriormente. Que não venha o próximo!" (Marcus Vinicius)
Twentieth Century Fox Film Corporation 21 Laps Entertainment 1492 Pictures Dune Entertainment Moving Picture Company (MPC) Museum Canada Productions
Diretor: Shawn Levy
125.965 users / 2.057 faceSoundtrack Rock
Earth Wind & Fire / Coldplay
31 Metacritic 1.890 Down 590
Date 31/03/2016 Poster -#### - DirectorPeter LandesmanStarsWill SmithAlec BaldwinAlbert BrooksIn Pittsburgh, accomplished pathologist Dr. Bennet Omalu uncovers the truth about brain damage in football players who suffer repeated concussions in the course of normal play.[Mov 06 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/55
UM HOMEM ENTRE GIGANTES
(Concussion, 2015)
TAG PETER LANDESMAN
{interessante}Sinopse
''Dr. Bennet Omalu (Will Smith), neuropatologista forense, diagnostica um severo trauma cerebral em um jogador de futebol americano e, investigando o assunto, descobre se tratar de um mal comum entre os profissionais do esporte. Determinado a reverter o quadro e expôr para o mundo a grave situação, ele trava uma guerra contra a poderosa NFL.''
"Quase funciona como uma nova versão de "The Pursuit of Happyness", está quase tudo lá, na busca do sonho americano. Como tem como pano-de-fundo o futebol americano, é difícil de vender por aqui, mas é um bom drama lotado de aspectos comerciais." (Alexandre Koball)
"Há boas atuações e a história não deixa de ser interessante, mas a abordagem quadrada e alguns equívocos - como o romance pessimamente desenvolvido - prejudicam o resultado final do filme. Entretém, mas é facilmente esquecido." (Silvio Pilau)
*****
''Ver "Um Homem Entre Gigantes" logo após o ato de afirmação afro-americana na entrega do Oscar, em resposta à ausência de negros indicados, mostra como o cinema, além de arte e entretenimento, é também marketing político. Will Smith recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de melhor ator pelo filme e o não reconhecimento de seu trabalho pela Academia foi um dos vários motivos do protesto. Ele vive um médico imigrante de origem africana em luta contra o poder. A seriedade agrega valor à imagem, até agora mais brincalhona, de Smith e justifica os elogios. Dr. Bennet Omalu é um personagem que já vimos milhares de vezes. Íntegro e idealista, ele se arma da verdade para combater a corrupção. Ao descobrir que atletas de futebol americano estão sujeitos à demência precoce por causa dos choques, confronta a poderosa NFL (liga nacional de futebol americano dos EUA). No cinema, esse heroísmo da razão, e não só dos músculos, raramente vem numa pele além da de homem branco. Sim, já vimos atores negros como Sidney Poitier, Morgan Freeman ou Lázaro Ramos em papéis sem estereótipos. Mas "Um Homem Entre Gigantes" quer ir além da tradicional representação positiva. O diretor e roteirista Peter Landesman preserva a natureza imaculada do herói, estirpe que vai de Cristo ao Capitão América, sempre brancos e belos, e altera a cor da pele. Apesar do suposto ganho simbólico, o filme nem arranha as camadas morais, sociais e econômicas do racismo, pois seu herói, apesar dos pesares, acredita na América." (Cassio Starling Carlos)
''Um Homem Entre Gigantes é sobre as concussões, os problemas causados pelas colisões em cabeças dos jogadores de futebol americano. O estudo realizado por Bennet Omalu (Will Smith) mudou as regras e a história do esporte. Além disso, envolveu grandes nomes políticos e diversas empresas interessadas no campeonato, um dos mais lucrativos do mundo. O certame para um drama de peso e com conspirações de impacto estava armado - o problema é a dramatização desta importante história, que não deixa o filme ser o que pretendia. Ainda que conte com um elenco de qualidade, o filme de Peter Lendesman não consegue conduzir o espectador na trajetória crescente que o roteiro sugere. Da descoberta das doenças causadas até a revelação final, passando pelas mortes e negociações com a NFL, o longa fica sempre no meio do caminho quando tenta criar algum envolvimento. O romance do casal principal não tem apelo, a amizade entre protagonista e Julian Bailes (Alec Baldwin) e até a inimizade entre Omalu e os chefões do futebol americano não convencem. Cada um desses arcos é apresentado, mas se desenvolvem de maneira arrastada e nenhum deles alcança um clímax interessante. É inegável que ''Um Homem Entre Gigantes'' é feito para Will Smith brilhar. No papel de Omalu, o ator entrega uma performance boa e contida, sem os rompantes que o credenciariam para prêmios afoitos por choros copiosos ou estereótipos marcantes. O sotaque, tão comentado na internet, não chega a incomodar e até ajuda na composição do personagem, que fica distante de boa parte dos trabalhos recentes do ator. Não é a atuação que vale o filme ou supera a irregularidade do roteiro, mas também não compromete qualquer momento da trama. O melhor da produção é a montagem, resultado de uma mistura de cenas reais, reportagens e entrevistas, e cenas fictícias. Em certo momento, na hora de mostrar a morte de um dos jogadores que sofria da ETC (doença causada pelas concussões) uma rápida transição entre as imagens de arquivo de um carro de polícia e as cenas do próprio filme tornam tudo mais verossímil. É a hora em que Entre Gigantes sugere de verdade o problema a ser discutido, mas que muitas vezes se perde nos dilemas pessoais de Omalu. ''Um Homem Entre Gigantes'' soa como um passe incompleto. Apesar de transmitir a mensagem sobre os problemas de saúde que o futebol americano pode causar, falta brilho na condução de Lendesman, que opta por várias subtramas ao invés de investir em um ponto de real importância - ponto este que não é o romance de Omalu, por exemplo, um dos vários plots secundários do filme. E por fim, a boa performance de Will Smith não é o suficiente para superar o roteiro irregular e a direção sem pulso evidentes no longa." (Thiago Romariz)
73*2016 Globo
Cantillon Company, The LStar Capital Scott Free Productions Shuman Company, The Village Roadshow Pictures
Top Austrália #46 Top Esporte #39
Diretor: Peter Landesman
99.734 users / 21.397 face
39 Metacritic 273 Down 20
Date 13/06/2016 Poster - ### - DirectorSeth GordonStarsJason BatemanMelissa McCarthyJohn ChoMild mannered businessman Sandy Patterson travels from Denver to Florida to confront the deceptively harmless looking woman who has been living it up after stealing Sandy's identity.[Mov 02 IMDB 5,7/10] {Video/@} M/35
UMA LADRA SEM LIMITES
(Identity Thief, 2013)
TAG SETH GORDON
{esquecível}Sinopse
''Sandy Patterson é um homem de negócios que tem sua identidade roubada por uma mulher. Ele terá que viajar até Miami para tentar encontrá-la.''
"Hollywood e o público americano foram com a cara de Melissa McCarthy, alçando-a, quase, ao status de estrela. Porém aqui ela é sem graça, tal como o filme, e o porquê disto ter caído na graça do público de lá é um mistério. Ou falta de opções melhores." (Alexandre Koball)
''Modalidade de crime em alta, o roubo de identidade é o motor de "Uma Ladra Sem Limites", comédia conduzida por Jason Bateman e Melissa McCarthy, dois atores com experiência no gênero. Como manda a receita, os personagens interpretados pela dupla têm características contrastantes: Bateman é Sandy, um contador introvertido, enquanto McCarthy vive a exuberante Diana. A vida de Sandy entra em parafuso quando ele descobre que Diana usurpou sua identidade e abriu um rombo em sua conta bancária. O chefe de Sandy lhe dá uma semana para resolver o problema, sob pena de demissão. Ele viaja a Miami para agarrar a ladra e convencê-la acompanhá-lo até Denver para explicar tudo à polícia. O essencial da trama se desenrola durante a viagem de volta, quando Diana passa a ser perseguida por um caçador de recompensas e uma dupla de pistoleiros a serviço de um gângster. Cheio de perseguições e acidentes, o road movie se perde com fartas doses de humor físico, piadas sem graça e peripécias nada verossímeis. Além disso, o roteiro é uma via de mão única para Diana: ela caçoa de Sandy o tempo todo, enquanto ele nunca zomba dela. Mas o pior são as intenções edificantes e a maneira pela qual esse moralismo vem à tona, procurando enternecer o espectador. Mentirosa contumaz, Diana não rouba por maldade, mas porque é solitária. O final redentor é o corolário dessa efusão de bons sentimentos, totalmente deslocados em uma comédia que se pretende escrachada.'' (Alexandre Agabiti Fernandez)
''Esta comédia de Seth Gordon (mesmo diretor do fraco Quero Matar Meu Chefe) comete um erro primário logo em seus 30 minutos iniciais. Sua protagonista, a tal criminosa que dá nome ao filme, não consegue conquistar a simpatia do público, muito pelo contrário. E deste deslize o filme não consegue se recuperar nem mesmo com os nítidos esforços que faz em sua reta final, quando descobrimos, como esperado neste tipo de longa, que ela não é tão má pessoa assim. Diana (Melissa McCarthy) é uma estelionatária especializada em conseguir dados pessoais de suas vítimas, clonar seus cartões de crédito e curtir vida de luxo enquanto os arruína financeiramente. Sua mais recente presa é Sandy Petterson (Jason Bateman), de quem copia a identidade por este ter nome que serve tanto para homem quanto para mulher. O roteirista Craig Mazin, aparentemente, acreditou que isso fosse divertido, já que por vezes a história busca o riso ao brincar com o nome andrógino do personagem - o que definitivamente não é engraçado. Há outras gags igualmente pouco funcionais, como o hábito de Diana de dar socos na garganta das pessoas, o que, mesmo não fazendo rir, é repetido à exaustão. Sandy trabalha numa financeira, ganha pouco e é desprezado por seu chefe (Jon Favreau). Tem esposa (Amanda Peet), dois filhos e mais um a caminho. Quando funcionários da empresa decidem se rebelar e começar o próprio negócio, Sandy se junta a eles para ganhar bem mais, proposta providencial para quem está com as contas apertadas. O que não sabe ainda é que Diana está estourando seus cartões de crédito na Flórida, o que coloca seu novo emprego em risco quando um mandado de prisão é expedido em seu nome. Até aqui a única coisa que o público alimenta por Diana é o desprezo que costumeiramente se tem por bandidos. E a delicadeza de elefante em loja de cristais de Gordon na condução de algumas cenas só piora as coisas. Exemplo disso é a sequência passada em um bar em que Diana paga bebidas para todos e se embriaga. Havia a chance ali de, sutilmente, buscar a compaixão do público pela personagem, uma solitária em busca de atenção. Mas a cena é tão mal conduzida que o diretor a resolve tacanhamente com um barman dizendo a Diana que pessoas como ela não têm amigos. Quando o mal-entendido sobre a ordem de prisão é resolvido com a polícia, por uma razão que não faz o mais absoluto sentido, Sandy viaja para a Flórida para capturar Diana e salvar seu emprego. Na lógica do filme, a polícia nada pode fazer. O encontro com a criminosa transforma sua viagem numa grande aventura já que é obrigado a lidar com dois mafiosos que querem matar a estelionatária e um caçador de recompensas. As muitas tentativas de arrancar humor das situações que se seguem - que incluem Diana inventando uma história nonsense sobre Sandy ter seus órgãos genitais mutilados num incêndio, só para citar um exemplo - não funcionam. A proximidade afetiva dos personagens também é mal desenvolvida. Sandy, e inexplicavelmente sua mulher, se convencem muito fácil de que Diana, afinal de contas, é só uma pobre coitada precisando de atenção. O espectador, no entanto, dificilmente entra nessa." (Roberto Guerra)
Aggregate Films DumbDumb Stuber Productions
Diretor: Seth Gordon
98.448 users / 17.341 faceSoundtrack Rock
The Proclaimers / Heart
41 Metacritic 1.189 Up 2.084
Date 13/09/2016 Poster - # - DirectorJames DeMonacoStarsFrank GrilloCarmen EjogoZach GilfordThree groups of people intertwine and are left stranded in the streets on Purge Night, trying to survive the chaos and violence that occurs.[Mov 05 IMDB 6,5/10] {Video/@@@} M/50
UMA NOITE DE CRIME - ANARQUIA
(Purge: Anarchy, The, 2014)
TAG JAMES DEMONACO
{esquecível}Sinopse
''Nesta sequência de Uma Noite de Crime (2013), um jovem casal fica preso nas ruas poucas horas antes da tradicional noite em que todos os crimes são permitidos pelo governo, para os cidadãos poderem liberar os seus instintos violentos. Sem poder contar com a ajuda de ninguém, eles tentam sobreviver à barbárie nas ruas.''
"Algo raro: uma evolução na sequência. "Anarquia" abandona o olhar intimista - que não funcionou antes - e explora melhor a ideia da "noite de crime", proporcionando momentos previsíveis e personagens um pouco mais interessantes." (Alexandre Koball)
"Acerta em todos os pontos onde o filme anterior falhou miseravelmente, mas os excessos de vícios do terror pipoca atual ainda o torna um filme abaixo da média." (Bernardo D.I. Brum)
"Curiosa e necessária expansão da realidade distópica vista no original, mas que parece não estar explorando todo o seu potencial." (Rafael W. Oliveira)
''Em "Uma Noite de Crime: Anarquia", temos uma nação doente, dominada de vez pelo nazismo, um mundo apocalíptico que se disfarça sob uma ordem tirânica. É o sexto ano em vigor de uma prática absurda. Durante um dia do ano, as pessoas têm permissão para cometer quase todos os tipos de crime. O vizinho que olhou atravessado, o atendente mal-educado de uma loja, o chefe que despediu o funcionário relapso, todos podem ser alvos da vingança permitida nesse dia especial. Segundo as autoridades, essa medida fez com que a criminalidade no restante do ano despencasse, e as pessoas agora vivem 364 dias de paz e tranquilidade. Este segundo longa da franquia "Uma Noite de Crime" – que promete novas continuações – é bem superior ao primeiro. Mesmo que isso não diga muito. Superior principalmente pelo teor político, mais evidente e bem trabalhado agora. Há uma preocupação em criticar o lado mais reacionário da sociedade americana, aquele que acredita em pena de morte e na invasão de outros países pelo bem de uma suposta democracia. Há também uma denúncia: bem nascidos compram pobres para exercitar a purgação de matar, e promovem a exterminação de pessoas indesejáveis à sociedade que pretendem construir. Esse âmbito político é levado a cabo em todo aspecto do filme, e não é à toa que o grupo que se revolta contra tudo isso é liderado por negros. Mas "Uma Noite de Crime: Anarquia" peca pelo maniqueísmo, com bons e maus representando papéis bem definidos, incluindo a separação por classes sociais, algo que o desfecho conciliador não consegue apagar. (Sergio Alpender)
''Parte de uma inversão interessante, em relação ao primeiro Uma Noite de Crime, a continuação Uma Noite de Crime: Anarquia. Enquanto no longa anterior assumíamos o ponto de vista da elite, agora estamos com o proletariado; o que era um terror sobre limpeza étnica agora pega carona na onda da desobediência civil pós-Occupy e Primavera Árabe. Isso demonstra o potencial dessa franquia, enquanto metáfora dos nossos abismos sociais: a noite da purgação - em que durante 12 horas em uma madrugada anual qualquer cidadão dos EUA pode cometer crimes impunemente - transforma-se e ganha novos contornos. A ideia da purgação como eugenia continua lá, mas agora adicionada a guerrilhas, que aproveitam o indulto para promover uma ideia bem distinta de justiça social. Infelizmente, do ponto de vista da dramaturgia, o roteirista e diretor James DeMonaco continua sem muita imaginação em relação às oportunidades que a premissa oferece. A trama de Anarquia é basicamente uma sucessão de "impasses mexicanos", a expressão usada para caracterizar aquela cena (como o clímax do longa anterior) em que vários personagens apontam armas uns para os outros. Como o porte (e os tiroteios) são liberados no mundo paralelo de Uma Noite de Crime, dá pra imaginar o que aguarda o espectador. A diferença aqui é que o impasse é "mexicano" de fato, com suas personagens de minorias étnicas que orbitam o protagonista, um policial atrás de vingança, vivido por Frank Grillo. Momentos como a briga de irmãs chicanas rendem conflitos interessantes em Anarquia, porque são estereótipos numa realidade em si exagerada e parecem ter nela um lugar autêntico a habitar, mas mesmo essas cenas descambam para o impasse mexicano sem muita paciência. Grillo faz o que dá, com a sua melhor imitação possível do Justiceiro da Marvel, e os oponentes no caminho parecem flertar com uma exuberância tipo Mad Max, nos veículos, nas roupas e nas armas, mas o fato é que o gás de Anarquia dura pouco. O espectador precisa se contentar com tipos manjados do terror de baixo orçamento (o maníaco de avental, o bando de mascarados) e o texto não faz mais que martelar as ligações armamentismo/fundamendalismo da extrema direita americana e os bordões dos revoltosos." (Marcelo Hessel)
Universal Pictures Platinum Dunes Blumhouse Productions Why Not Productions
Diretor: James DeMonaco
100.975 users / 15.826 face
32 Metacritic 1.565 Down 100
Date 06/12/2016 Poster - ### - DirectorDenzel WashingtonStarsDenzel WashingtonViola DavisStephen McKinley HendersonA working-class African-American father tries to raise his family in the 1950s, while coming to terms with the events of his life.[Mov 04 IMDB 7,2/10] {Video/@@} M/79
UM LIMITE ENTRE NÓS
(Fences, 2016)
TAG DENZEL WASHINGTON
{cansativo}Sinopse ''Baseado na aclamada e premiada peça teatral homônima, um jogador de beisebol aposentado (Denzel Washington), que sonhava em se tornar um grande jogador durante sua infância, agora trabalha como coletor de lixo para sobreviver. Ele terá de navegar pelas complicadas águas de seu relacionamento com a esposa (Viola Davis), o filho e os amigos. Estados Unidos, década de 1950. Troy Maxson sonhava em ser jogador de beisebol, mas não pode competir por estar velho demais, apesar de culpar a cor de sua pele. Hoje ele é um lixeiro que luta para criar sua família ao lado de sua esposa Rose. Mas quando seu filho decide jogar futebol profissionalmente, um novo conflito surge dentro de sua casa.''
"Amo quando o Cinema incursa no Teatro, pois as obras testam e provocam seus atores e não há espaço para outros elementos que dispersem (com exceção que há espaço para regravar erros). Aqui, grandes atuações e um tema recorrente (relação familiar)." (Alexandre Koball)
"Arrasta-se um pouco no último terço, com vários falsos finais, mas é um claro avanço de Denzel na direção (planos clássicos, cortes sutis), que dá espaço para os reais protagonistas da obra: os atores (dupla central de peso) e o texto. Teatro bem filmado." (Régis Trigo)
"O filme sofre de início com a origem teatral, estendendo os diálogos, mas não demora para mostrar a força do texto, personagens e atuações. Um drama complexo, denso e com grandes momentos (a cena de Denzel e Viola no pátio é uma aula de interpretação)." (Silvio Pilau)
"Denzel tanto na direção como atuando eleva muito o valor do filme e garante que a iniciativa passe longe de virar um teatro filmado. Fences tem um texto poderoso, um elenco afiadíssimo e um diretor capaz de dar conta de todas essas dimensões." (Heitor Romero)
"Um conjunto de inspiradas encenações (Denzel e Viola excepcionais, além do surpreendente Williamson), conduzidas por um texto irretocável. Peça teatral muito bem adaptada às telonas." (Léo Félix)
*****
''2017, o ano do Oscar limpar a barra com os negros. Se no ano passado o prêmio parecia filme de Mel Gibson, todo all white, neste ano dos nove indicados na categoria de melhor filme em três deles a questão racial está fortemente implicada, sendo que dois são, digamos, all black. Como diziam os antigos: são as voltas que o mundo dá. Ninguém dirá que falta audácia a "Um Limite Entre Nós". Na primeira metade fala-se muito, mas não há conflito. Na segunda, eles eclodem todos e o filme, ou ao menos seu roteiro, chega aonde queria chegar: ao longo do discurso de Troy (Denzel Washington) se faz a demonstração, por meio de seus erros e acertos, grandezas e misérias, da dureza da vida dos negros. Troy pertence a uma era de transição: pré movimentos pela igualdade, mas pós segregação pura e simples. Como diria ele mesmo em seu falar beisebolístico, o negro é o que está sempre em strike two, ou seja, à beira da eliminação. A mise-en-scène muito cheia de ênfases não ajuda; por vezes beira o cafona e termina por atribuir uma espécie de santidade a Troy, que é quase uma monstruosidade gestada pela sociedade branca.'' (* Inácio Araujo *)
''Na ultima festa do Oscar, quase todo mundo torceu pra Viola Davis levar um prêmio. Ela é ótima atriz, gente boa, Ativista. E levou para casa a estatueta de melhor coadjuvante neste filme em que contracena com Denzel Washigton, que também dirige a adaptação da peça da August Wilson. Nos anos 1950. Um casal negro oprimido pelo preconceito tem sua relação abalada quando o filho tenta seguir carreiga no beisebol, sonho antigo do pai. A critica se dividiu em dois lados: Há quem considere que Viola salva o filme , com um desempenho espetacular, e outra turma vê Denzel Washington afundar o barco com atuação descontrolada. É ver para decidir," (Thales de Menezes)
Entre o teatral e o cinematográfico.
''Grande parte do desafio em fazer cinema não está apenas no desafio da filmagem, mas também no da adaptação de uma visão própria daquele material, independente de sua origem primária. E levar peças de teatro para o cinema é um desafio que se fixa desde os primórdios da sétima arte (e que se originou do próprio teatro), por onde já se aventuraram William Friedkin (Os Rapazes da Banda, Possuídos), Roman Polanski (Deus da Carnificina), Sidney Lumet, Mike Nichols (Quem Tem Medo de Virgínia Wolf, Closer - Perto Demais), entre outros. Escrita para os palcos nos anos 80 por August Wilson e roteirizada pelo próprio para o cinema antes de sua morte em 2005, Um Limite Entre Nós é, verdadeiramente, a definição daquilo que podemos chamar de teatro filmado, para o bem ou para o mal. Protagonizado por Denzel Washington e Viola Davis nos palcos (e premiadíssimos por seus trabalhos) e reprisando os dois atores em seus respectivos papéis nas telas, a obra também dirigida e produzida por Washington é uma experiência inflexível quanto a levar as palavras de Wilson para o cinema, uma vez dada a escolha de Denzel em dar vida não a uma adaptação, mas uma transcrição literal da peça dos palcos para a frente das câmeras. Se Um Limite Entre Nós comprova sua força de vontade a partir deste ponto, é na execução filmíca que o filme irá encontrar seus principais empecilhos. Há, é claro, toda uma força inegável no texto de Wilson desde a sua concepção, onde conhecemos Troy (Washington), um catador de lixo na América dos anos 50 que, amargurado pelas oportunidades que o racismo lhe tirou da vida (ele perdeu a chance de se tornar um jogador profissional de baseball na juventude) e pelas oportunidades rasas que a hierarquia racial lhe dá (as primeiras falas são sobre como os negros são sempre relegados a catar o lixo, enquanto que os brancos sempre dirigem os caminhões), vive num constante sentimento de existência amargurada, tendo trabalhado durante muito tempo para sustentar a esposa Rose (Davis) e o filho Cory (Jovan Adepo) e o irmão sequelado pela guerra Lyons (Russell Hornsby). À partir desta junção familiar é que Um Limite Entre Nós vai costurando seu retrato sobre a realidade negra na América (com direito a própria bandeira do país balançando ao fundo) enquanto desenlaça as relações de Troy com as figuras ao seu redor.Pois sim, Um Limite Entre Nós faz questão de centralizar a figura do homem, pai de família, trabalhador, porém alcoólico, ressentido e orgulhoso, para que suas mensagens sejam desenhadas. É de Troy as cercas, sugeridas pelo título original, que estão sendo construídas ao redor da sua casa, mas que nunca são finalizadas, numa alusão clara a sua constante indignação ao sistema e aos costumes do próprio que, inicialmente se firmando como uma figura carismática, vai se desconstruindo rapidamente em um homem que apesar de seus esforços em manter a família unida, falha miservalmente em manter a paz e um tratamento justo à sua esposa e filho. Nisto, Um Limite Entre Nós também deseja ser tanto sobre a desconstituição familiar (com a esposa), quanto sobre um conflito de gerações (com o filho), num belo e difícil processo de humanização do personagem que, sim, se torna odiável e intragável em certo ponto, mas o qual jamais conseguimos deixar de compreender devido ao pouco que a vida lhe deu e muito lhe tirou. E é louvável como Denzel, num domínio monstruoso de presença e imposição corporal, carregando a maior porcentagem da carga dramática do filme, e se não há como termos empatia pelo que o personagem é, nos emocionamos pelo que aquela figura representa. E aqui falemos de Viola, e não apenas isso, falemos sobre sua posição no contexto da obra. Rose é constantemente posta como o para-raio das atitudes e palavras de Troy, é dela a tarefa de equilibrar quando é necessário ter equilíbrio, é dela a tarefa de responder emocionalmente as investidas duras e implacáveis de Troy, é dela a tarefa de ser carinhosa, racional, amável e acolhedora. E com supostamente tanto a fazer, é de se estranhar a desvalorização da qual Viola é vítima ao longo de todos os extensos diálogos e longas sequências ambientadas interna e externamente. Sentimos a presença de Viola ali e o quanto sua personagem é necessária, mas Rose pouco move o filme, mesmo com sua função em cena. Rose é indispensável, e ainda assim sentimos que não há o espaço devido para a mesma, seja nos extensos monólogos ou nas respostas às ações de Troy. No que é o momento mais explosivo do longa, vemos Viola dizendo a que veio e revelando do que é capaz quando o material finalmente lhe é dado, mas é pouco tanto para uma atriz como Viola como para a existência indispensável da personagem. Rose ganha mais espaço no terço final da obra, mas até lá, já é tarde demais. E talvez numa extrema negligência com o que é fazer cinema (claro, isto é absolutamente relativo), Denzel pesa a mão ao pouco contribuir para a narrativa do filme enquanto objeto cinematográfico. Há quem diga que a filmagem de Um Limite entre Nós remete a um cinema clássico e econômico, mas se for, faz alusão ao que há de mais cansativo dentro deste cinema classicista. Se o texto de August Wilson deve funcionar nos palcos, nas mãos de Washington ele se torna um artifício mal controlado para os atores, que em verborragia constante, não deixa a obra respirar um minuto sequer, pesa a mão na pilha de sentimentos promovida pelo filme e é pouco eficiente no senso de movimentação que uma adaptação como essa requer. Afora as transições sutis entre um tempo e outro (e o desfecho vergonhosamente melodramático), quase não há um dedo de direção em Um Limite Entre Nós, a missão fica toda para o elenco, e nisso o filme se desequilibra e pouco evolui ou constrói algo a partir de tanto falatório. Quer ser um tour de fource, mas o resultado é apenas o cansaço. Assim, ''Um Limite Entre Nós'' serve perfeitamente como ponte para que o elenco, ou melhor, para que Washington se banhe em sua facilidade para dominar um texto que já é de seu conhecimento, e em menor escala, para que Viola Davis brilhe nos poucos instantes em que algo lhe é dado. Como adaptação, o filme fica no limiar entre o teatro meramente filmado e uma adaptação que pouco quer fazer em relação a ser cinema. Como originário do teatro, o cinema pode bem mais." (Rafael W. Oliveira)
****
''Há algo em comum entre os melhores filmes adaptados de peças: eles não tentam disfarçar sua origem teatral. De Uma Rua Chamada Pecado, de Elia Kazan, até Possuídos, de William Friedkin, de Quem Tem Medo de Virginia Woolf, de Mike Nichols, a A Pele de Vênus, de Roman Polanski, nenhum esconde de onde veio. "Um Limite Entre Nós" pode não estar nessa mesma liga. Mas tem igual orgulho de exalar o cheiro do tablado. O filme baseia-se na peça Fences, de August Wilson, e conta a história do coletor de lixo Troy , ex-presidiário e ex-jogador de beisebol, na Pittsburgh dos anos 1950. Troy queria ter jogado na liga principal de beisebol, então vedada a negros. No presente, seu filho caçula é convidado para um teste em um time de futebol americano. O conflito se instala quando Troy proíbe o filho de ir ao teste, alegando que ele não terá chances por ser negro. Mas sua mulher, a dedicada Rose (Viola Davis), se coloca contra a decisão. O filme é uma mistura muito hábil de drama racial e doméstico, mostrando como as feridas causadas pelo racismo dividiram não apenas uma nação como também muitas famílias negras. O título original, Fences (cercas), remete a essas barreiras erguidas para proteger, mas que também isolam. Ao levar a peça para o cinema, o diretor e protagonista Denzel Washington poderia ter adotado os recursos básicos para tornar cinematográfica uma obra teatral. Para começar, cortar diálogo, transformar palavra em ação. Denzel preferiu preservar o caudaloso texto de Wilson, manter os longos monólogos, em um filme de 2 horas e 19 minutos de duração. Poderia ter inventado outras locações, transferido cenas de lugar, mas quis manter 90% da ação na casa de Troy. Poderia ter chamado atores diferentes dos da versão teatral, para criar uma novidade. Preferiu seguir como protagonista, ao lado de Davis – mesma dupla da premiada montagem de 2010. Todas as decisões se revelam acertadas. Há uma cena ou outra de maior carga simbólica (como o monólogo do protagonista com a morte e, sobretudo, a última sequência) que fogem do tom naturalista ao qual nos habituamos na tela e soam artificiais. Mas, de resto, "Um Limite Entre Nós" entrega aquilo que promete: um dueto entre dois virtuoses para interpretar uma grande obra (e muitos momentos para brilhar em solos). Como um encontro dos pianistas Martha Argerich e Nelson Freire para tocar a Suíte no 2 de Rachmaninoff. Com algum cinismo, pode-se interpretar essa soma de virtuosismo como a pavimentação de uma estrada segura para o Oscar (uma estratégia eficaz, vide a estatueta dada a Davis como atriz coadjuvante e as indicações para filme, ator e roteiro adaptado). Mas também pode-se relaxar e fruir o trabalho excepcional de atores que conseguem revelar as intenções por trás de cada palavra e de cada gesto, tocando sempre as notas certas de emoção." (Ricardo Calil)
89*2017 Oscar / 74*2017 Globo
Bron Studios Escape Artists MACRO Paramount Pictures Scott Rudin Productions
Diretor: Denzel Washington
62.042 users / 23.123 faceSoundtrack Rock Sam Cooke
48 Metacritic 618 Down 55
Date 20/03/2017 Poster - ##### - DirectorPatrice LeconteStarsRebecca HallAlan RickmanRichard MaddenA romantic drama set in Germany just before WWI and centered on a married woman who falls in love with her husband's protégé. Separated first by duties and then by the war, they pledge their devotion to one another.[Mov 05 IMDB 5,7/10] {Video/@@@} M/36
UMA PROMESSA
(Une Promisse, 2013)
TAG PATRICE LECONTE
{romântico}Sinopse ''Alemanha, 1912. Um homem de origem humilde consegue um emprego em uma siderúrgica. Por conta do seu bom trabalho, seu patrão o contrata para o posto de secretário particular. Em pouco tempo, ele e a esposa de seu chefe se apaixonam, mas, por força do acaso, ele é repentinamente mandado para o México. Separados por um oceano, os dois trocam cartas enquanto aguardam o dia em que irão se reencontrar. Às vésperas de seu regresso, é deflagrada a Primeira Guerra Mundial, suspendendo todas as viagens marítimas, e o amor entre os dois precisará sobreviver à passagem brutal do tempo.''
"Baseado em romance de Stefan Zweig, "Uma Promessa", de Patrice Leconte, mostra uma história de amor com obstáculos sociais e políticos. Estamos na Alemanha, na década de 1910. Friedrich Zeitz (Richard Madden) é um jovem pobre que se torna secretário particular do magnata Karl Hoffmeister (Alan Rickman). Uma vez na casa, ele se aproxima do filho pequeno e, principalmente, da esposa de Karl, Lotte (Rebecca Hall), que inicialmente responde ao charme do rapaz de maneira ambígua. Estamos também no terreno da complexidade emotiva. Uma viagem de Friedrich para o México e a Primeira Guerra Mundial surgem como complicadores de um romance que já estava difícil de ser consumado. O diretor Leconte envolveu-se, anos atrás, em uma celeuma com os críticos franceses. Acusava-os de serem inimigos do cinema francês com suas críticas duras. Não foi o primeiro, nem o último, a querer diminuir a distância entre crítica e publicidade. Podemos dizer que essa distância hoje já é bem pequena, mas essa é outra história. Infelizmente, a polêmica não fez Leconte melhorar. Pelo contrário. Se alguns de seus filmes mais antigos sobrevivem com dignidade, caso de Um Homem Meio Esquisito e O Marido da Cabeleireira, há muito ele tem colecionado nulidades. "Uma Promessa" é uma produção franco-belga, com personagens alemães, mas falada em inglês. Ou seja, um filme de arte globalizado. Isso é parcialmente anulado pelo talento de Rickman e da bela Rebecca Hall. Mas o peso da produção incomoda. Lembra o cinema de qualidade que Truffaut atacou há quase sessenta anos, e que, em comparação, era bem menos inócuo com suas adaptações de romances de prestígio. Vemos ainda um trabalho inconsistente com a câmera na mão, e um desastroso uso do zoom, prejudicando o trabalho do ótimo diretor de fotografia Eduardo Serra. Em suma, um fiasco." (Sergio Alpendre)
'''Estamos na Alemanha, em 1912. No início do século, as oportunidades de ascensão social demandavam mais sorte do que competência. No drama Uma Promessa, de Patrice Leconte, este foi o caso do jovem Friedrich Zeitz (Richard Madden). De origem humilde, morador de um sótão alugado em uma parte pobre da cidade, a vida do talentoso estudante de engenharia muda a partir do ingresso na companhia siderúrgica de Karl Hoffmeister (Alan Rickman). A contratação poderia ter sido apenas um passo em direção à estabilidade – o máximo que alguém sem sobrenome poderia esperar na época. No entanto, o senhor Hoffmeister percebe o potencial do jovem e o chama para ser seu secretário. A aproximação profissional reflete na vida pessoal, e logo Zeitz conhece de Lotte (Rebecca Hall), esposa do patrão. Patrice Leconte (Confidências Muito Íntimas, 2004) assina o roteiro junto a Jérôme Tonnerre. Adaptação da obra de Stefan Zweig, a temática pode ser reconhecida em outro trabalho do escritor, que esteve há pouco nas telas do país com O Grande Hotel Budapeste. Independente das particularidades e das preferências estéticas dos diretores, tanto o filme de Wes Anderson quanto o de Leconte trazem um romance de época entrecortado pelas agruras da guerra.'' Uma Promessa'' é um filme instável. No primeiro ato, quando deve apresentar os personagens, a relação com a então namorada e a entrada no emprego, Leconte impõe um vigor que raramente se repetirá nos momentos posteriores. Por um lado, isso é compreensível. O grosso do conteúdo, o desenvolvimento da tensão presente na mudança de Zeitz para a casa de Hoffmeister, por exemplo, merece ser talhado com cuidado. E, por boa parte do segundo ato, acabamos realmente envolvidos com a relação do jovem com Lotte. Quando finalmente a situação se estabiliza e Zeitz é mandado para o México, o filme sofre, então, uma baixa irreparável. As atuações pungentes de Madden e Hall somem de tela e são substituídas de maneira insuficiente pela troca de correspondências e – portanto – pela narração em off. Além do filme se fragilizar em um momento crucial, notamos que a opção estética de Leconte pela fotografia contemporânea e leve de Eduardo Serra (Diamante de Sangue, 2006), como em Ensaio sobre a Cegueira ou em A Caça, acaba acomodando-se mal ao andamento final e ao arrefecimento dos acontecimentos. A tensão psicológica não é suficiente para manter o drama. Enquanto suportou o desdobramento das informações inicias, Uma Promessa se mostrou um filme interessante, tecnicamente competente e alicerçado em um elenco marcante e coeso. Na medida em que evoluiu, porém, tornou-se refém da própria expectativa criada, limitando-se – com o perdão do trocadilho infame – a ser apenas uma promessa." (Papo de Cinema)
Fidélité Films Wild Bunch Scope Pictures Orange Cinéma Séries La Wallonie (participation) Cofinova Développement 6 Le Tax Shelter du Gouvernement Fédéral de Belgique SCOPE Invest
Diretor: Patrice Leconte
3.074 users / 562 face
7 Metacritic
Date 02/06/2017 Poster - ### - DirectorCatherine BreillatStarsIsabelle HuppertKool ShenLaurence UrsinoA stroke-afflicted filmmaker is manipulated by a notorious con man.[Mov 05 IMDB 5,8/10] {Video/@@@} M/77
UMA RELAÇÃO DELICADA
(Abus de Faiblesse, 2013)
TAG CATHERINE BREILATT
{melancólico}Sinopse ''Em 2004, a aclamada diretora francesa Catherine Breillat sofreu um derrame que paralisou o lado esquerdo de seu corpo. Três anos mais tarde, ela conhece Christophe Rocancourt, um notório golpista a quem oferece o papel principal em um filme, além de 25 mil euros em troca do desenvolvimento do roteiro. Nesta produção autobiográfica, Isabelle Huppert desempenha o papel de Breillat durante os 18 meses subsequentes a esse encontro. Uma história real e inexplicável envolvendo dezenas de cheques, decepções, e o drama pessoal de uma das mais importantes realizadoras da atualidade. Toronto 2013.''
"Só não consegue ser pior porque Isabelle Huppert não deixa. No que depende de Breillat, mais um filme feio e mal dirigido, como sempre." (Francisco Carbone)
{Eu estava lúcida… era eu mas não era eu} (ESKS)
''Os admiradores do cinema da francesa Catherine Breillat costumam defender seus trabalhos como exercícios de transgressão que têm no centro a sexualidade como uma matriz eterna de tabus. Em "Uma Relação Delicada", Breillat mais uma vez filma o desejo como algo inextricável, um motor que leva o indivíduo a ceder a algo mais forte e instintivo que a liberdade de escolha. Em vez de fantasmas imaginados, a cineasta transpõe sua própria experiência num rumoroso caso em que ela foi vítima do trapaceiro Christophe Rocancourt, por quem ela sentiu atração e a quem cedeu parte dos bens. Isabelle Huppert interpreta uma cineasta que sofre um AVC e, assim, torna-se frágil. Enquanto se recupera, ela vê na TV a entrevista de um escroque, feito pelo rapper Kool Shen, em que acredita ter encontrado o bruto ideal para seu próximo filme. Nesse curto-circuito entre vida e cinema, Breillat parte, como sempre, dos corpos. Para expor as sequelas da doença de sua personagem, Huppert capricha nos esgares e encarna convulsões como se mirasse uma indicação ao Oscar. Kool Shen faz o mesmo que o ator pornô Rocco Siffredi em Romance e Anatomia do Inferno, outros filmes da diretora: um tipo de homem-objeto em que o filme pretende fazer desaparecer a distância entre o ator e sua imagem. Mais uma vez, a proposta de Breillat nunca supera o ponto de partida, a situação que ela considera dramaticamente forte, mas que filma com frieza clínica. Apesar de evocar as obras de Buñuel e Pasolini, mestres em exibir entranhas caóticas do que chamamos de "ordem", a diretora os renega quando insiste numa visão naturalista e despojada de fantasia. Mesmo os fantasmas do sexo pouco diferem de um verbete de enciclopédia. Parecem bem moldados para fascinar um olhar psicanalítico, mas são nulos como ficção. Nesta visão teórica, os corpos ainda poderiam ser uma força que resiste ao excesso de elucubração. Só que comparada ao que um filme como "Ferrugem e Osso" consegue, a relação de dependência entre a frágil e o bruto revela como fica aquém do que poderia ser." (Cassio Starling Carlos)
''O diálogo da cena final do filme ''Uma Relação Delicada'' pode muito bem ser a fagulha do incêndio que a diretora Catherine Breillat esperava incitar nesse drama. Eu estava lúcida… era eu mas não era eu. Essa afirmação apela para uma dualidade interior que não consegue aparecer no resto do filme. O conflito parece se acumular no último segundo enquanto o restante do tempo de duração da fita não entrega nenhuma verdadeira tensão, sem dar ao espectador argumentos suficientes para compôr uma justificativa crível para a narrativa. Isso se dá pelo fato de que a personagem central se prende em suportar os acontecimentos e a narrativa deixa de explorar as superações e as convicções dela, o que esvazia a possibilidade de empatia. O espectador não tem tempo de interagir com os conflitos e dores de Maud Schoenberg, interpretada pela renomada Isabelle Huppert, porque a narrativa não segue um ritmo engajante. E mesmo que a atuação de Isabelle Huppert seja convincente, a montagem parece ter extraído a profundidade da história com saltos de tempo sem sentido narrativo, que mais parecem existir para fazer caber mais cenas repetidas da personagem dormindo nua na cama sendo despertada pelo celular que toca. Falta uma imersão no mundo dessa cineasta que tem de lidar com as sequelas de um derrame cerebral, fato que parece existir apenas para privá-la de ter uma relação sexual com o vigarista que convida para sua casa no intuito de tê-lo como ator no novo filme dela. O personagem de Kool Shen, Vilko Piran, é um estelionatário que ficou 13 anos preso em uma prisão de Hong Kong. Ela se atrai pela capacidade dele em ignorar qualquer forma de remorso pelos crimes que comete. E ele fica tentando chocá-la ou arrancar certa compaixão pelo passado sofrido dele mas ela não reage, o que atrai o interesse dele. A relação dos dois parece se basear em interesses que nunca são ditos. É possível imaginar que a diretora quisesse trabalhar uma trama do avesso do estilo que ela é facilmente relacionada, ao escamotiar a tensão sexual em corpos que não se tocam com intuito de dar prazer. Mas realmente não dá para extrair do filme uma conclusão. O roteiro que a cineasta do filme descreve consegue ser muito mais instigante e total em sentido do que Uma Relação Delicada. Esse filme simplesmente não atinge ápices e fica preso a uma continuação de cenas que não dizem tudo que poderiam dizer e deixam o espectador apático ao desenrolar da trama. Por fim, a trama parece se basear na solidão e no orgulho da personagem central que assina a própria apatia nos cheques que entrega para o vigarista. Se há uma coisa com a qual o público consegue se relacionar nesse filme é essa apatia." ( Gabriela Miranda )
Flach Film Iris Films Iris Productions Deutschland Arte France Cinéma CB Films Canal+ Ciné+ ZDF/Arte Palatine Étoile 10 Hoche Artois Images Centre National de la Cinématographie (CNC)
Diretor: Catherine Breillat
767 users / 102 face
16 Metacritic
Date 04/072017 Poster - ##### - DirectorHannes HolmStarsRolf LassgårdBahar ParsFilip BergOve, an ill-tempered, isolated retiree who spends his days enforcing block association rules and visiting his wife's grave, has finally given up on life just as an unlikely friendship develops with his boisterous new neighbors.[Mov 10 Favorito IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/70
UM HOMEM CHAMADO OVE
(En Man Som Heter Ove, 2015)
TAG HANNES HOLM
{inesquecível}Sinopse ''À primeira vista, Ove é o homem mais rabugento do mundo. Sempre foi assim, mas piorou desde a morte da mulher, que ele adorava. Agora que foi despedido, Ove decide suicidar-se. Mal sabe ele as peripécias em que se vai meter. Um jovem casal recém-chegado destrói-lhe a caixa de correio, o seu amigo mais antigo está prestes a ser internado a contragosto num lar, e um gato vadio dá-se a conhecer. Ove vê-se obrigado a adiar o fim para ajudar a resolver, muito contrariado, uma série de pequenas e grandes crises.''
"Tudo na vida parece ter um lado iluminado - é o que Ove tenta mostrar. Seu mau humor extremo acaba servindo como apoio para seu altruísmo e o clima pesadíssimo que a obra transmite vai clareando com o passar de suas ações - mesmo que forçadas." (Alexandre Koball)
"O arco do protagonista é bastante tradicional, mas contado com humor e sensibilidade, evitando momentos melodramáticos. Ajuda, especialmente, a excelente interpretação de Rolf Lassgard, que deixa transparecer doçura mesmo nas reações rabugentas de Ove." (Silvio Pilau)
"A clássica fórmula do carismático velho rabugento que vai se "humanizando" ao decorrer do filme até conquistar o espectador. Sensível e comovente (em especial, as cenas de flashback envolvendo Ove e sua esposa). Dosa muito bem o humor e o drama." (Léo Félix)
{Não matamos o tempo, o tempo nos mata} (ESKS)
''O feio termo dramédia serve para descrever a mistura de drama e comédia feita nessa produção sueca. O protagonista é aquele tipo com mentalidade de síndico, gente que acredita que o mundo foi feito para elas imporem seus ideais de ordem. Aos poucos, o longa revela o passado de Ove, suas alegrias e tristezas e mostra que por detrás de sua carapaça de durão bate um grande coração. O filme aproveita o tom de crônica descompromissada para tratar também de temas sérios, como imigração e diversidade cultural e sexual. Mesmo que o conjunto seja agradável e divertido, é difícil entender por que escolheram algo tão semelhante a dezenas de sitcoms.'' (Cassio Starling Carlos)
''Ainda que a classificação de um filme como “Sessão da Tarde” não necessariamente carregue conotação negativa, a expressão também é comumente aliada a obras poucos ousadas e que são capazes de agradar a todos indistintamente. Em muitos casos, porém, essa maneira de se enxergar um filme leva à conclusão de que é uma obra mediana ou medíocre na acepção original do adjetivo. Um Homem Chamado Ove é exatamente isso: um filme que provavelmente agradará a todos, mas que jamais sai de sua zona de conforto, entregando exatamente o que se espera dele.
E, de novo, essa característica não é ruim em si, mas se o espectador espera alguma coisa mais do que personagens arquetípicos, situações clichê e níveis altos de sacarina, é melhor passar longe do candidato sueco ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2017 (e que também concorre à estatueta na categoria Melhor Maquiagem e Cabelo). Por outro lado, se o que se procura é um feel good movie que toca em todas as teclas na ordem correta, sem desafinar, então Um Homem Chamado Ove pode ser uma boa pedida. Quando a projeção começa, vemos Ove (Rolf Lassgård), um senhor solitário, carrancudo e rabugento seguindo seu imutável ritual diário. Obcecado em manter a ordem no condomínio de casas em que vive, ele verifica cada mínimo detalhe, como lixo no chão, carros mal estacionados, bicicletas largadas, o estado de placas de proibido e assim por diante. Se alguém fala com ele, a resposta é, invariavelmente, uma patada seguida de um dar de costas que chega a ser engraçado. Mas não há nada verdadeiramente cômico na vida deste homem, que sente muito a falta de sua esposa falecida. Suas tentativas de suicídio para encontrar-se com ela marcam os momentos em que ou somos apresentados a um novo status quo no condomínio, notadamente uma nova família que se muda para a casa em frente a dele ou a um flashback lidando com um trecho importante de sua vida desde os sete anos de idade. E, assim, a narrativa caminha, aos poucos revelando a rota seguida por Ove até tentar se matar e, também, que, muito diferente do que vemos no início, ele tem é um grande coração. O roteiro de Hannes Holm, que também dirigiu o filme, é baseado no primeiro romance do escritor sueco Carl Fredrik Backman, de 2012, e não esconde nada do espectador, trabalhando absolutamente todos os clichês do gênero em sucessão metódica como o próprio Ove. É como se Holm tivesse seguido um checklist: tem tragédia familiar, jovem simpático e bobalhão (Ove vivido por Filip Berg), encontro romântico atrapalhado, família contagiante, causas nobres e assim por diante. Se, por um lado, o espectador não terá absolutamente nenhuma surpresa e os que forem um pouco mais escolados serão capazes até de prever exatamente cada sequência da obra logo antes de ela começar, por outro esse “conforto” em se sentir no controle absoluto da progressão narrativa tem suas recompensas. As atuações de Lassgård e de Berg são simpáticas e convincentes, com os dois atores esforçando-se para realmente parecerem duas versões da mesma pessoa. Bahar Pars, que vive Parvaneh, a extremamente grávida imigrante vizinha de Ove, mãe de duas filhas lindas, é a alegria em pessoa, em franco e por vezes engraçado contraste com a o cenho fechado de Lassgård. Ida Engvoll, por sua vez, agradavelmente vive Sonja, a amada esposa do protagonista que é vista em flashback desde a inusitada forma que se conhecem. Todas as peças estão onde devem estar e cumprem bem suas respectivas funções ao longo das longas quase duas horas de rabugices de Ove.Até mesmo a direção de Holm não tenta ir além do necessário para nos passar um ar familiar. Mas não se enganem, pois seu trabalho é inegavelmente cuidadoso e delicado, inserindo os flashbacks em momentos corretos que contribuem para a fluidez da história, ainda que ele carregue demais na trilha sonora intrusiva que tenta estabelecer a forma como o espectador deve sentir-se. Sua composição de quadros merece também comenda, emprestando um pouco um ar quase teatral ao que vemos desenrolar diante de nossos olhos. A fotografia de Göran Hallberg, também responsável por O Centenário Que Fugiu Pela Janela e Desapareceu, trabalha com tons muito claros, emprestando um ar asséptico – e monótono – à vida de Ove que aos poucos vai ganhando cores mais fortes, mas nunca exagerando. Vê-se uma tentativa óbvia em trabalhar dentro de parâmetros quase universais para comover o espectador, sem carregar excessivamente no melodrama rasgado, ainda que ele esteja presente. Mas Holm não sabe quando parar. Ao tentar inserir um sub-texto de inclusão social em sua obra, ele acaba forçando demais a narrativa. Funciona bem a inclusão orgânica de Parvaneh, mas a história pregressa de seu amigo que se tornou rival e especialmente a história paralela do amigo gay do entregador de jornal do condomínio, que entra e sai da trama em um piscar de olhos, são mal trabalhadas e acabam pesando no arco de Ove e na duração da projeção, que passa, então, a ser efetivamente sentida. Um pouco mais de economia e um passo mais apressado na montagem de Fredrik Morheden talvez tivessem minorado esses problemas. ''Um Homem Chamado Ove'' é agradável o suficiente para aquecer corações, mas insípido demais para realmente ter um significado além do que se percebe em seu valor de face. Certamente uma boa Sessão da Tarde, mas daquelas que o espectador não parará para assistir novamente se aparecer quando estiver trocando de canais." (Ritter Fan)
''Qual o sentido da vida? Para Ove (Rolf Lassgård), o importante é seguir a rotina de cada dia: acordar, fechar a porta de sua casa - três vezes - checar as garagens, anotar as placas dos carros que fazem pernoite no estacionamento, guardar as bicicletas dos jovens arruaceiros, chutar as placas de sinalização, verificar se o portão está trancado. À primeira vista, o senhor de quase 60 anos é o típico rabugento da terceira idade. Morando em um pequeno condomínio de casas no interior da Suécia, Ove se irrita com todos os atos dos vizinhos, que segundo ele, não fazem nada certo. Sem motivações após a morte da mulher e surpreendido por uma demissão após quatro décadas de dedicação ao trabalho, Ove resolve dar um fim à tanto sofrimento, mas a chegada de novos vizinhos acaba mudando a vida do amargo homem. Lançado originalmente em 2015, o filme sueco dirigido e roteirizado por Hannes Holm adapta o bestseller de Frederik Backman, que vendeu mais de 700 mil exemplares pelo mundo. O longa ganhou indicações da Academia como melhor filme estrangeiro e melhor maquiagem para o Oscar deste ano, e se tornou o quinto filme mais visto na história do cinema sueco. A ação do filme se dá no passado e no presente. Os flashbacks que seguem às tentativas de suicídio revelam aspectos e histórias da vida de Ove que ajudam a reforçar a mensagem de que não devemos nos basear em primeiras impressões - como era de se esperar, existe bondade por trás de tanta irritação. Ao longo da trama, vemos Ove (Filip Berg interpreta uma versão mais jovem enquanto Viktor Baagoe é o protagonista enquanto criança) crescer em uma Suécia tradicional e austera, fascinado por Saabs (nunca Volvos) e motores de carros, experimentar a paixão pela professora Sonja (Ida Engvoll) e desenvolver um ódio justificável pela burocracia de um país em ebulição social e cultural. Por fim, é uma inesperada amizade com os novos vizinhos - a pragmática e grávida imigrante iraniana Parvaneh (Bahar Pars), suas jovens filhas (Nelly Jamarani, Zozan Akgun), e seu atabalhoado marido Patrik (Tobias Almborg) - que dá à Ove um novo sopro de vida. Holm deixa claro que sentir-se amado é um sentimento essencial para a sobrevivência, e que a vida é muito mais doce enquanto compartilhada por outras pessoas. Tal como o livro, o roteiro de Holm monta Ove como uma figura arquétipa, mas com uma história única para contar. Ao fazer uso de elementos como a repetição de cenas, como a patrulha de Ove em seu condomínio, o filme mostra as mudanças graduais em sua personalidade e as diferenças na percepção da comunidade local com o protagonista, que deixa de ser o vigilante para ser uma figura querida por todos. Apesar da trilha sonora às vezes escorregar no sentimentalismo, o filme consegue construir com competência uma história encorajadora e por vezes cômica de afirmação da vida. O grande destaque do elenco fica por conta de Rolf Lassgård; com uma atuação memorável, o veterano é a personificação do escandinavo correto e austero e é praticamente impossível não se comover com sua admiração para com a falecida esposa. Escorado na elegante fotografia de Goran Hallberg (O Centenário Que Fugiu Pela Janela e Desapareceu), ''Um Homem Chamado Ove'' apresenta temas tocantes e simples em meio a uma Suécia multirracial, aberta aos imigrantes e às novas culturas, e nos ajuda a relembrar que a gentileza, o amor e a felicidade podem ser encontrados nos lugares mais inesperados." (Caio Soares)
''Em "Um Homem Chamado Ove", filme sueco de Hannes Holm, Ove (Rolf Lassgard) é um viúvo de 59 anos cuja única diversão é tratar mal as pessoas ao redor. É um rabugento de primeira classe, daqueles que assustam só de olhar. Acontece que o mau humor, no cinema, é uma das coisas mais carismáticas que existem. São muitos os personagens mal-humorados que conquistam o público, como atestam, por exemplo, as diversas versões cinematográficas do Conto de Natal, de Charles Dickens como resistir aosr. Ebenezer Scrooge? Como exemplos bem trabalhados e mais ou menos recentes vêm logo à mente o personagem de Jack Nicholson em Melhor É Impossível, de James L. Brooks, o de Eddie Marsan em Simplesmente Feliz, de Mike Leigh, e o melhor de todos, o de Clint Eastwood em seu antológico Gran Torino. Embora por vezes pareça mais um monstro do que propriamente um mal-humorado, Ove pode muito bem entrar para essa galeria de rabugentos. Quando perde o emprego, resolve botar fim à sua própria vida, mas os novos e turbulentos vizinhos sempre aparecem para frustrar seus planos. Eles funcionam como um sinal de que esse mal-humorado ainda não está em sua hora derradeira. A vizinha iraniana, Parvaneh (Bahar Pars), que com ele tenta aprender a dirigir carros; as pequenas e adoráveis filhas dela, que sentem falta de um avô para contar histórias de maneira performática; uma senhora que pede ajuda para um conserto. Todos precisam de Ove, que vive como um gerente do pequeno condomínio onde mora. Nesse tipo de filme, há sempre uma espécie de humanização do personagem bruto. Uma adaptação a uma nova configuração de vida. Aqui, temos também flashbacks que mostram felicidades e tragédias na vida de Ove, incluindo cenas de forte intensidade dramática. Mesmo com seu caráter pouco sociável, Ove afeta de algum modo a vida de todos ao seu redor. Trata-se de um pequeno e simpático filme, com um personagem marcante." (Sergio Alpendre)
89*2017 Oscar
Tre Vänner Produktion AB Film i Väst Nordisk Film Fantefilm Nordsvensk Filmunderhallning Sveriges Television (SVT)
Diretor: Hannes Holm
28.968 users / 14.375 faceSoundtrack Rock Laleh / Demis Roussos / Willie Nelson
21 Metacritic 637 Up 2.092
Date 12/10/2017 Poster - ########## - DirectorDaniel KwanDaniel ScheinertStarsPaul DanoDaniel RadcliffeMary Elizabeth WinsteadA hopeless man stranded on a deserted island befriends a dead body, and together they go on a surreal journey to get home.[Mov 07 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/64
UM CADÁVER PARA SOBREVIVER
(Swiss Army Man, 2016)
TAG DAN KWAN / DANIEL SCHEINERT
{agressivo / surreal }Sinopse ''Hank (Paul Dano), um homem perdido no deserto, e sem esperanças, encontra um corpo no meio do caminho. Decidido em ficar amigo do morto, eles vão partir, juntos, em uma jornada surrealista para voltar para casa. Ao mesmo tempo em que Hank descobre que o corpo é a chave para sua sobrevivência, ele é forçado a convencer o morto o quanto vale a pena viver.''
"Em termos narrativos, pode-se dizer que nem tudo funciona, mas o filme é tão insano e com tantas ideias malucas que é difícil não aplaudir a ambição e a criatividade dos cineastas. Indiscutivelmente um dos filmes mais estranhos e curiosos do ano." (Silvio Pilau)
"Olha ... acho que tem que estar com a mente aberta pra digerir bem esse aqui. Pois não foi o meu caso. A tentativa de ser original resulta numa incômoda sensação de estranheza. E não vejo graça em escatologia. Salva-se a boa química entre Dano e Radcliffe" (Léo Félix)
"É um desses filmes com uma premissa tão absurda que acaba por ser cativante e histérico ao mesmo tempo. A química de Dano e Radcliffe é magnética, e entra fácil pra um dos melhores momentos do ano." (Felipe Leal)
''A premissa básica de ''Um Cadáver para Sobreviver'' cativa o espectador pelo estranhamento. Hank (Paul Dano), um homem há tempos perdido em uma ilha deserta, está prestes a se matar quando encontra um cadáver (Daniel Radcliffe) na praia. O corpo, apesar de sem vida, ainda solta gases em uma potência alta o suficiente para ser usado como um jet ski e levar Hank para longe da ilha. Os primeiros cinco minutos do filme são suficientes para determinar o tom absurdo e pueril no estilo surreal de um Michel Gondry. Além das flatulências de grande propulsão, Manny - o cadáver - começa a falar, tem ereções que apontam o caminho e ainda se mostra uma eficiente metralhadora. O novo companheiro não só renova as esperanças de sobrevivência de Hank como é um meio através do qual ele revela sua personalidade. No extremo do desgaste psicológico, Hank projeta em Manny suas fantasias e vai descobrindo a si mesmo à medida que interage com o morto. O diálogo, aliás, é outro grande trunfo dos diretores e roteiristas Dan Kwan e Daniel Scheinert, claramente influenciados pela dramaturgia teatral de Samuel Beckett. Manny, em sua sinceridade ingênua, colabora com a evolução pessoal de Hank quando traz reflexões sobre sexualidade, família e cultura pop. Ainda através da fala, Hank e Manny, em diversos momentos, improvisam sobre uma melodia cuja letra original Hank não consegue se lembrar. As canções inventadas expõem diferentes climas sentimentais e são uma ótima ferramenta para desvelar o personagem por dentro. Imerso e entregue no ambiente imaginário, em um retrato sensível de auto-conhecimento através da miséria humana, o espectador talvez se choque com a virada para o terceiro ato. Não que o filme devesse responder todas as ambiguidades que levanta desde o começo - estaria Hank de fato vivenciando tudo aquilo? Seria a relação de Hank e Sarah uma obsessão transgênera, em vez de uma paixão platônica? -, mas neste momento a história começa a confundir mais do que esclarecer. Dessa forma, por gerar um movimento de distanciamento, o final não é tão emocionante quanto poderia. Ainda assim, é marcante a evolução que os personagens apresentam - agora é Manny quem carrega Hank nas costas - e é notável a mudança de significado dos gases nas últimas cenas: no primeiro peido você ri e no último, você chora." (Lucas Zacarias)
''Apesar de em um primeiro momento Um Cadáver para Sobreviver ter ecos inevitáveis de Um Morto Muito Louco, pois ambos lidam com um personagem que é um cadáver, as semelhanças param por aí. O novo filme com Daniel Radcliffe, que segue em sua corajosa decisão de sair do caminho comum do estrelato que alcançou logo com seu primeiro papel, é também seu mais bizarro e filosófico, ainda que não seja fácil e automaticamente apreciável. E essa dificuldade em apreciá-lo não vem de pretensa complexidade, hermetismo ou de discussões cabeça, ainda que elas sejam possíveis, mas sim da estranheza que causa logo nos primeiros minutos quando Hank (Paul Dano), que está prestes a se matar por não ter mais esperanças de ser resgatado de uma ilha deserta, vê, na praia, o corpo de um homem que logo descobre estar morto, o que novamente desinfla suas esperanças. Mas esse corpo – mais tarde batizado de Manny (Radcliffe) – revela-se como sua tábua de salvação graças à uma desconcertante flatulência eruptiva, que o transforma em um providencial Jet-Ski que leva Hank ao continente. Se você torceu o nariz para essa breve sinopse, saiba que ela é apenas a ponta do iceberg, pois as coisas ficam consideravelmente mais estranhas a partir desse ponto. Portanto, para que o filme tenha alguma chance de funcionar, o espectador terá que trafegar por alguns (vários, na verdade) momentos de incredulidade diante do que está assistindo e terá que ter força de vontade para passar por cima das tais flatulências e alguns outras doideiras do “homem-canivete suíço” (a tradução literal do título original), notadamente a gradativa reanimação do corpo, que passa a efetivamente interagir com Hank em um mergulho no que bem poderia ser o exemplo atual de uma obra do surrealismo. Mas tenho a sincera impressão que, uma vez ultrapassada a fase de adaptação, o espectador terá muita coisa para apreciar nesta terna obra de Dan Kwan e Daniel Scheinert, ambos debutando na direção e roteiro de longa-metragem. Afinal, muito além das doideiras divertidas – algumas nojentas – do roteiro e da progressão da narrativa, Um Cadáver para Sobreviver é um filme sobre solidão, desespero e imaginação, além de conter pitadas desconcertantes de obsessão, esta última encapsulada na estranha fixação de Hank por Sarah (Mary Elizabeth Winstead), uma jovem que ele conhece apenas por que, antes dos eventos do filme, ela pegava todo o dia o mesmo ônibus que ele. É na observação do mundo de Hank por seus olhos que o filme ganha brilho e galga vários degraus acima da premissa singular. Se visto pelo seu valor de face, o filme será um grande show de atuações da dupla principal. A interpretação de Dano é doce e ao mesmo tempo angustiante. Diferente do espectador, ele nunca, em momento algum, duvida de verdade de Manny e de suas, digamos, mil e uma utilidades, e, a cada minuto que passa, sua ligação com o cadáver que aos poucos vai de certa forma revivendo (na verdade, é Hank que vai sendo reanimado!), torna-se mais umbilical. Radcliffe está excepcional e incrivelmente convincente como um morto. Há um brilhante trabalho de maquiagem ajudando-o neste papel, com sutis transformações na medida da progressão da obra, mas sua capacidade de exprimir sentimentos apenas com sua voz ouvida entre dentes e com um mínimo de movimentação facial é realmente belíssima de se ver. Mas o valor de face só fará sentido se encararmos a obra como uma fábula e ela, certamente, em muitos momentos, tem essa natureza. A ilha deserta no exato formato padrão de ilha deserta de desenho de criança, as cores fortes que pontificam a odisseia de Hank e Manny pela floresta, a progressão cheia de obstáculos dos mais improváveis, de pontes a ursos, entre outros, levam a crer que essa é uma das possíveis e legítimas formas de se olhar para Um Cadáver para Sobreviver. Aliás, o estranho final, que coloca terceiros – Sarah, o pai de Hank e repórteres – testemunhando um “momento impossível” que antes era exclusivo dessa relação solitária entre a dupla, tem a tendência de levar o espectador a esta conclusão. Acontece que este é apenas o caminho mais direto. Talvez, aqui, seja o momento em que o leitor queira parar de ler se não tiver visto o filme, pois inevitavelmente entrarei em aspectos que poderão estragar a experiência audiovisual. Enquanto os acontecimentos ficam restritos a Hank e Manny, os devaneios do roteiro podem ser interpretados simplesmente como algo que existe apenas na cabeça de Hank, provavelmente sofredor de esquizofrenia ou algum outro tipo de problema mental (repare como ele é duas vezes chamado de “retardado” pelo pai). É perfeitamente possível até mesmo ignorar a existência física de Manny e interpretá-la como uma manifestação de parte da personalidade reclusa de Hank. O filme, com isso, seria uma calorosa parábola sobre a solidão e a possível doença mental do personagem visto sob seu ponto de vista escapista e alucinógeno.Quando, porém, a filha de Sarah vê Hank – é possível interpretar que ela não vê Manny – a realidade começa a chocar-se com a conclusão de que tudo se passa na cabeça de Hank, o que leva a narrativa para o lado fabulesco que mencionei mais acima. No entanto, tenho para mim que é perfeitamente possível conciliar as duas visões. Por um lado, podemos manter a interpretação de que tudo – do começo ao fim, incluindo a sequência final a partir do jardim da casa de Sarah – se passa na cabeça de Hank, possivelmente internado em algum centro de tratamento de desordens psiquiátricas. Sim, há determinado momento em que vemos Manny transformando-se novamente em Jet Ski pela objetiva da câmera da televisão local, mas o mergulho na mente de Hank pode ser tão profundo que até isso é algo fruto de sua mente febril. Melhor ainda, porém, é ver o filme como sucessões de entradas e saídas da realidade por Hank. A ilha? Nunca existiu ou simplesmente não era uma ilha – a tomada inicial, em plano aberto, dá essa impressão, mas pode ser somente impressão. A odisseia de Hank? Aconteceu não mais do que 100 ou 200 metros atrás do jardim de Sarah. Ele achou um corpo? Sim. É o catalisador da história e aquilo que o faz mais intensamente abandonar a realidade, ainda que ele não o tenha arrastado para todo canto. O finalzinho? Bem, é sua fuga desesperada para dentro de sua mente para racionalizar o que está acontecendo diante dos fatores externos que precisa enfrentar. Mas o mais importante é não matutar muito sobre os detalhes e deixar o filme correr solto. Tentar entender cada momento, cada maluquice, cada bizarrice é receita para que se perca a visão do todo. É correr da abordagem lírica da solidão e da fuga para um cantinho aconchegante da mente que pode nos trazer conforto e força em momentos-chave de nossas vidas." (Ritter Fan)
Um morto muito louco.
''Em pouco menos de 10 minutos de projeção, "Um Cadáver Para Sobreviver" adentra numa cena que dificilmente será esquecida por quem a assistiu: enquanto se desenrolam os créditos do filme, um homem perdido numa ilha deserta usa um cadáver trazido pelo mar como jet ski para passear pelo litoral, residindo na característica flatulenta do morto a origem da propulsão necessária para a realização de tal façanha. Após uma abertura dessas, pouca coisa parece capaz de surpreender, mas ainda assim o filme dos diretores Dan Kwan e Daniel Scheinert reforça a teoria de que nada é tão ruim que não possa piorar. Não imagine que essa abertura indica uma insana comédia escatológica e inconsequente. Pelo contrário, ''Um Cadáver Para Sobreviver'' usa desses recursos absurdos para tentar forçar um humor infantilóide dentro de um universo totalmente e assumidamente indie, repleto de todos os vícios e cacoetes insuportáveis dos quais tem direito e, portanto, fora de sintonia com esse tipo de esquete. A trama, em algum nível, remete a Náufrago (Cast Away, 2000), trabalho de Robert Zemeckis em que Tom Hanks faz amizade com uma bola para não perder a sanidade, depois de incontáveis dias perdido numa ilha deserta. No caso do filme em questão, temos o aspirante a suicida Hank (Paul Dano), que desiste de se matar depois de fazer amizade com Manny (Daniel Radcliffe), um cadáver desovado na praia que emite vez por outra manifestações de vida. A sinopse graciosa e engraçadinha não esconde um filme que pretende abordar temas como solidão, comunicação e mesmo o caos das relações modernas. Incorrendo no mais comum vício chato dos filmes indies, os diretores tentam erigir uma poética exaltação da mediocridade pessoal do protagonista, reverter sua condição de looser em uma mensagem sobre aceitação, superação e incentivo a todos aqueles que acreditam que não ter amigos, ou uma namorada, ou uma vida social intensa, sejam os piores tipos de sofrimento possíveis do mundo, que os desqualificam da dignidade de viver. Essa celebração da figura do jovem adulto desajustado e decadente é realçada por uma espécie de humor pré-adolescente babaca, que se vale de artifícios cômicos dos mais rasteiros, como passagens supostamente engraçadas envolvendo pum, vômito e excitação sexual. A partir do ponto que Hank começa a de fato desenvolver uma amizade com Manny, finalmente os roteiristas abrem espaço para a enxurrada de lições de vida edificantes, quando o vivo tenta ensinar ao morto todos os códigos básicos de conduta sociais, de acordo com sua ótica romântica, abilolada e tímida. Cabem aqui tentativas infindáveis de mensagens sobre solidão, carência afetiva, isolamento social, pontuadas por desfechos engraçadinhos e cínicos que procuram maquiar o tom edificante do discurso ou por esquetes e gags afetadas dirigidas como num clipe musical. Ancorado o tempo todo no absurdo e na suposta ousadia, o filme assim procura disfarçar sua total falta de domínio narrativo, linguagem pobre, trilha sonora bonitinha e ordinária, roteiro engessado, e não consegue em momento algum evoluir para algo crescente ou interessante, fechando-se naquele mundinho de auto piedade dos personagens. Apesar do evidente esforço do elenco para contornar todos os contras, não há muito que se fazer com um material que parece que foi desenvolvido por um adolescente preso em seu mundo auto indulgência e comiseração, que romantiza a própria inaptidão social e torce para que isso seja o suficiente para ser considerado ao menos interessante (ou vivo) aos olhos dos outros." (Heitor Romero)
2016 Sundance
Blackbird Cold Iron Pictures Tadmor
Diretor: Dan Kwan / Daniel Scheinert
80.772 users/ 21.449 face
36 Metacritic 1.440 Up 126
Date 11/06/2018 Poster - ####### - DirectorJack ArnoldRicou BrowningStarsTony RandallJanet LeighRoddy McDowallA marine scientist volunteers to have his family live in a prototype underwater home to prove it's practical.[Mov 08 IMDB 6,1/10] {Video/@@@@@}
UMA CASA COMO POUCOS
(Hello Down There, 1969)
TAG JACK ARNOLD / RICOU BROWNING
{hilário}Sinopse ''O impaciente chefe de uma grande empresa, T.R. Hollister (Jim Backus), ficou irritado ao ver que seu chefe de pesquisa, Fred Miller (Tony Randall), gastou US$ 200 mil para construir uma casa submarina. Fred crê que, com o aumento populacional, a solução é usar o espaço que fica embaixo d'água. Entretanto Hollister quer abandonar o projeto, pois ninguém viveria ali. Fred propõe que uma típica família americana more nesta casa por um mês, mas como o projeto tem de ficar em segredo ele não vê outra solução senão levar sua própria família, apesar de sua mulher, Vivian (Janet Leigh), ter pavor de água. Mas este é apenas o primeiro de muitos problemas que Fred vai enfrentar.''
''Parte da fascinação dos anos 60 com qualquer coisa futurista e de alta tecnologia,Hello Down There (também conhecido como Sub-A-Dub-Dub) é a história de Fred Miller (Tony Randall), um inventor que tenta defender a vida submersa movendo sua relutante família para uma casa submersa (The Green Onion), localizada a 30 metros abaixo da superfície do oceano, por um teste de 30 dias. Infelizmente, Miller encontra vários obstáculos. Por um lado, seu chefe quer que seu projeto fracasse e faz de tudo ao seu alcance para pôr em risco a Cebola e seus ocupantes. Em segundo lugar, o filho adolescente de Miller e sua filha estão em uma nova banda de rock (Harold and the Hang-Ups) e eles simplesmente não podem se dar ao luxo de abandonar seus esforços de composição para um experimento científico de um mês. Solução: a banda traz seus instrumentos embaixo d'água e cria algum material novo em sua morada aquática. Olá Lá deve ser visto para Harold e os Hang-Ups, sozinhos. Melhor descrita como uma Família Partridge subaquática (com Richard Dreyfuss no papel de Danny Bonaduce), a música dos Hang-Ups foi composta pelo veterano compositor de Brill Building (e co-autor de Be My Baby) Jeff Barry. Embora eu não possa provar isso, acho que essa pode ser a banda mais nerd da história do mundo. Ainda assim, devo reconhecer um ponto fraco por "Peixinho Dourado", obviamente sua melhor trilha. De fato, a cena em que eles compõem essa música - em resposta a uma inexplicável onda de inspiração no fundo do mar - tem um sentimento que beira a transcendência kitsch (se é que isso é possível) que é totalmente inesperado. Cheio de conceitos conceituados - uma casa subaquática, um executivo do menino milionário (interpretado por Roddy McDowall, 41 anos de idade) que usa computadores para avaliar o potencial das canções - Hello Down There toca como um híbrido da National Geographic. programação e uma sitcom dos anos 60 dos featherweight. Não é por acaso, portanto, que o filme apresenta os rivais da série, Tony Randall e Jim Backus, entre outros. Apesar de suas aspirações extremamente modestas, os créditos do filme incluem vários nomes notáveis. Além de seu elenco sólido (que também inclui Janet Leigh e até Merv Griffin), Hello Down There apresenta os talentos do notável diretor Jack Arnold, mais conhecido por Creature From the Black Lagoon e pela clássica sátira dos anos 50, The Mouse That Roared . Também digno de nota, as sequências subaquáticas do filme foram dirigidas pelo guru da produção de filmes aquáticos Ricou Browning, mais conhecido por suas contribuições aos filmes e séries de TV Flipper. Os fãs de Wes Anderson também devem tomar nota: enquanto Hello Down não é tão realizado ou ambicioso como The Life Aquatic com Steve Zissou , o mais recente trabalho de Wes Anderson deve muito a essa estranheza dos anos 60. Fred Miller é uma versão muito mais ensolarada de Zissou, mas suas visões de vidas no mar completas e tecnologicamente avançadas são notavelmente semelhantes. A presença de acompanhamento musical ao vivo e conflitos conjugais em ambos os filmes também é digna de nota. A Paramount faz um ótimo trabalho com a transferência de 1.85: 1, mas o DVD não inclui nenhum recurso (nem mesmo um trailer). Para ser justo, o filme praticamente fala por si. Eu não posso imaginar o que extras poderiam acrescentar, além de alguns detalhes secos sobre o processo de fingir locais subaquáticos (sem trocadilhos). Enquanto ''Uma Casa como Poucas'' tem uma reputação duvidosa (Leonard Maltin deu apenas uma estrela e meia), qualquer um com nostalgia de bandas de rock dos anos 60 e sitcoms deve definitivamente dar uma olhada." (Jonathan Doyle)
Ivan Tors Productions
Diretor: Jack Arnold / Ricou Browning
586 users / 7 face
Date 14/07/2018 Poster - ####### - DirectorAaron KaufmanStarsPierce BrosnanJustin ChatwinDanny MastersonA weekend getaway takes a dangerous turn when a mysterious nightclub owner introduces a group of friends to a dangerous new designer drug.[Mov 01 IMDB 4,7/10] {Video/@} M/71
URGE - DROGA MORTAL
(Urge, 2016)
TAG AARON KAUFMAN
{esquecível}Sinopse ''A trama acompanha um grupo de amigos que topa passar as férias em uma ilha deserta e participar dos experimentos de uma nova droga. Lá, eles descobrem que a substância os fazem perder a capacidade de controlar seus impulsos. Brosnan vai interpretar o criador da droga e vigilante da ilha.''
Vapid, obnoxious festa de crianças de Nova York tropeçar em cima de uma droga que oferece mais do que eles esperavam em "Urge - Droga Mortal", um filme que é tão vazio e desagradável como os próprios personagens. Com sua estréia na direção de longas-metragens, Aaron Kaufman criou um pequeno filme que é estiloso, mas sem alma. Isso é adequado, dada a configuração e o assunto, mas não contribui para uma visão extremamente atraente. À medida que a droga faz com que a sociedade se degrade inteiramente ao longo de um único fim de semana, “Urge - Droga Mortal” na verdade se torna monótono e entorpecente, assim como deveria estar atingindo um clímax emocionante. Danny Masterson interpreta Neil, um multimilionário arrogante de tecnologia que voa de helicóptero com um grupo de velhos amigos para sua mansão moderna em uma ilha exclusiva. Eles são universalmente atraentes e irritantes, incluindo a amiga / namorada tensa de Neal, Theresa ( Ashley Greene ); artista desinibido Jason ( Justin Chatwin ); ex-freak gordinha de fitness Vick ( Chris Geere ); e a namorada ninfomaníaca de Vick, Denise ( Bar Paly ). Este fim de semana será épico, assegura Neal à relutante Theresa. A palavra “épico” é muito usada no roteiro de Jerry Stahl , mas o filme em si raramente cumpre essa promessa. Logo, todos eles estão animados para uma noite de devassidão no Volcano, um clube de luz vermelha onde um misterioso par de olhos gigantes e mascarados do lado de fora do prédio eleva as pessoas e determina se elas valem a pena entrar. Dentro da estrutura cavernosa e ornamentada, estranhos grindam na pista de dança e um artista performático chamado Xiomara (Kea Ho) entretém a multidão em tiras de couro vermelho e asas de anjo estilo Victoria's Secret. Enquanto isso, mais estranhos em equipamentos de fetiche massageiam e seduzem Neal e seus amigos na área VIP. É o tipo de coisa que pode ter parecido excitante e chocante quando Eyes Wide Shut saiu em 1999. Agora parece desesperado e óbvio. Logo, Jason está sendo levado a uma sala dos fundos, onde o dono do clube - um brincalhão, cacarejando Pierce Brosnan , listado nos créditos apenas como The Man - oferece muita tagarelice filosófica antes de explicar exatamente o que a droga é que todo mundo está tomando neste lugar. Chama-se Urge, diz ele, e ele afirma que permite que os usuários se tornem uma versão pura de si mesmos. Jason é bem-vindo para compartilhar com seus amigos ansiosos. Mas! Há uma pegadinha. Você só pode fazer Urge uma vez na sua vida. Estranhamente, esse inalante azul-cobalto não faz nada para Jason. Mas todos os seus amigos têm o tempo de suas vidas, deixando de lado toda a sua inibição - o que, naturalmente, os leva a ignorar o aviso único e tentar reviver a magia na noite seguinte. Mas enquanto a primeira rodada foi sexy, divertida e libertadora, a segunda rodada os deixa irritados, paranóicos e violentos. E não é só Neil e seus amigos. É todo mundo em toda a ilha. A deterioração da sociedade vem rapidamente e toma várias formas, de um amigo no grupo (Ashley Knapp) pulando no balcão da cozinha com um bolo inteiro para sexo violento que dá errado para os convidados da festa se esmurrarem para rir. Toda essa brutalidade e promiscuidade é surpreendentemente chata, no entanto. Esses personagens já eram pessoas tão horríveis que não têm muito mais a perder - e as eventuais epifanias que pelo menos alguns deles experimentam são vazios quando seu playground arenoso se transforma em um deserto sangrento. Também é difícil discernir o ponto de Kaufman. “Urge - Droga Mortal” é um conto preventivo sobre o que acontece quando você consegue o que quer o tempo todo? Personagens de apoio que são malucos de treino ou viciados em Botox encontram seus objetivos de maneira espetacularmente sangrenta enquanto tentam esfregar as coisas que eles odeiam em si mesmos (o que é sem querer hilário). Kaufman está esclarecendo a loucura de nossa vaidade? Talvez ele esteja fazendo uma declaração sobre como seres humanos maleáveis e inseguros tendem a ser. Brosnan é claramente uma figura de Satã com seu vestido bronzeado e elegante, citando Milton em uma lanchonete na fria e dura luz do dia. Ele pelo menos parece estar se divertindo aqui em uma rara chance de interpretar um vilão puro. (Essa cena de jantar, a propósito, é um excelente exemplo da habilidade artística do filme com seus feixes de luzes noirianas através das persianas. É elegante mesmo quando fica feio.) Talvez Kaufman esteja apenas tentando ter seu bolo - e rolar nele - e comê-lo também." (Christy Lemire)
Sculptor Media Green-Light International Blackmrkt Europictures WeatherVane Productions
Diretor: Aaron Kaufman
6.914 users / 1455 face
4.448 Up 105
Date 18/07/2018 Poster - # - DirectorRodrigo GarcíaStarsEwan McGregorCiarán HindsTye SheridanAn imagined chapter from Jesus' forty days of fasting and praying in the desert. On his way out of the wilderness, Jesus struggles with the Devil over the fate of a family in crisis.[Mov 04 IMDB 5,6/10] {Video/@@} M/67
ÚLTIMOS DIAS NO DESERTO
(Last Days in the Desert, 2015)
TAG RODRIGO GARCIA
{esquecível}Sinopse ''Livremente baseado no Velho Testamento, Jesus Cristo viaja sozinho pelo deserto durante 40 dias de jejum e oração. Nessa jornada, ele enfrenta a personificação do Diabo, que põe em dúvida o amor de Deus, em um drámatico teste de sua fé.''
''Em meio à onda de filmes religiosos, na qual o encanto do mito foi substituído pelo sermão, "Últimos Dias no Deserto" aparece como um oásis no meio do Saara. O longa recria com liberdade o período de 40 dias em que Jesus ficou fora do mundo. Afastado, ficou, primeiro, exposto às indagações. O diabo também aproveitou a brecha para tentar o adversário. O episódio é sempre reconstituído nas centenas de filmes sobre a paixão de Cristo, mas costuma ser tratado de modo anedótico, sem dar tempo de trazer à tona o questionamento espiritual que a solidão e o encontro com a figura negativa do demônio provocam. O roteiro de Rodrigo García, que também dirige "Últimos Dias no Deserto", não tem a preocupação de ser fiel aos relatos evangélicos. Contudo, para evitar reações de intolerância, como as provocadas por A Última Tentação de Cristo, aborda o tema da humanidade do filho de Deus sem ousar representar o desejo como aspecto determinante da condição humana. Isso não impede o diretor de especular sobre a ambivalência do divino no homem, do mesmo modo que examinou a complexidade das personas sexuais com sobriedade em Albert Nobbs. Aqui, Jesus (Ewan McGregor) vaga numa paisagem incerta, o que só intensifica a dúvida acerca de quem ele é e de qual deve ser sua missão. O diabo surge a primeira vez na forma de uma mulher, aparição que pode ser maquinada pelo mal ou projeção fantasmagórica produzida pelo estado de solidão. Quando encontra uma família que vive por ali, as tentações assumem a forma de duplos, provocações que também não se distinguem dos devaneios e dos sonhos. García acompanha esse périplo de indeterminações com segurança, retratando Jesus não como uma divindade suprema, mas como um homem em busca de si. A temática do corpo, em vez de resumir-se ao suplício na cruz, apresenta-se na sede e no esforço físico, assim como nas situações de doença e de morte que o personagem tem de enfrentar. O embate de vontades entre o filho e o pai da família que vive no deserto é outro conflito, que simboliza, de uma perspectiva problemática, a relação de Jesus e Deus. Ao reinterpretar o episódio bíblico, "Últimos Dias no Deserto" recupera para o cinema a função da imaginação, tão essencial ao sentimento religioso quanto a própria fé." (Cassio Starling Carlos)
Mockingbird Pictures Division Films Ironwood Entertainment Aspiration Entertainment American Zoetrope
Diretor: Rodrigo García
2.980 users / 751 face
20 Metacritic
Date 16/09/2018 Poster - #### - DirectorNicole GarciaStarsMarion CotillardLouis GarrelAlex BrendemühlIn 1950s France, Gabrielle is a passionate, free-spirited woman who is in a loveless marriage and falls for another man when she is sent away to the Alps to treat her kidney stones. Gabrielle yearns to free herself and run away with André.
- DirectorJohnny MartinStarsNicolas CageAnna HutchisonTalitha Eliana BatemanOne vigilante policeman comes to the aid of a single mother seeking to bring her rapists to justice.[Mov 03 IMDB 5,3/10] {Video/@
UMA HISTORIA DE VINGANÇA
(Vengeance: A Love Story)
TAG JOHNNY MARTIN
{esquecível}Sinopse ''Uma mãe solteira foi vítima de um crime brutal: um estupro coletivo. Ela foi deixada pelos criminosos em uma garagem de barcos para morrer. A única testemunha do crime, sua filha, foi desacreditada no julgamento, e vai ter que contar com a ajuda de um policial veterano da Guerra do Golfo para tentar fazer justiça pela mãe.''
''O detetive da polícia das Cataratas do Niágara e o veterano da guerra no Iraque John Dromoor (Nicolas Cage, The Rock) é flagrado por uma menina de 12 anos depois de testemunhar sua mãe, Teena, sendo brutalmente atacada e deixada para morrer por um grupo de homens locais. Quando os homens são capturados, seus pais contratam o esperto advogado de defesa criminal Jay Kirkpatrick, (Don Johnson, Django Unchained ), que coloca o foco na credibilidade de Teena, com base em sua sobriedade e promiscuidade. Surpreendentemente, seus agressores são exonerados e libertados, mesmo que o testemunho da filha deva ter sido suficiente para uma certa convicção. Após o veredicto, Dromoor cresce cada vez mais perto da vítima e de sua família, que ele descobre que estão sendo provocados e perseguidos pelos homens libertos. A injustiça se torna demais para ele tomar e, alimentado por uma sensação de vingança e seus próprios demônios pessoais, Dromoor inicia uma campanha solitária para distribuir a justiça que os homens merecem. Quão provocativamente uma mulher pode se comportar antes de pedir para ser agredida sexualmente? Até que ponto, antes que qualquer agressão que ela receba se torne sua culpa, e não a de seus agressores? A resposta é, é claro, que NÃO há distância que uma mulher possa percorrer antes que ela mereça ser estuprada, mas essas são as perguntas que estão sendo colocadas ao bom povo de Niagara Falls, NY, neste novo filme do diretor Johnny Martin ( Delirium ) Baseado na novela de 2003 Rape: A Love Story, de Joyce Carol Oates, Vengeance: A Love Storyjoga de várias maneiras, como um thriller de TV dos anos oitenta / noventa. Esse sentimento é sem dúvida aumentado pelas reviravoltas de Don Johnson no modo pavão como o defensor Jay Kirkpatrick e de (felizmente) Nicolas Cage (felizmente) amplamente restringido como John Dromoor, o detetive determinado a fazer justiça quando a lei não o fizer. As verdadeiras estrelas aqui são Anna Hutchison (A Cabana na Floresta ) como Teena, a vítima do ataque, e Talitha Bateman ( A 5ª Onda ) como Bethie, a garota que testemunhou todo o ataque à mãe. Eu esperava me encontrar referindo-me à senhorita Bateman como recém-chegada, mas esta é sua décima quinta foto e, dada a capacidade dela em exibição aqui, eu realmente não deveria ter ficado surpresa. Além do estupro em si, que é brutal, mas misericordiosamente breve, ''Uma História de Vingança'' é muitas vezes uma observação difícil, desde as várias cenas da jovem Bethie sendo atormentada em sua pequena cidade pelos amigos e parentes dos estupradores, até as cenas da corte em que Teena é feita em pedaços novamente de uma maneira completamente diferente, mas dificilmente menos desumana. Infelizmente, as coisas degeneram em um território mais típico de Nicolas Cage mais tarde, mas, sendo esse um assunto direto para o vídeo, sempre esteve presente." (BRWC)
Patriot Pictures Hannibal Classics Justice Everywhere Productions Martini Films Saturn Films
Diretor: Johnny Martin
6.118 users / 5.485 faceSoundtrack Rock Otis Redding
Date 14/11/2018 Poster - # - DirectorErik PoppeStarsAndrea BerntzenAleksander HolmenSolveig Koløen BirkelandA teenage girl struggles to survive and to find her younger sister during the July 2011 terrorist mass murder at a political summer camp on the Norwegian island of Utøya.[Mov 08 IMDB 7,3/10] {Video/@@@} M/75
UTOYA 22 DE JULHO - TERRORISMO NA NORUEGA
(Utøya 22. juli, 2018)
TAG ERIK POPPE
{dramático}Sinopse ''No pior dia da história norueguesa moderna, Kaja (Andrea Berntzen) se diverte com sua irmã mais nova Emilie (Elli Rhiannon Müller Osbourne), doze minutos antes da primeira bomba chegar ao acampamento de verão na ilha Utøya. Foi o segundo ataque terrorista de Anders Behring Breivik, em menos de duas horas, e matou 69 pessoas. Kaja representa o pânico, medo e desespero dos 500 jovens enquanto busca sua irmã na floresta.''
''Imagine um videogame em que se pode entrar na pele de um adolescente, correndo em desespero por uma ilhota enquanto um terrorista de extrema direita dispara ao léu com seu rifle. Na mais mal-humorada das avaliações, é a isso que se resume o filme “Utøya - 22 de Julho”, dirigido pelo norueguês Erik Poppe. Conhecido por obras mais palatáveis, como Mil Vezes Boa Noite, o diretor cavoucou o maior trauma da história recente de seu país: o atentado que dizimou 69 pessoas, a maioria jovens, durante um acampamento de verão, em 2011. O filme é um dos destaques da Mostra de São Paulo e estreará no circuito comercial do país em 29 de novembro. Para recriar o massacre, Poppe reproduziu os exatos 72 minutos do ataque num falso plano-sequência, isto é, criando a ilusão de que não há nenhum corte de cena. A câmera, circulando entre os garotos que são abatidos, incrementa a sensação de se estar dentro da ilha norueguesa de Utøya no dia do crime. Os sobreviventes frisavam o tempo que tudo aquilo durou. Eu tinha que tornar o tempo um personagem, diz o diretor a um grupo de cinco jornalistas, no último Festival de Berlim, em fevereiro. A história do filme começa no exato instante em que os adolescentes acampados recebem as primeiras notícias de que houve um atentado em Oslo. Desencontradas, as informações quebram ao clima de confraternização. De fato, antes de rumar para a ilha, o terrorista Anders Behring Breivik detonou uma explosão na sede do governo norueguês. Depois, disfarçado de policial, dirigiu 40 km até Utøya, onde ocorria um encontro da juventude do partido trabalhista. Opositor do marxismo, do islamismo e do feminismo, ele dizia lutar contra o que chamava de um suicídio cultural da Europa. Hoje, ele cumpre sua pena e estuda, a distância, ciência política na Universidade de Oslo - sua matrícula gerou todo um quiproquó no país nórdico. O que ele fez não foi um ato só contra jovens, foi um ato contra a democracia. Ele rumou para a ilha matar a futura geração de líderes políticos da Noruega, diz o diretor. Crente de que “muita atenção já havia sido dada àquele cara”, Poppe optou por mostrar sempre como um vulto e focar só o desespero das vítimas. A trama, um fiapo narrativo carregado de tiros, gritos e correria, acompanha Kaja, uma garota de 18 anos que é seguida pela câmera. Ao ouvir os primeiros disparos em Utøya, ela corre entre as barracas à procura da irmã, depara-se com meninos amedrontados no galpão, tropeça em cadáveres na floresta, se esconde entre as rochas etc. O filme se esmera, se prende a todo o tipo de detalhes para reproduzir o morticínio: o exato som dos disparos, os lugares em que se esconderam, as canções que entoavam... Meu objetivo era recriar exatamente o que se passou. Não podia ser nada mais nem menos dramático do que foi. Para isso, Poppe contou não apenas com os depoimentos dos sobreviventes, mas fez também com que alguns estivessem no set. Segundo ele, não foi difícil contar com a colaboração dos jovens, apesar do trauma que carregam. Uns estavam falando daquilo pela primeira vez, diz. Outros tinham ficado muito tempo sem abrir a boca a respeito porque sentiam que nenhum ouvinte podia entendê-los. Da mãe de uma garota morta no atentado, o cineasta disse ter recebido o conselho para não atenuar o horror. Não transforme a minha dor em uma mensagem de esperança”, ela teria dito ao diretor. Há muitos noruegueses que não mencionam o nome de Breivik, e os sobreviventes odeiam isso. Acham que esse comportamento o transforma numa figura, e não no homem que ele é”, afirma. “Não tenho medo nenhum de que meu filme chame atenção para ele. O longa de Poppe chega aos cinemas bem próximo do lançamento de “22 de Julho”, thriller do britânico Paul Greengrass que aborda o mesmo assunto e que entrou na plataforma da Netflix neste mês. Enquanto o título norueguês se resume na reprodução do ataque na ilha, o cineasta britânico encara um trabalho mais abrangente. Ali, o morticínio em Utøya ocupa não mais do que 20 minutos num longa que se presta mais a retratar os desdobramentos do ataque e a esmiuçar as falas e ações de Breivik.
É até mais justificável que a Netflix tenha optado pelo filme de Greengrass, e não pelo de Poppe, para incluir em sua grade. O primeiro propõe uma narrativa, um contexto; o outro reproduz um pandemônio com estripulias técnicas." (Guilherme Genestreti)
''Já tem dono o título de filme mais brutal da atual edição do Festival de Berlim – e provavelmente de todo o calendário. É o norueguês “Utøya 22.Juli”, que, a partir de uma montagem sem cortes, recria os 72 minutos em que estudantes do país estiveram encurralados, na mira do atirador de extrema-direita Anders Behring Breivik, em 2011. O diretor Erik Poppe não mostra o atirador. Prefere acompanhar, com uma câmera na mão, o desespero e a matança dos jovens acampados na ilha de Utøya. Os onipresentes sons de disparo e a correria das vítimas ao redor incrementam o terror psicológico num intento que é muito claro: fazer o espectador se sentir dentro do cenário da matança. O resultado é perturbador. Na Europa de hoje, com o neofascismo crescendo, eu tinha que lembrar as pessoas do que aconteceu naquele lugar, disse Poppe em conversa com a imprensa após a sessão. “E queria mostrar que por 72 minutos aqueles jovens estiveram sozinhos. É nesse cenário que encontramos Kaja (Andrea Berntzen), garota de 18 anos inspirada, como os demais personagens, nas vítimas reais do atentado. Os 12 minutos iniciais da obra desenvolvem um pouco sua relação com a irmã e com os demais amigos acampados na ilha. Depois, irrompe o pandemônio. Um grupo surge correndo, fugindo dos tiros. Sem entender ainda o que houve, a garota se refugia. Depois foge, sai correndo, se esconde entre feridos, topa com cadáveres, encontra outros que, como ela, não sabem por que estão sendo massacrados… Numa das cenas, uma garota que acabou de morrer revele a ligação da mãe no celular; noutra, um menino em pânico não consegue se mexer para fugir. Na sessão para jornalistas, era incessante o barulho de pessoas se movimentando nas poltronas, desconfortáveis com o retrato. A ideia era representar aquilo muito próximo do que ocorreu. Mas os personagens são fictícios por questões éticas, para que os parentes não tivessem que reviver o que ocorreu a seus filhos, disse o diretor, que contou com sobreviventes no set para ajudá-lo a recriar o ataque. Três desses sobreviventes viajaram a Berlim para a estreia do filme e foram aplaudidos. “É impossível contar o que houve”, disse uma das jovens. Só consigo descrever aquilo com alguma distância. Acho que o filme mostra o que pode levar o extremismo da direita. Foram meses de preparação, segundo Poppe, para coreografar exatamente a movimentação dos personagens durante o atentado. E apenas um take foi feito por dia, porque a exaustão emocional era enorme depois”, disse o diretor. No páreo pelo Urso de Ouro, o longa tem a seu favor o fuzuê gerado numa competição que não prima exatamente por ser memorável, como a desta edição do festival. Também conta a seu favor o fato de ser um statement contra a ascensão da extrema-direita, assunto quente na Europa e que ganha ouvidos numa mostra tão politizada como a Berlinale. Mas a obra também impressiona os mais sensíveis. E não se sabe como o júri capitaneado pelo diretor alemão Tom Tykwer vai encarar um filme tão motivado a provocar choque." (Guilherme Genestretti)
''A tragédia de 2011 na Noruega, quando um extremista de direita fuzilou 69 jovens na ilha de Utoya, inspirou o cineasta norueguês Erik Poppe a se lançar em um projeto ambicioso. Quis mostrar o horror da chacina como se filmada em tempo real, em um só plano-sequência (uma tomada única, sem cortes). “Utoya – 22 de Julho” insere o espectador entre os jovens pacifistas acampados na ilha, surpreendidos com disparos repentinos em sua direção. O foco é em Kaja, personagem fictícia inspirada em depoimentos reais. Quando não está em busca da irmã sumida, ela ajuda feridos e tenta salvar a própria pele. O longa jamais mostra o criminoso atirando; apenas ouvem-se os tiros. E, claro, os gritos desesperados dos adolescentes, enquanto correm e tentam se esconder. Na primeira metade, o filme é assombroso: de fato faz o espectador participar daquela experiência. Os takes foram claramente ensaiados, até coreografados, mas ainda assim o filme tem um ar de calor do momento, como se tivesse sido filmado por alguém da ilha. Mas após certo tempo, o público recobra o fôlego. Readquire, também, uma certa distância do que vê, além da capacidade de raciocínio desapegado de emoção. O que é fatal. Começa-se, por exemplo, a achar Kaja excessivamente heroica. Mas o problema da personagem não é de verossimilhança, é de identificação. Ela é tão sobre-humana que o público deixa de se ver refletido nela - e em vez de vítima ou mártir, torna-se uma chata. O espectador começa também a exigir algo mais que adrenalina. A retórica de Poppe, claro, é a de que seu filme é um alerta para o quanto ideias extremistas podem causar situações terríveis. Mas “Utoya” tem muito mais afinidade com os chamados “filmes-catástrofe” - em que grandes tragédias deixam os personagens à beira da morte - do que com obras de fato reflexivas ou políticas. Paul Greengrass já tinha falhado em sua tentativa de mostrar o episódio, em 22 de Julho. Mas, ao menos, ele tentava explicar o que leva um jovem a cometer uma chacina. Já o filme de Poppe, no máximo, faz pensar sobre o quanto filmes em plano-sequência podem ter limitações." (Bruno Guetti)
1918 Urso de Ouro
Paradox Film 7 Paradox MEDIA Programme of the European Union Nordisk Film- & TV-Fond Norsk Filminstitutt
Diretor: Erik Poppe
9.730 users / 8701 face
6 Metacritc
Date 31/12/2019 Poster - ######
- DirectorJoseph KaneStarsJohn WayneAnn DvorakJoseph SchildkrautA cowboy competes with a gambling tycoon on the Barbary Coast for the hand of a beautiful dance-hall queen.[Mov 05 IMDB 6,3/10] {Video/}
UM DIA VOLTAREI
(Flame of Barbary Coast, 1945)
TAG JOSEPH KANE
{nostálgico}Sinopse ''O cowboy de Montana, Duke Fergus, viaja para 1906 em São Francisco para cobrar uma dívida de Tito Morell, que administra um lugar na desonesta costa da Barbary. Embora ele volte para casa depois de perder o dinheiro com o jogo de cartas de Morell, Duke faz um curso intensivo sobre jogo de cartas e retorna com todas as suas economias prontas para enfrentar Morell e começar seu próprio lugar. Muito disso se deve à mulher de Morell, Flaxen, pela qual Duke se apaixonou. A terra pode em breve estar se movendo para ele de maneiras bastante dramáticas.''
''Em 1935, John Wayne estrelou o primeiro filme produzido pela República. Era normal que, pelo décimo aniversário do estúdio, apelássemos mais uma vez à casa das estrelas. Herbert J. Yates confia as rédeas desta produção a Joseph Kane, veterano dos westerns com Roy Rogers, acostumado ao gênero e que já dirigiu mais de 75 filmes da série para a empresa. Não acostumado a gerenciar tantos recursos e mais de 15 dias de filmagem de uma só vez, ele conseguiu montar esse prestigiado trabalho. O diretor se beneficiará de um orçamento de 600.000 dólares e do talento dos melhores artesãos do estúdio, em especial os especialistas em efeitos especiais Howard e Theodore Lydecker que recriam realisticamente o famoso terremoto sem, no entanto, alcançar o poder da mesma cena. O filme é um sucesso amplamente rentável, que se torna o emblema do sucesso da República. O que resta dela hoje? Quase nada, uma vez que o filme não é considerado mais do que a maioria dos filmes em série da empresa de Aigle. Não merece ser mais, porque provavelmente será capaz de proporcionar prazer apenas aos fãs ferozes de John Wayne ou westerns. De fato, como podemos acreditar que o autor desse cenário desprovido de originalidade é Borden Chase, o mesmo que, três anos depois, assinará o de The Red River by Hawks e será associado às obras-primas depois Anthony Mann / James Stewart? Mas, comparado ao seu cenário sombrio do Marine Alert no ano anterior, felizmente detectamos um certo progresso. E, no entanto, a primeira imagem a ver John Wayne, descalça na areia, tentando ricochetear no oceano era intrigante e eminentemente simpática. E, no entanto, a primeira cena muito espiritual entre John Wayne e Ann Dvorak poderia sugerir um filme saboroso. No entanto, algumas anotações históricas e políticas sobre a administração de uma cidade no início do século foram interessantes. E, no entanto, tivemos a sorte de poder admirar o belo rosto de Virginia Gray. E, no entanto, o duque estava muito confortável neste papel de jogador amoroso e Ann Dvorak bastante picante. Bem, então, do que estamos reclamando? Apesar da indigência da encenação, do peso do humor, de um cenário muito rotineiro e de uma música bastante insuportável, sem tentar ser difícil, ainda há elementos suficientes para que um pequeno número de nós encontre algo para esse espetáculo que não é tão desagradável. Você apenas tem que se preparar bem!'' (Erick Maurel)
18*1945 Oscar
Republic Pictures
Diretor: Joseph Kane
1.193 users /345 face
Date 03/01/2020 Poster - #### - DirectorRobert GuédiguianStarsSimon AbkarianAriane AscarideGrégoire Leprince-RinguetIn the 80s, Aram, a young man from Marseille of Armenian origin, blows up the Turkish ambassador's car in Paris. Gilles Tessier, a young cyclist who was passing at that moment, is seriously injured. Aram, on the run, joins the Armenian Liberation Army in Beirut, the hotbed of international revolution in those years. Gilles is trying to understand when Anouch, Aram's mother, arrives in his hospital room to beg his forgiveness. She admits that her son planted the bomb. Aram clashes with his comrades in Beirut and decides to meet his victim to make him his spokesman.[Mov 04 IMDB 6,7/10] {Video/@@@}
UMA HISTÓRIA DE LOUCURA
(Une histoire de fou, 2015)
TAG ROBERT GUÉDIGUIAN
{cansativo}Sinopse ''A história centra-se em Aram, um rapaz de Marselha, de origem armênia, que explode o carro do embaixador turco em Paris. Um jovem ciclista que estava por perto fica gravemente ferido. Enquanto ele tenta entender o que aconteceu, a mãe de Aram entra em seu quarto de hospital e pede perdão.''
****
''Como abordar um acontecimento monstruoso, como o massacre da população armênia pelos turcos, em 1915? Os números estimados são variáveis como os métodos de extermínio. Estima-se ao menos um milhão de mortos. Em "Uma História de Loucura", Robert Guédiguian, cineasta francês de origem armênia, opta por tratar o assunto da melhor maneira: elidindo-o. Seu filme começa em 1921, quando o jovem Soghomon Tehlirian, sobrevivente do genocídio, executa Talat Paxá, ex-ministro turco, estrategista da série de atos criminosos, e que se refugiara na Alemanha no pós-guerra. Tehlirian é inocentado e se torna herói do povo armênio. Esse é o prólogo. A história propriamente dita se passa no momento em que a Armênia tornou-se uma república soviética e em que inúmeros movimentos (o MLP de Arafat à frente) lutam, pelas armas, para reaver os territórios que política, história ou acasos lhes tiraram. É em torno de uma luta de libertação nacional, portanto, que se dará o filme. Mas nada tão simples assim. Tudo começa com uma família armênia exilada na França, país a que o pai pretende integrar-se. O jovem Aram se integra à guerrilha armênia e fica marcado pelo primeiro atentado que pratica: o assassinato do embaixador turco em Paris, durante o qual fere gravemente um rapaz que não tinha nada a ver com a história. Daí decorrem os dois eixos que o filme seguirá: o pessoal, fundado nos conflitos pessoais de Aram (políticos e afetivos) e o coletivo, referente ao caminho dos guerrilheiros. Aí o caldo da história engrossa. Ao trazer a guerrilha à cena, ao explicitar os conflitos que ali acontecem e a maneira como ecoam em Aram, o filme dá um salto arrojado. Passamos do conceito de "guerrilha", tão popular na época, ao de terrorismo, tão inflado, hoje, pelos governos nacionais do mundo todo. Sem deixar a Armênia de lado, o filme se torna muito atual (e universal). E as questões de loucura que coloca a seu espectador são: quando começa o terror? Ou, o que ele é de fato? A essas transições um tanto relegadas ao território da publicidade bélica, como conceitos que se termina por aceitar sem maiores discussões, o filme também se dedicará. Com isso, não apenas releva a batalha entre razão e afetos envolvida em todos os aspectos da questão armênia, como atualiza o problema de movimentos de libertação que, com o tempo, descambam para a violência indiscriminada. Apenas como informação: a Armênia foi restabelecida como nação independente após o fim da URSS e a avó de Aram teve as cinzas levadas ao país. Talvez seja um desses momentos em que o filme fraqueja e se deixa arrastar por dispensável sentimentalismo. Muito pouco para abalar uma concepção tão inteligente e uma realização tão eficaz.'' (* Inácio Araujo *)
Agat Films & Cie Canal+ France Télévisions Ciné+ France 3 Cinéma Alvy Productions La Banque Postale Image 7 Indéfilms 3 SofiTVciné 2 La Région Île-de-France Région Provence-Alpes-Côte d'Azur Centre National du Cinéma et de l'Image Animée La Banque Postale Image 8 Orjouane Productions
Diretor: Robert Guédiguian
502 uaers / 462 face
Date 29/03/2020 Poster - ### - DirectorWoody AllenStarsTimothée ChalametElle FanningLiev SchreiberA young couple arrives in New York for a weekend where they are met with bad weather and a series of adventures.[Mov 09 IMDB 6,6/10] {Video/@@@@@} M/44
UM DIA DE CHUVA EM NOVA YORK
(A Rainy Day in New York, 2019)
TAG WOODY ALLEN
{simpático / divertido}Sinopse ''Apaixonado por Nova York, Gatsby (Timothée Chalamet) decide passar um fim de semana na cidade ao lado de Ashleigh (Elle Fanning), sua namorada. No entanto, aquilo que era pra ser uma aventura romântica acaba tomando um rumo inesperado. Aspirante a jornalista, Ashleigh conhece o diretor de cinema Roland Pollard (Liev Schreiber), que a convida para a exibição de seu mais recente trabalho. Gatsby, por sua vez, encontra Chan (Selena Gomez), a irmã mais nova de sua ex-namorada, com quem passa o restante da viagem. Um dia de chuva em Nova York será o suficiente para fazer com que Ashleigh redescubra suas verdadeiras paixões e Gatsby aprenda que só se vive uma vez - mas que é o suficiente se for ao lado da pessoa certa.''
{Só se vive uma vez. Uma vez é o suficiente com a pessoa certa} (ESKS)
''Woody Allen, no piloto-automático, em ritmo de aposentadoria. Bonitinho, básico e inofensivo.'' (Léo Félix)
''Nova comédia romântica dirigida por Woody Allen se passa em uma das cidades mais emblemáticas para o diretor. Para nós, não deixa de despertar certo saudosismo e expectativa. Tem as costumeiras boas sacadas, humor e verborragia intelectual num compilado de desencantos.'' (Marcelo Leme)
''Costuma-se dizer que mesmo um filme ruim de Woody Allen é melhor que a média. Infelizmente, o caso não se aplica aqui. 'Um Dia de Chuva em Nova York' é aborrecido, raso e com ideias requentadas, sem uma linha da originalidade que sempre caracterizou o cineasta. Poucas vezes Allen esteve tão sem inspiração quanto neste filme.'' (Silvio Pilau)
''Vários personagens aborrecidos falando de suas desventuras aborrecidas. É uma das obras mais fracas de Allen em anos recentes (e, talvez, em sua carreira). O excesso de blá-blá-blá, desta vez, beira o insuportável em alguns momentos, e o romancezinho forçado com Selena Gomez é difícil de convencer. Ainda há algumas cenas com bom timing cômico que salvam a obra.'' (Alexandre Koball )
''É um bom filme, sem dúvidas, mas não dá pra dizer que a grande maioria das ideias de Allen estão reaproveitadas aqui. Ainda assim, acha espaço para nos apresentar três tipos de relações e isso foi muito legal.'' (Rodrigo Cunha )
''Allen pode ter passado a maior parte de seus trabalhos das últimas décadas passeando pelo mundo, mas é fato que ele só se encontra de verdade quando filma em Nova York, onde seu lado romântico encontra um balanço perfeito com seu lado cínico e desiludido. Falar de Manhattan já se trata de um exercício de autorretrato para Woody Allen.'' (Heitor Romero )
***** ''Sabemos quanto, em Woody Allen, os sentimentos são voláteis. Sabemos como as jovens são capazes de se deixar levar por homens mais velhos, se possível um tanto sábios, bonitões e charmosos. Parece que desta vez não será assim com Ashleigh Enright, garota rica e caipira, namorada de seu colega de faculdade, Gatsby (Timothée Chalamet), com quem vai passar um fim de semana em Nova York, onde entrevistará um famoso diretor de cinema. Em "Um Dia de Chuva em Nova York", Gatsby é nova-iorquino e com Ashleigh forma um casal apaixonado. Independentemente disso, ele pretende impressioná-la com dias cheios de atrações da cidade. Logo, porém, vemos que não será bem assim: a garota se deixa fascinar pelo diretor. E este parece disposto a se aproveitar disso tanto quanto puder. Mas ele não é o único. O dia de Ashleigh parece povoado de homens capazes de deslumbrá-la e fasciná-la. Na verdade, o que a fascina é a fama, antes de tudo: ela faz com que se sinta importante, com aqueles homens lhe dando tanta atenção. O certo é que, inadvertidamente, a garota vai descombinando tudo o que havia combinado com o pequeno Gatsby. Este dedica o tempo vazio a seu esporte favorito, a jogatina (tem imensa sorte ou competência, tanto faz). Quando não, enche a cara de ciúmes, ou se empenha em detestar a mãe autoritária, que fará uma festa à qual ele não pretende comparecer. Também passeia pela cidade e faz figuração no filme que um amigo está rodando - nessa ocasião encontra a irmã mais nova de uma ex-namorada com quem antipatiza de imediato. A rigor, Gatsby experimenta uma tremenda frustração, por conta dos desencontros com Ashleigh e, especialmente, porque seu cuidadoso planejamento desmorona a cada tábua que recebe dela. Em poucas palavras, Woody Allen está no lugar de que mais gosta, Nova York, com os personagens que aprecia, no gênero em que melhor se dá, a comédia romântica, e diante de um tema que sabe desenvolver como poucos: a fragilidade de nossas relações e, sobretudo, de nossos sentimentos. E, no entanto, algo parece falhar: é como se desta vez Woody requentasse temas e personagens que já trabalhou sem lhes acrescentar nada de significativo, a não ser a multiplicação das situações que envolvem os dois protagonistas. Sim, somos volúveis, frágeis, deixamos nos levar por aparências, somos umas ruínas ambulantes, nunca alcançamos o que sonhamos etc. Isso, Woody Allen nos ensinou filme após filme, desde, praticamente, que começou a filmar. Impossível não gostar de reencontrar as mesmas angústias e o mesmo humor. Impossível não se decepcionar por essa variante oferecer tão pouca variação. Não importa que seja um tanto requentado: Woody sempre encontra, aqui e ali, atalhos para nos divertir. No entanto, é sempre a mesma menina fascinada, os mesmos homens sedutores, o mesmo namorado perdido. O elemento realmente original deste novo Woody Allen é a figura da detestada mãe. É ela que, entrando apenas no final, amarra todo o resto e dá nova face ao conhecido ceticismo do cineasta em relação à espécie humana: somos seres do acaso, que parece dirigir nossos descaminhos. Mas desse desenvolto acaso faz parte até nossa herança genética.'' (* Inácio Araujo *)
Manhattan reimaginada.
''Nós conhecemos muito bem Manhattan segundo Woody Allen. Poucos diretores produziram um arquivo tão significativo sobre esse lugar quanto ele. É preciso reafirmar, no entanto, que estamos falando de Manhattan, não do Brooklyn de Martin Scorsese e Spike Lee, nem do mais televisivo Queens. Há uma geografia de classe que é muito específica a esse distrito, uma que agencia também questões relativas a religião, raça, gênero, ao espectro político, à formação acadêmica, muito do que podemos reconhecer nos conflitos dos filmes de Allen. Um Dia de Chuva em Nova York (A Rainy Day in New York, 2019), assim, adequa-se totalmente a essa ideia de Manhattan que vemos com frequência na filmografia do cineasta. Em certo sentido, esse é um lugar dos longos vestidos requintados que escorrem até o chão em uma festa de gala, das telas expostas no Museu Metropolitano, dos revestimentos dos atraentes sofás dos apartamentos habitados pela elite. A Manhattan de Allen tem um tecido e uma textura. Há um plano no filme em que Cherry Jones, que interpreta a mãe de Gatsby (Timothée Chalamet), está sentada diante do filho em um salão à parte ao fim de sua festa beneficente. A imagem é composta com muita pompa – a cenografia por trás da atriz é tão esplendorosa quanto a sua roupa –, mas o seu relato ressignifica essa bela superfície. É uma qualidade muito rara do cinema essa capacidade de construir uma beleza que nos confronta: que não contemplamos, mas que nos contempla. Um exemplo bruto dessa raridade são os musicais de Jacques Demy – e é algo muito próximo dessa visualidade que aparece aqui. Ao andar pelas ruas da cidade (são os desencontros perpetrados por essas andanças que levam o filme adiante), os personagens estabelecem cada um uma relação muito diferente com os exteriores. Gatsby, o autoditada sombrio, viciado em apostas, tem uma preferência declarada pela chuva; Ashleigh (Elle Fanning), no entanto, é iluminada de uma forma muito peculiar pelo sol (em alguns momentos, seu cabelo parece mudar de cor); e Chan (Selena Gomez), enfim, parece estar muito à vontade com todas as faces dessa Manhattan por onde circula tão livremente. O texto do filme é muito inteligente no modo como constrói e nos apresenta essa rede da elite nova-yorkina. Este é um ponto em que Allen já foi particularmente primoroso uma vez antes, na Londres de Ponto Final: Match Point (Match Point, 2005), possivelmente a sua maior obra. E é algo também que aparece no trabalho de outro diretor estadunidense, Whit Stillman, realizador do fantástico Metropolitan (Idem, 1990) que me parece ser, para Um Dia de Chuva em Nova York, a referência mais próxima. Todos esses filmes satirizam a elite ao mesmo tempo que se engajam com suas formas, repertórios, performances, sonoridades e visualidades. Há todo um imaginário do cinema estadunidense que é difícil de se evitar quando nos engajamos com esse repertório. É muito fácil irmos do quarto de hotel que o casal Gatsby (o seu nome não é, afinal, nada sutil) e Ashleigh dividem brevemente para os salões, clubes e cruzeiros onde se davam os suntuosos números de dança dos musicais de Fred Astaire e Ginger Rodgers. Os filmes de George Cukor também aparecem ali em um lugar próximo; penso principalmente nas idas e vindas dos privilegiados personagens de Cary Grant e Katharine Hepburn circulando infinitamente a mansão moderna e suntuosa de Boêmio Encantador (Holiday, 1938). Há semelhança na opulência, mas o que Um Dia de Chuva em Nova York coloca em cena vai além disso. Trata-se de pensar a comédia romântica tanto como uma forma cinematográfica quanto como um modo de dirigir o olhar às relações de classe. Poucos filmes recentes de Allen foram tão precisos em suas reflexões. Nas caminhadas por Nova York, sob a chuva ou iluminadas pelo sol, algo fica à mostra sobre o cinema e sobre a identidade criada de um lugar. Em um diálogo entre Gatsby e Chan, esta fala que é preciso coragem para criar algo fora da realidade. Ela reafirma aqui essa Manhattan criada, na história do cinema, na melodia de seus pianos; uma Manhattan de artifício, imaginada nas calçadas e nas telas.'' (Cesar Castanha)
Gravier Productions Perdido Productions
Diretor: Woody Allen
21.823 users / 21,111 face
Check-Ins 7 Metacritic 333 Up 127
Date 17/05/2020 Poster - ########## - DirectorJean-Luc GodardStarsBernard NoëlMacha MérilPhilippe LeroyA superifical woman finds conflict choosing between her abusive husband and her vain lover.[Mov 09 IMDB 7,3/10] {Video/@@@@@}
UMA MULHER CASADA
(Une femme mariée: Suite de fragments d'un film tourné en 1964, 1964)
TAG JEAN-LUC GODARD
{inovador}Sinopse ''Filme de fragmentos, são também fragmentos da vida que vemos, numa sucessão de grandes planos, seja do rosto das personagens, seja de partes do seu corpo. Tudo quase sempre emoldurado por um cenário branco, o que parece demonstrar que este é mais do que um filme sobre uma dada mulher. Pelo contrário, é uma reflexão de carácter geral, marcada por uma depuração quase total, a qual é contrabalançada pelo simbolismo dos vários grandes planos.''
{Seja um bom filho enquanto seus pais estejam vivos} (ESKS)
''Esposa de aviador, Charlotte frequenta um ator de teatro nas constantes ausências do marido, mas não sabe qual dos dois escolher. As coisas se complicam quando ela engravida, sem saber quem é o pai. Filmando o triângulo, Godard examina a mercantilização das relações pessoais – sobretudo para a mulher. O roteiro não é exatamente original: Charlotte é uma esposa jovem e atraente, que se apaixona por outro homem e vive com ele um romance. Robert, ator de teatro, quer que ela se divorcie de Pierre, um piloto de aviões que se ausenta bastante de casa a trabalho e tem um filho do primeiro casamento, criado com a ajuda de Charlotte. Ela não consegue se decidir entre o marido e o amante e leva adiante as duas relações, dissimulada e despreocupadamente. As coisas se complicam quando ela se descobre grávida, sem saber qual deles é o pai – conflito que não encontra resolução. Talvez a novidade de Uma mulher casada esteja na maneira como o triângulo amoroso ganha cena, desprovido de drama. O preto e branco da fotografia não cria contrastes expressivos, profundidades ou zonas de sombra: sobre a superfície alva dos lençóis vemos uma sucessão de gestos e movimentos mecanizados e repetitivos – as mãos se procuram, as pernas se entrelaçam, os corpos se aproximam –, em um trabalho de fotografia marcado por uma claridade homogênea que sugere frieza, a despeito da sugestão erótica. Seja com o amante, seja com o marido, o tratamento dado aos momentos de intimidade de Charlotte é o mesmo: os planos iniciais são replicados nos meados da narrativa, substituindo-se apenas o rosto que a beija, a mão que a toca. Assim, em gestos decupados e bem medidos, as cenas de Charlotte com Robert e, posteriormente, dela com o marido Pierre encontram uma curiosa equivalência. O corpo feminino surge fragmentado em uma série de primeiros planos da mão, dos ombros, do joelho, das coxas e do ventre, como um território cuidadosamente mapeado para ser explorado e possuído pelo homem da vez. Estabelece-se, com essa operação, um campo para a relação amorosa que resta parcial, fragmentário, sempre tensionado pelo extracampo. Em contraste com as sequências da intimidade, há as cenas de Charlotte transitando entre espaços familiares: sua casa, o apartamento onde se encontra com o amante, a cidade. Nesses momentos, Godard paga seu tributo ao neorrealismo, valendo-se de planos gerais e planos-sequência em que vemos Charlotte passar pelos lugares, sem necessariamente se fixar em ações específicas. A mulher é aquela que circula: atravessa a loja de departamentos sem comprar nada, passa do quarto à sala de estar e daí à cozinha, desce de um táxi para entrar em outro. Se a maneira como seu corpo foi filmado nas cenas íntimas já fazia dela um objeto – algo que se pode pegar com a mão –, o procedimento de apanhá-la constantemente em circulação reforça a associação entre mulher e mercadoria. A presença massiva da publicidade reforça a sugestão: os anúncios de sutiã e outros produtos femininos compõem os cenários por onde ela passa, invadem as revistas femininas que ela lê e mesmo sua fala é afetada pelo jargão publicitário ao apresentar sua casa ao convidado para jantar. O procedimento, adotado sem sutilezas, sublinha a postura crítica do diretor e não camufla a inspiração marxista: nos escritos de Marx, lemos como mulher e mercadoria são parte do sistema de desejo e consumo que sustenta o capitalismo. Godard mais uma vez busca criar relações entre as representações socioculturais e as estruturas econômicas e políticas – o amor e a sexualidade são – como as guerras às quais o diretor não deixa de fazer referência (no cinema frequentado por Charlotte e Robert, está em cartaz Noite e neblina, de Alain Resnais) – moldados por essas estruturas. Em um filme que recusa o romantismo em favor do distanciamento crítico, o affair de Charlotte e Robert não poderia ter outro desfecho que não a suspeita: na sequência final, ela insiste em perguntar ao amante se ele não está atuando, como em mais uma de suas peças, ao declarar seu amor a ela. Robert nega enfaticamente, mas sua resposta reforça os clichês que se multiplicam no decorrer da narrativa. De fato, a frase que mais ouvimos dos personagens é “eu te amo”, mas sempre pronunciada de modo esvaziado, automatizado, desprovido de emoção, como que tornando oco o significante. A consequência desse reforço dos clichês é a desmistificação do amor, já anunciada na equivalência entre os momentos íntimos com Pierre e Robert, que contraria as expectativas dos triângulos amorosos clássicos, em que o amante é aquele que garante emoções tórridas, enquanto o marido oferece segurança, estabilidade e tédio. Dessa vez, o triângulo é semelhante àquele que Charlotte tenta traçar ao medir a distância entre seus mamilos e a base do pescoço, em busca da simetria corporal perfeita da Vênus de Milo: um triângulo equilátero, perfeitamente simétrico. Ao fazer duas personagens (a própria Charlotte e sua empregada) tropeçarem no termo equilátero, por não saberem seu significado, Godard abre na cena uma chave de análise para sua obra. De amor em amor, na equivalência dos lados do triângulo, os problemas permanecem os mesmos, arraigados em uma estrutura que produz e sustenta, a um só tempo, as propagandas de sutiã e os campos de concentração, o amor e o horror." (Carla Maia)
1964 Lion Veneza
Anouchka Films Orsay Films
Diretor: Jean-Luc Godard
3.091 users / 2.899 face
Check-Ins Movies {1962/1963/1964*}{}
Date 04/05/2020 Poster - ######### - DirectorSteven BrillStarsAdam SandlerPatricia ArquetteHarvey KeitelAfter two of the devil's three sons escape Hell to wreak havoc on Earth, the devil must send his third son, the mild-mannered Nicky, to bring them back before it's too late.